CRÍTICA
Reprodução/TV Globo
Nany People em O Sétimo Guardião e Kéfera Buchmann em Espelho da Vida: estreias promissoras
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 12/1/2019 - 5h52
Em um veículo como a televisão, que tende cada vez mais a repetir rostos consagrados do público, a presença de atores e atrizes novatos em folhetins fica quase que exclusivamente restrita às revelações de Malhação. Ainda assim, Espelho da Vida e O Sétimo Guardião, atuais novelas das seis e das nove, trouxeram duas novidades que tiraram suas tramas mornas da mesmice: Kéfera Buchmann e Nany People.
Não que os nomes das duas fossem completamente desconhecidos do grande público. Longe disso. Kéfera fez carreira na internet e no cinema e Nany People é uma figura televisiva: já foi repórter de programas como o de Hebe Camargo (1929-2012), participou de reality show e tem uma extensa carreira no teatro.
As duas atrizes, entretanto, fazem suas estreias em novelas só agora e, mesmo com papéis pequenos, conseguem se destacar e injetar um pouco mais de vigor a tramas que ainda não empolgam o público.
Tanto Espelho da Vida quanto O Sétimo Guardião estão longe de lançar alguma comoção nos telespectadores. As audiências andam em patamares abaixo do esperado pela Globo, e suas histórias trazem narrativas que também não cativam.
Cada uma à sua maneira, Nany e Kéfera souberam utilizar a experiência que acumularam em outros meios para compor suas personagens. Nany trouxe o exagero da caracterização das drags e uma certa teatralidade para Marcos Paulo.
A transexual chegou a ser anunciada como a volta da vilã Nazaré Tedesco, a antagonista de Senhora do Destino (2004), inclusive interpretada por Renata Sorrah, mas uma dança das cadeiras fez com que o papel caísse nas mãos de Nany. Ela agarrou a oportunidade e não faz feio. De Nazaré, sobrou apenas a referência presente nas falas de Marcos Paulo, que também se chama de "raposa felpuda".
O vocabulário de Marcos Paulo, com inúmeras gírias gays, e o figurino espalhafatoso parecem ter sido feitos exclusivamente para Nany, e não é arriscado dizer que Renata Sorrah talvez não estivesse tão à vontade quanto ela. Em meio a um elenco de grandes nomes, como Lilia Cabral, Tony Ramos e Elizabeth Savalla, conseguir o destaque que vem tendo é coisa para poucos.
Já em Espelho da Vida, Kéfera vive Mariane, uma atriz de TV com um fã-clube enorme e milhares de seguidores nas redes sociais, um perfil bastante semelhante ao de sua intérprete. Mariane traz aquele deslumbre pós moderno e vive com um celular na mão, a registrar qualquer acontecimento, por mais banal que seja.
Justamente por isso, Mariane requer uma interpretação naturalista, que Kéfera soube fazer --graças, também, à sua desenvoltura na internet. Sem exageros, surpreendeu pelo apelo cômico, que parece crescer mais e mais na trama.
Com isso, a vilania da personagem, cujo intuito inicial era chamar a atenção de Alain (João Vicente de Castro) e separá-lo de Cris (Vitória Strada), foi ficando de lado. Agora, Mariane se vê sempre envolvida em alguma enroscada amorosa, seja com Mauro César (Rômulo Arantes Neto), seja com Marcelo (Nikolas Antunes).
Nany People e Kéfera Buchmann comprovam a máxima de que não existe papel pequeno para grandes intérpretes. A dedicação das duas para defender suas personagens faz com que a gente até esqueça do marasmo de suas tramas e se divirta quando as atrizes entram em cena.
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