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O AGRO É POP?

Senador Caxias, MST e PT: Por que O Rei do Gado é ainda mais atual em 2023?

GLOBO/CEDOC

O ator Carlos Vereza como o senador Caxias em cena de O Rei do Gado

Senador Caxias (Carlos Vereza) ajuda a compreender o atual contexto do Brasil em O Rei do Gado

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 9/1/2023 - 6h35

A audiência não é o único indício de que a Globo acertou ao escolher O Rei do Gado para o Vale a Pena Ver de Novo. A reprise até chegou a bater os índices da inédita Cara e Coragem, mas também se mostrou mais atual do que outros folhetins no ar. Especialmente com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder.

Mesmo 26 anos depois da exibição original, o folhetim de Benedito Ruy Barbosa se mostra até mais pertinente do que o remake de Pantanal (2022), que teve medo de falar de política durante a era Bolsonaro. Não à toa, um dos protagonistas da história também teve um dos papéis centrais nas últimas eleições presidenciais --o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O Rei do Gado obviamente tem problemas e limitações, como uma fotografia do próprio tempo, mas chama a atenção a forma como representou a luta pela terra no Brasil. Especialmente ao ser revista em um momento em que figuras como Regino (Jackson Antunes) e Jacira (Ana Beatriz Nogueira) passam a ter representação dentro do parlamento.

O folhetim se torna uma forma de registro de como, em três décadas, o MST se organizou para eleger três deputados federais. Nesse sentido, o senador Caxias (Carlos Vereza) também se destaca.

O personagem de Carlos Vereza representava em 1996 uma certa bandeira de moralidade que também era levantada pela oposição liderada por Lula durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A ponto de dois senadores do PT, Eduardo Suplicy e Benedita da Silva, participarem da novela --durante o enterro do pai de Liliana (Mariana Lima).

Como governo, quase 30 anos depois, o PT parece se encontrar em uma posição quase diametralmente oposta em que precisa se defender de uma série de escândalos de corrupção. O senador, talvez, estivesse do lado de outros partidos em um remake --contudo, jamais dentro do bolsonarismo.

Questão agrária

O Rei do Gado também ajuda o público a pensar em como a questão agrária tomou importância não só econômica, mas também política dentro do país. Se em 1996, Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) já era criticado por ser um fazendeiro "tolerante" demais com os sem-terra, hoje talvez ele fosse chamado até de comunista.

Essa dicotomia da novela, agronegócio e pequeno produtor rural fica ainda mais evidente em um país que reparte a questão em dois ministérios --o da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário. Há obviamente razões técnicas, já que a agricultura familiar produz 70% da comida que chega à mesa dos brasileiros segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A política, no entanto, chama a atenção. O próprio Lula chegou a se referir ao agronegócio como fascista em sabatina no Jornal Nacional, uma vez que o setor foi um dos principais apoiadores da extrema-direita e de Bolsonaro. E, hoje, precisa de jogo de cintura para lidar com o setor que sustenta boa parte do PIB (Produto Interno Bruto).

No fim das contas, O Rei do Gado parece um microcosmo de como as questões do Brasil até ganham novos ares e roupagens, mas tem raízes muito mais profundas --que trintas anos, ou mais, não foram capazes de mudar.


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