Ator se revoltou com novela da Globo e afrontou autores: 'Pior que já fiz'

Há 29 anos, o último capítulo de Sonho Meu (1993) era exibido na faixa das seis da Globo. A novela de Marcílio Moraes, no entanto, não agradou a todos os atores. Intérprete de Geraldo Vieira, José de Abreu detonou os rumos do personagem à época: "É o pior trabalho que já fiz".

No folhetim, o ator vivia o ex-marido de Claudia (Patrícia França) e pai de Maria Carolina (Carolina Pavanelli). Ao longo da trama, mostrava-se um homem violento e provocava a separação entre a protagonista e a filha.

"A trama não tem pé nem cabeça, está repleta de contradições. O próprio Geraldo é um personagem esquizofrênico. Um dia, dá porrada. No outro, chora como criança. Parece que os autores do texto não conversam entre si", reclamou Abreu em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em abril de 1994.

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A declaração surpreendeu Lauro César Muniz, supervisor de texto da novela. "O Zé costumava nos ligar para elogiar o personagem. Não entendo por que mudou de opinião", afirmou ele.

Sonho Meu era uma junção das tramas centrais de duas antigas novelas de Teixeira Filho (1922-1984): A Pequena Órfã (1968) e Ídolo de Pano (1974). A trama girava em torno da luta de Claudia para reconquistar a guarda da filha, que tinha leucemia e precisava de cuidados especiais

Vítima de violência doméstica, ela teve de entregar a menina para a cunhada Elisa (Nívea Maria) por causa das constantes brigas com o marido. A protagonista saiu do Rio de Janeiro para tentar uma vida melhor em Curitiba e acabou se apaixonando por Lucas (Leonardo Vieira).

Na época, o público reprovou a atitude de Claudia de engatar um romance sem se separar de Geraldo e a acusou de bigamia. As críticas obrigaram os autores a antecipar o processo judicial pelo divórcio.

Marcílio Moraes deixou claro seu descontentamento com a mudança. "Fui constrangido a acelerar brutalmente e resolver de forma inverossímil uma trama que estava prevista na minha sinopse, onde também estava apontada a solução que daria a ela. Aí vem uma interferência de cima, mal explicada, careta, hipócrita, sobrepondo uma moral abstrata, formal, à ética que a personagem estava construindo para superar o impasse e salvar-se", disparou o autor em entrevista ao portal RD1.

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