VIVER A VIDA
RENATO ROCHA MIRANDA/TV GLOBO
Taís Araujo em Viver a Vida (2009); ela foi primeira Helena negra nas novelas de Manoel Carlos
Há 13 anos, Viver a Vida (2009) terminava na faixa das oito da Globo com a primeira Helena negra das novelas de Manoel Carlos. Coube a Taís Araujo a missão de interpretar a protagonista, só que o que parecia ser um sonho acabou virando pesadelo na vida da atriz. Ela chegou a acreditar que era o fim de sua carreira, mas conseguiu virar o jogo e aprender com o fracasso: "A culpa não foi minha. Ou não foi exclusivamente minha".
À época, a artista havia lido uma entrevista do autor no jornal O Dia falando que sua próxima Helena poderia ser vivida por uma atriz negra. Taís decidiu ligar para Manoel Carlos e se oferecer para o papel. Ela conseguiu convencer o escritor e conquistou o posto de protagonista.
Na trama, Helena era uma top model que decidia largar a profissão no auge para se casar com Marcos (José Mayer), empresário do ramo hoteleiro que era 20 anos mais velho que ela. Mas o casal não caiu no gosto do público, que reclamou da falta de química. Só que Taís sofreu com as críticas mais pesadas e acabou perdendo espaço na história.
Foi então que Luciana (Alinne Moraes), filha de Marcos, aos poucos assumiu o protagonismo. Mimada, a jovem ficou tetraplégica após sofrer um grave acidente. A tragédia mudou a forma de a moça enxergar a vida e motivou o término do namoro com o arquiteto Jorge (Mateus Solano). Ela engatou um namoro com o médico Miguel (Mateus Solano), gêmeo do ex, e conquistou a torcida do telespectador.
A "troca" de protagonista e as constantes críticas mexeram com Taís. "Eu lia as páginas do roteiro sem enxergar nada. Eu não conseguia encontrar a personagem, entrei em desespero", contou em entrevista à revista Piauí.
"Durante essa novela, foi a primeira e única vez na vida que tomei um porre e, no outro dia, não consegui trabalhar", revelou a atriz, que contou apenas com o amparo de Alinne Moraes e Marcelo Valle nos ensaios.
A culpa não foi minha. Ou não foi exclusivamente minha. Eu fui espinafrada e pensava que aquele era o fim da minha carreira. Todo mundo caiu na questão de tratar a personagem como branca, acreditando na democracia racial, de que somos todos iguais. Não é assim na rua, pois o Brasil é racista.
"Ficou inverossímil. O erro ou ingenuidade minha, do Maneco, do Jayme Monjardim e da Globo, é que caímos no mito da democracia racial. Olhamos como se o negro no Brasil tivesse o mesmo trânsito de um branco. Não tem", analisou a artista.
Apesar de tudo, Taís hoje consegue enxergar um lado bom em meio ao caos que viveu: "Com Helena, eu fui parada na rua por mulheres negras agradecendo por estarem se vendo na TV".
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