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PREFEITURA DO RIO

Senador não morreu: Caxias saiu da TV e fez propaganda política após O Rei do Gado

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Carlos Vereza caracterizado como Caxias; ele usa um terno cinza, está barbeado e tem o semblante sério em cena de O Rei do Gado

Carlos Vereza caracterizado como Caxias em O Rei do Gado; ator fez propaganda eleitoral em 1996

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 22/5/2023 - 16h30

Roberto Caxias (Carlos Vereza) morreu na reta final de O Rei do Gado, mas a participação política de seu intérprete não se limitou à novela. Nos últimos anos, Vereza declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL), mas mudou de ideia logo depois. Também nunca se furtou de comentar sobre os deputados e senadores do país, muito menos de declarar seu voto nas campanhas. 

Mas foi durante a exibição do folhetim que ele cometeu um de seus atos mais ousados: o ator surfou na onda de seu personagem para engajar a campanha de Luiz Paulo Conde (1934-2015), do então PFL (Partido da Frente Liberal, que virou o Democratas e, mais tarde, fundiu-se com o Partido Social Liberal e deu origem ao União Brasil) pela prefeitura do Rio de Janeiro.

O ator gravou uma depoimento para a propaganda eleitoral gratuita exibida na TV aberta. Durante dois minutos e 51 segundos, ele elogiou a gestão de César Maia, então prefeito da cidade partidário de Conde. "Só uma pessoa muito preconceituosa negaria que o Rio melhorou muito", disse o ator, que gostava do jeito "calmo" de Conde e achava Sérgio Cabral Filho, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), o concorrente, "muito agressivo". 

Mas o que mais chamou a atenção do eleitorado foi o não dito. "Mas não era Vereza quem falava. Era o personagem da novela com seus trejeitos, suas inflexões e suas pausas estudadas", narrou o colunista Maurício Dias no Jornal do Brasil. Segundo ele,  os tucanos acusaram Conde de tentar um golpe eleitoral.

O senador José Roberto Arruda, então líder do PSDB no Congresso Nacional, até teceu um comentário bem-humorado sobre o tema durante uma passagem pelo Rio: "Quem sabe no capítulo de hoje, o personagem, que na novela é um homem progressista, aproxime a fantasia da realidade e declare seu voto em Sérgio Cabral Filho?", alfinetou ele.

Chico Alencar, do PT (Partido dos Trabalhadores) se meteu no debate e disse que Caxias não votaria em nenhum deles. Benedito Ruy Barbosa nunca se pronunciou sobre o tema, nem confirmou quem seria o candidato de ouro do personagem criado por ele. O fato é que o personagem era progressista, favorável à reforma agrária e militante de outras causas relacionadas à esquerda.

Seja pelo apoio de Caxias ou não, Conde saiu vitorioso daquelas eleições. Ele ficou no cargo até 2001, um bom tempo depois do fim de O Rei do Gado. A essa altura, na novela, não só o senador tinha batido as botas, como também seu melhor amigo, Regino (Jackson Antunes). A cena deve ir ao ar nesta segunda (22) na reprise do Vale a Pena Ver de Novo.

Escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Luís Fernando Carvalho,  a novela rural, exibida originalmente em 1996, conta a saga de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), eterno rival dos Berdinazzi.



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