Exclusivo: Autor analisa Família É Tudo e revela modificações que fez na trama

Família É Tudo chegou a seu capítulo 100 na última semana, com a revelação de um segredo, uma reviravolta entre casais e um golpe terrível de sua vilã. O autor da novela, Daniel Ortiz, se diz mais do que satisfeito com os rumos e as repercussões da novela até o momento. Mas ele revela, ainda assim, os ajustes que fez no andamento da novela, de acordo com suas percepções e as respostas do público.

Em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, o autor analisa a trajetória de Família É Tudo. Confessa ter aumentado a trama dos cachorrinhos por ter recebido uma resposta positiva do público, além de ter antecipado a trama de Andrômeda como uma boa cantora por acreditar no talento da atriz que a interpreta, Ramille.

Para os próximos capítulos, ele promete intensificar as tramas policiais e musicais e deixar o público ainda mais dividido no triângulo amoroso entre Lupita (Daphne Bozaski), Júpiter (Thiago Martins) e Guto (Daniel Rangel), que gera brigas de fãs na internet --há rixas virtuais entre os que torcem para "Gupita" e os fãs de "Lupiter".

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Ortiz entra ainda em uma das polêmicas dos bastidores da trama. Segundo o autor da novela das sete, houve um "grande mal-entendido" em relação à participação de Arlete Salles.

Confira a entrevista exclusiva com o autor Daniel Ortiz:

NOTÍCIAS DA TV - Como você avalia o desempenho da novela até aqui? Tem ido de acordo com as suas expectativas ou previsões?
DANIEL ORTIZ - Eu acho que a melhor resposta é o retorno do público. É um horário com uma variedade de espectadores, temos grupos de diferentes nichos acompanhando e interagindo sobre a novela. Em todos os aspectos, a novela tem superado minhas expectativas.

Nas entrevistas de lançamento, comentei sobre termos os cinco irmãos protagonistas, e a química dos atores era um fator muito importante para isso ser crível na telinha. Eu já tinha trabalhado com Nathalia [Dill] e Juliana [Paiva], e Thiago [Martins], Ramille e Isacque [Lopes] chegaram com tudo. Eu estou encantado com eles e com todo o elenco.

Sabemos que novela é uma obra aberta e que, mesmo que os autores tenham um planejamento do que deve acontecer do início ao fim, mudanças podem acontecer no meio da jornada, ajustes podem ser feitos. Houve algum ou alguns ajustes que você teve de fazer?
Após o primeiro mês de exibição, tivemos o grupo de discussão, e recebi os relatórios de audiência. A trama dos cachorros foi uma que, na previsão inicial, teria mais ênfase em dez capítulos, mas a receptividade foi tanta que passei a escrever mais, porque tivemos um aumento no público infantojuvenil.

Claro que a gente consegue ver diferença entre os meios onde as pessoas comentam sobre a novela. Eu só tenho conta no Instagram, mas sei que no grupo do X a turma costuma fazer mais barulho.

Parte do público noveleiro diz que você gosta muito de investir em triângulos amorosos em suas histórias. Nesta, chama a atenção o triângulo de Júpiter, Lupita e Guto. Há as preferências (os shipps de casal) na internet, mas as torcidas ainda estão muito divididas. Você acompanha as repercussões em relação a esses três, leva em conta a opinião do público? O destino amoroso de Lupita já está definido, ou até o fim da novela tudo pode mudar?
Desde o início eu comentava que, apesar de não ser protagonista, a trama da Lupita ia chamar a atenção. E o trio de atores envolvidos nesse triângulo também é muito responsável por isso.

Ainda temos muitos capítulos pela frente, e os três estão amadurecendo, se desenvolvendo juntos, aos olhos do público. Não tenho nada definido.

Há também a questão da transformação de Lupita. A personagem foi vista no começo como uma espécie de Betty, a Feia, uma menina que poderia vir a mudar seu visual e impressionar a todos. No entanto, há dois pontos. O primeiro é que ela já conquistou Guto e Júpiter do jeitinho que é, sem precisar mudar o visual. O segundo é que hoje vivemos uma sociedade mais focada em autoestima, que estimula que as mulheres gostem de si mesmas do jeito que são, que critica os padrões de beleza massacrantes. Portanto, em relação à suposta transformação de Lupita, esperada por parte do público: vem aí a personagem realmente mudando o visual?
Isso é engraçado, porque as pessoas associaram à personagem a Betty, a Feia, mas de fato a Lupita sempre teve autoestima e valorizou o próprio estilo.

Essa transformação que valoriza uma beleza exterior pura e simplesmente não cabe na personagem. Mas ela também não tem que se libertar de nada. Eu vejo a transformação da Lupita como algo que passa por ela e toca quem está ao redor também.

Outro grande segredo é a investigação de Vênus (Nathalia Dill), de quem matou o pai dela, quem mandou matá-la, quem é a pessoa que contratou Netuno (Paulo Lessa). Sabemos que esta pessoa mandante do crime é da família. Podemos esperar que esta trama criminosa e policial se intensifique?
Sim. A partir desta semana, vamos ter o Netuno/Léo sendo procurado e tendo novos flashes de memória. A gente vai ter mais indícios do que pode estar por trás de tudo e volta a ter um trilho nesse suspense.

Eu comecei [a trabalhar em novelas] com Silvio de Abreu, em Passione (2010), e digo que esse jeito de instigar o público vem dessa escola. Tem coisas que o público diz que está na cara, e outras coisas que são mais profundas. A gente tem muitas perguntas a responder, e acho que prendem [o público].

Também temos Frida, interpretada por Arlete Salles. Houve questionamentos na internet, e até a atriz chegou a curtir alguns posts sobre isso, em relação à personagem aparecer menos do que o público esperava. Houve quem tivesse entendido que a protagonista da novela seria a personagem de Arlete e que talvez ela devesse ter mais espaço. Como você vê essa questão? Acha que houve uma interpretação errada, uma falha de comunicação? Ou houve mudanças de percurso para a atriz/personagem aparecer mais ou menos do que o previsto inicialmente?
Eu acho que houve um grande mal-entendido. É perfeitamente compreensível e louvável que o público deseje ver mais de uma atriz como Arlete na televisão. Mas seguimos a trama conforme desenvolvido na sinopse, e tudo tem transcorrido conforme o previsto e acordado com a atriz.

De onde veio a vontade de colocar a Zona Leste de São Paulo e o bairro da Vila Carrão na novela? Foi algo da sua vivência? Tem tido repercussão de moradores do bairro?
Adoro a ZL [Zona Leste]! Tenho muitos amigos na Vila Carrão, Penha, Tatuapé. Costumo ir muito à região. Pra mim, é o povo mais simpático da cidade.

Com a inauguração da Galeria Mancini, há a intenção de trazer à novela artistas da música para se apresentarem no local? É algo que deve ganhar mais espaço nos capítulos daqui em diante?
A música é um dos ativos da trama. Acabamos de exibir uma sequência em que Lupita e o policial cantaram uma canção famosa da Thalia. Além disso, estou antecipando a trama da Andrômeda se tornando uma boa cantora, muito por conta do talento da Ramille também.

Tivemos participação do Bryan Behr para a inauguração do food truck, teremos uma outra participação na inauguração da galeria [a da cantora Luiza Possi], e já tivemos artistas em flashbacks também.