Em Família
Reprodução/TV Globo
Tainá Müller (Marina) e Giovanna Antonelli (Clara) em cena da novela Em Família, da Globo
MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 9/3/2014 - 21h40
Atualizado em 16/3/2014 - 8h59
Para três especialistas ouvidos pelo Notícias da TV, as cenas de flerte entre Giovanna Antonelli e Tainá Múller na novela Em Família, da Globo, despertam fantasias sexuais não apenas em homens. Na trama, elas trocam carícias e a fotógrafa, vivida por Tainá, faz cara de tesão ao ver sua amada. “Quando a pessoa vê duas mulheres nesse jogo de esconde-esconde, ela fica excitada”, diz Jacob Pinheiro Goldberg
Cenas de mulheres seminuas, carícias entre amigas e uma fotógrafa que faz cara de tesão ao ver sua amada. O erotismo está presente na novela Em Família e serve para contar o início do romance homossexual entre Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller), mas também é uma aposta para incendiar o imaginário masculino, que se excita com sexo entre duas mulheres.
“Transar com duas mulheres é uma das grandes fantasias masculinas. Se você perguntar para dez homens se isso os excita, oito vão responder que sim”, diz Jairo Bouer, médico psiquiatra e colunista do UOL. Para o especialista em sexualidade, é mais fácil mulheres rejeitarem a situação erótica apresentada por Manoel Carlos na novela das nove da Globo do que os homens.
Ailton Amélio da Silva, professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) e também colunista do UOL, vai além para exemplicar como esse desejo é forte nos homens. "Sexo entre duas mulheres atrai muito os homens. Quase todo filme pornográfico tem mulheres transando entre si, com ou sem a presença de um homem", observa.
Já Jacob Pinheiro Goldberg, que é doutor em psicologia, afirma que as cenas da trama provocam desejos e fantasias sexuais em ambos os sexos. “Quando a pessoa vê duas mulheres nesse jogo de esconde-esconde, ela fica excitada porque projeta desejos que guarda dentro de si e, muitas vezes, tem medo de admitir”, afirma Goldberg.
Erotização
Em Família explora um desejo velado de muitas pessoas sem cair no vulgar porque está mostrando uma zona ambígua entre a amizade e o tesão. A parte excitante fica por conta do flerte entre Marina e Clara, que fazem um jogo de sedução em cena. O ambiente da fotógrafa, com mulheres posando seminuas e uma assistente que é apaixonada por ela, Vanessa (Maria Eduarda de Carvalho), fortalece essa erotização feminina.
“Existe um estudo que mostra que quase metade das mulheres heterossexuais tem desejo de experimentar sexo com uma outra mulher”, comenta Ailton Amélio da Silva. Ele afirma que é uma ousadia da TV mostrar o beijo gay, como aconteceu no último capítulo de Amor à Vida, e uma iniciação homossexual agora. “É uma expansão dos limites, mas que também prevê gerar polêmica e atrair a atenção para que as pessoas não mudem de canal", diz o psicólogo.
Cena em que Tainá Müller (Marina) fotografa Giovanna Antonelli (Clara) na novela das nove
Homoafetividade
Para os especialistas, o folhetim está abordando o despertar da homoafetividade de maneira correta. Goldberg afirma que a sutileza do enredo é uma maneira de educar o brasileiro. “Nosso povo é mal educado sexualmente e machista. Ao mostrar primeiro o afeto do que sexo, a novela presta um serviço. A trama anterior [Amor à Vida] não explorava essas nuances. Lá, era preto no branco. Eles eram homossexuais e ponto final.”
Bouer afirma que a homem vai pelo prazer, é mais sexualizado, enquanto a mulher primeiro se envolve por afeto.
O professor da USP completa dizendo que as mulheres precisam de um enredo, uma história, mesmo nas relações heterossexuais. “Para elas, sexo é consequência, não é o carro-chefe.”
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