Longe das novelas desde 2016, veterano de Carinha de Anjo reza por trabalho

Intérprete de Silvestre em Carinha de Anjo (2016), Blota Filho sente os efeitos da pandemia. O veterano de 61 anos teve projetos cancelados por causa da paralisação no setor. Com a retomada dos trabalhos, até fez um filme, mas agora espera ansioso por propostas no cinema, televisão ou teatro. "Tudo está voltando aos poucos. Eu estou aguardando o convite chegar e orando para que venha logo", conta ele, que está longe da TV desde a trama infantil do SBT.

"Essa pandemia afetou o mundo como um todo. A classe artística, então, mais ainda. Tive um projeto que foi cancelado. Era a turnê de Dogville [peça de teatro] que estava indo muito bem em 2019. Em 2020, continuaria até internacionalmente, mas veio a Covid-19 e mudou tudo. Minha quarentena foi como a de qualquer pessoa: em casa. Saindo o mínimo possível e só se fosse imprescindível", acrescenta para o Notícias da TV.

Apesar da paralisação, Filho retomou seu ofício aos poucos. Com 30 anos de carreira, foi no "novo normal" que ele filmou seu primeiro longa-metragem, a produção Gato Galáctico e o Acampamento Intergaláctico. "Deve estrear em novembro. Fiz alguns trabalhos durante a pandemia, tanto em 2020 quanto em 2021, com todos os protocolos de segurança", comemora.

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O período de isolamento também trouxe para o veterano uma novidade gratificante. Carinha de Anjo, trama que o colocou no coração do público infantil, voltou para a grade do SBT. A reprise da novelinha movimenta suas redes sociais. Atualmente morando em Ribeirão Bonito, no interior de São Paulo, ele conta que até o assédio aumentou.

"Eu me mudei de São Paulo [capital] há cinco meses. Moro no interior agora, e aqui é mais forte isso. Onde vou tem selfie e perguntas. Eu adoro esse carinho todo. Sempre é bom receber o carinho, mas o mais surpreendente é a tietagem de jovens e de senhores e senhoras", agradece.

A notícia de que a história de Dulce Maria (Lorena Queiroz) voltaria a ser exibida na televisão pegou Blota Filho de surpresa. No folhetim, o ator é Silvestre, o mordomo da família da menina. Apesar de sisudo, o personagem é o funcionário de confiança de Gustavo (Carlo Porto) e Estefânia (Priscila Sol). No enredo, ele vive às voltas com os afazeres da mansão e nutre uma paixão por Franciely (Carol Loback), a cozinheira.

reprodução/sbt

Com Lorena Queiroz e Carol Loback

Dramalhão infantil

A produção escrita por Leonor Corrêa também entrou para o catálogo da Netflix e já figura entre os títulos mais vistos. "Fiquei feliz [com a reprise]. Acho que é até necessário ter no ar uma novela como Carinha de Anjo. Da mesma forma, fiquei surpreso pela entrada na plataforma. Quando soube do Top 10, foi um pulo de alegria", admite ele.

"A maior lembrança [dessa produção] é a de ter feito essa novela e de estar empregado numa emissora que trata todos com muita igualdade e carinho. Silvestre era um personagem clownesco [arte do palhaço] que aprendeu que viver não é só ter obrigação, mas também, diversão", relembra.

Na novelinha, Filho faz o telespectador rir e chorar. Não se pode esquecer que a protagonista vive um drama no enredo. Dulce é uma menina doce, ingênua, inteligente e alegre de cinco anos, que é mandada para um internato católico por seu pai após um acidente matar a mãe da criança. Ele conta que, algumas vezes, a emoção foi ao limite no estúdio.

"A Leonor Corrêa, adaptadora da novela, soube dar um tom preciso nas cenas mais dramáticas. Acho que até as mais tristes estavam dentro de um limite sem apelação. Teve uma cena minha em que o Silvestre deixa a cobertura para se hospedar num asilo e tem que se despedir da Dulce. Eu e Lorena ficamos muito emocionados com a sequência. Lorena é de uma sensibilidade tão linda que me emocionou mais ainda", relembra.

Com uma longa carreira nos palcos, Filho tem personagens marcantes na televisão. Ele integrou o elenco de produções como Fascinação (1998), no SBT, e Sandy & Junior (1999-2002), na Globo. Carinha de Anjo foi seu último trabalho na TV, fato que ele não lamenta. "Como não surgiram outros projetos, aproveitei para fazer teatro. Foi a última [novela]. Mas não a derradeira (risos)", finaliza.

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