Elenco jovem de Verão 90 decepciona e vira problema para Globo corrigir

Um elenco jovem com rostos carismáticos é uma excelente estratégia para chamar a atenção do público mais novo e engordar a audiência de qualquer novela. Verão 90, a trama das sete da Globo, traz bons nomes, mas salta aos olhos a falta de sintonia de alguns intérpretes com a composição de seus personagens. Enquanto uns já acertaram o tom da criação, caso de Camila Queiroz (Vanessa) e Marina Moschen (Larissa), outros ainda patinam para entrar nos eixos.

Depois de demonstrar um tino cômico com a Mafalda de Eta Mundo Bom! (2016), Camila Queiroz comprova sua versatilidade com a primeira vilã de sua carreira. Apesar de clichê, a aposta na sensualidade deu certo e Vanessa vem ganhando destaque na história. Interesseira e pouco ética, a vilã é capaz de tudo para se tornar uma VJ da Pop TV e carrega um quê das melhores megeras de Gilberto Braga. É, certamente, um dos pontos altos de Verão 90.

Marina Moschen, por sua vez, impressiona novamente com um papel coadjuvante. A patricinha Larissa é doce e tem tudo para viver um conto de fadas de novela ao se envolver com o pobretão Diego (Sérgio Malheiros). Vale constatar que, depois de também se destacar como secundária em Deus Salve o Rei (2018), Marina já fez por merecer uma promoção na Globo ao protagonismo de um folhetim.

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Por falar em protagonistas, Rafael Vitti (João) e Isabelle Drummond (Manuzita) contam com o carisma e têm em Verão 90 o grande desafio de suas carreiras. Vitti escorrega aqui e ali, por vezes se mostra cru, mas sustenta o bom-mocismo do personagem e parece se divertir em cena. O drama de João Guerreiro tende a colocar a interpretação do ator à prova e é sua chance de mostrar serviço.

Isabelle traz a experiência de outras tramas como protagonista, mas ainda pena para deixar extravasar seu lado engraçado. Por sorte, ela tem a seu lado Claudia Raia (Lidiane), especialista em fazer rir. Da parceria com a veterana, pode extrair subsídios para encorpar sua personagem e fazer menos trejeitos em cena.

Já Jesuíta Barbosa (Jerônimo) está visivelmente desconfortável em um papel importante para a trama. O ator abusa dos olhos arregalados e, com poucas nuances, faz um vilão que parece exageradamente caricato, quase gratuito. A impressão é a de que Jesuíta rende mais em produtos menores, como as minisséries de que comumente participa, do que em novelas mais longas.

Por fim, Débora Nascimento (Gisela), mais uma vez, decepciona: recorre ao exagero e, em cena, é um desastre. Já que a inspiração de Verão 90 é evidentemente Vale Tudo (1988), seria recomendável que a atriz assistisse às cenas de Renata Sorrah como Heleninha Roitman para compor a pobre menina rica descompassada, que sofre com o abandono de Herculano (Humberto Martins) e se entrega ao álcool.

A falta de unidade na interpretação evidencia mais um problema de Verão 90: o preparo dos atores, sobretudo dos mais jovens. Em uma novela que, apesar do pouco tempo no ar, já mostra tantos problemas para corrigir, é mais do que urgente começar pelos ajustes no próprio elenco.