A FORÇA DO QUERER
Reprodução/TV Globo
Carol Duarte em cena; atriz mudou todo visual para virar homem em A Força do Querer
MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 14/9/2017 - 6h23
Intérprete do transgênero Ivan/Ivana, a atriz Carol Duarte afirma que a novela A Força do Querer mudou a percepção do público sobre a transexualidade. Seu complexo personagem, que marca sua estreia nas novelas, foi aceito pelos telespectadores. Nas ruas, Carol nunca sofreu abordagens agressivas. E ainda faz sucesso com as crianças.
"Acho que é um marco na história de alguma forma. À medida que o tempo passar, espero que, para a nova geração, tudo já faça parte do universo dela. Vão crescer com essa discussão já presente dentro de casa. Não olham mais [os trans] como aberração, como muitas gerações olharam", diz Carol.
A atriz revela que já ganhou presente de uma criança e também sente o carinho de pessoas mais velhas que querem proteger seu personagem de alguma maneira.
"A repercussão dá sentido ao trabalho. É gostoso ver o público olhando para as pessoas trans de uma outra forma, compreendendo, isso me faz entrar no estúdio todo dia felizona", relata.
Ela conta que só viu algumas pessoas criticando o transgênero na internet, ofensas que partiram sempre por cunho religioso. "Não discuto. Ninguém no mundo tem de ser agressivo por religião ou raça", minimiza a atriz, que começou a trama com 2.000 seguidores no Instagram e agora já tem mais de 500 mil.
Ela revela que tenta se desligar do personagem quando sai dos Estúdios Globo, afinal está envolvida com esse trabalho desde abril do ano passado, quando fez seu primeiro teste para o papel.
estevam avellar/tv globo
Ivan (Carol Duarte) chora no colo de Joyce (Maria Fernanda Cândido): cena mexeu com a atriz
Ela ouve música, liga para os amigos e para a família, mas não tem como não ficar mexida com alguns episódios, como no dia em que gravou as cenas em que Ivana revelou à família que iria fazer a transição de gênero e cortou os cabelos. "Até o pessoal da [equipe] técnica se emocionou. Era uma espécie de despedida da Ivana."
A novata, de 25 anos, sabe que está fazendo um bom trabalho, mas diz que o mérito é todo da dramaturgia de Gloria Perez, da forma como a história foi criada e conduzida. Para ela, nada é dispensável nem é ficção.
Violência cruel e real
Questionada sobre a gravidez e a perda do bebê, novidades que ainda estão para acontecer na trama das nove, Carol afirma que tudo faz parte do debate proposto. "É possível homem trans ficar grávido e o público precisa saber", diz.
Quando soube que a perda do bebê de Ivan seria por espancamento, ela ficou triste. Mas diz que viu uma outra reflexão proposta, a da violência contra os trans.
"Acontece e faz parte do mundo. As pessoas são mortas por espancamento e é importante aparecer na novela. Alguns trans me contaram que tem estupro corretivo, e isso é muito pesado. As pessoas verem esse personagem sofrendo agressão pode fazer elas olharem para isso", observa.
Com cada pelo de sua barba colado fio a fio, num processo que leva duas horas, Carol diz que gostou de sua versão masculina. Assegura que nada é um problema, nem ficar meses sem se depilar. "Como atriz gosto de ter uma aparência muito diferente da minha em cena."
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