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MCU OU RCU?

Record copia a Marvel com universo meia-boca: Ninguém para como Satanás

EDU MORAES/RECORD

A atriz Mayana Moura agachada com um capuz de lã cinza e sujo caracterizada como Satanás em Jesus

Mayana Moura interpreta Satanás em Jesus; atriz será substituída por Igor Rickli em Gênesis

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 24/9/2020 - 6h50

Os esforços da Record para criar um universo narrativo a partir de suas novelas bíblicas esbarram justamente no principal antagonista das escrituras sagradas do Cristianismo. Assim como a Marvel, a emissora brasileira se esforça para manter o mesmo ator à frente de um personagem, mas vive um verdadeiro inferno para escalar Satanás.

O canal viu a oportunidade de criar uma estrutura parecida como o MCU (Universo Cinematográfico Marvel) a partir de Apocalipse (2017), num momento em que já tinha desmembrado boa parte dos Velho e Novo Testamento para produzir séries, minisséries e folhetins.

A trama de Vivian de Oliveira foi o pontapé concreto de uma franquia de narrativas que compartilham o mesmo apelo religioso. As cenas das novelas passaram a ser aproveitadas em publicidades, mídias próprias e também nos horários alugados pela Igreja Universal do Reino de Deus.

A principal cara desse movimento é Dudu Azevedo, que passou a encarnar o messias mesmo antes de protagonizar Jesus (2018). Ele interpretou o filho de Deus no último capítulo de sua antecessora e, com a novela no ar, as suas cenas passaram a ilustrar as pregações do Evangelho nos programetes da IURD.

As aparições do ator, inclusive, suplantaram a passagem de Flávio Rocha como o profeta na minissérie Os Milagres de Jesus (2014). Ou seja, o galã se tornaria a imagem oficial do redentor na programação da Record --a versão brasileira e beata de Robert Downey Jr., que inaugurou o MCU como o Homem de Ferro (2008).

Anteriormente, Sidney Sampaio já tinha iniciado um processo parecido, ao encarnar Josué em Os Dez Mandamentos (2015) e A Terra Prometida (2016), mas a experiência ficou restrita apenas ao horário nobre. Com o "novo" Jesus, agora a proposta era para valer.

Problema infernal

Com as diversas alterações no texto original de Vivian de Oliveira, o ator Guilherme Chelucci passou a encarnar a figura do diabo em Apocalipse com a ascensão de Ricardo (Sergio Marone) e o início do armagedom. Até então, o sete-peles só tinha aparecido como uma fumaça escura que rodeava os vilões.

A névoa de trevas reapareceu em Jesus para manter a unidade que foi quebrada com a chegada de Mayana Moura para interpretar o coisa-ruim. Com cabelos e sobrancelha raspados, e sem o visual de Darth Maul de Star Wars, ela passou a representar o anjo caído.

Com os trabalhos paralisados pela pandemia de coronavírus (Covid-19), Gênesis contará com o terceiro intérprete consecutivo do tinhoso. Igor Rickli assumirá o personagem, que passa a ser chamado de Lúcifer para justificar as trocas --uma prequela de Satanás.

A própria Marvel já trocou Edward Norton por Mark Ruffalo para viver Hulk em seu MCU, mas nunca promoveu uma dança das cadeiras tão grande quanto a Record promoverá na sua próxima trama inédita.

Afinal, André Bankoff passará a viver José do Egito, ainda que Ângelo Paes Leme, o profeta original, tenha aceitado participar da narrativa como Ur dos Caldeus. Só com muita oração para não confundir a cabeça do público.


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