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FINAL DA NOVELA DAS SETE

Diversidade e abusador humanizado: Quatro acertos e três erros de Vai na Fé

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Helena (Priscila Sztejnman) e Clara (Regiane Alves) se beijam em cena de Vai na Fé

Beijo de Helena (Priscila Sztejnman) e Clara (Regiane Alves) foi censurado em Vai na Fé

ODARA GALLO

odara@noticiasdatv.com

Publicado em 11/8/2023 - 6h25

Em quase sete meses no ar, Vai na Fé fez rir, fez chorar, despertou indignação, arrancou elogios e críticas. Apesar dos altos e baixos, a novela cumpriu seu papel de engajar o público, cativar interesse e virar assunto nas redes sociais.

Houve quem não tenha gostado de ver o estuprador Theo (Emilio Dantas) sendo retratado de maneira humanizada demais na história. O corte do beijo lésbico gerou revolta dos fãs de Clarena. O elenco com maioria de atores negros, no entanto, despertou esperança naqueles que querem mais diversidade na TV.

Como o balanço da história de Rosane Svartman foi positivo, confira três erros e quatro acertos da novela das sete que termina nesta sexta (11):

Beijo lésbico vetado

Um dos assuntos que mais fizeram barulho durante a novela foi a censura ao beijo de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman). Prevista no roteiro de Rosane Svartman, a troca de carinho entre as duas não entrou na edição e desagradou a boa parte do público que torcia pelo casal.

Choveram reclamações nas redes sociais acusando a Globo de não dar o mesmo tratamento a casais hétero e homoafetivos. O beijo pra valer foi ao ar em junho, mas só depois de muito burburinho.

Barriga no final

Apesar de ter engajado a audiência e conquistado um público fiel desde a estreia, em janeiro, a novela das sete perdeu força justamente quando deveria aquecer os motores para o grande final.

As três últimas semanas da história se arrastaram, o vilão Theo fez uma chantagem sem pé nem cabeça com a mocinha, e o telespectador precisou esperar até os três últimos capítulos para ver algo de relevante na história finalmente acontecer.

Estuprador humanizado

Rosane Svartman tem se destacado por acertar em cheio nas abordagens de pautas sociais. Com texto sensível e esclarecedor, a autora costuma transitar bem por assuntos espinhosos, mas recebeu críticas do público por humanizar demais Theo, mesmo depois de ficar comprovado que ele estuprou Sol (Sheron Menezzes).

Colocar o vilão em cenas que despertassem a empatia --houve até quem torcesse pelo romance dele com Lumiar (Carolina Dieckmann)-- incomodou parte da audiência, que preferia não ver um abusador se dando bem durante tantos capítulos.

Criminosos entre nós

Ainda que a empatia despertada por Theo tenha provocado críticas, a construção do vilão também foi um acerto de Vai na Fé. Foi quase didática a forma como a autora retratou que um estuprador não é só alguém com características monstruosas, que ataca uma mulher desconhecida na calada da noite em uma rua escura.

Pior do que isso: pode ser aquele amigo sem-noção, que fala atrocidades em tom de brincadeira, mas que simplesmente ignora o conceito de consentimento na hora de satisfazer sua vontade. Afinal, quantos empresários bem-sucedidos, certos da impunidade e acima de qualquer suspeita como Theo existem por aí?

Mulheres brilharam

A escalação do elenco, sem dúvida, foi um grande acerto de Vai na Fé. Mas algumas atuações merecem destaque. Claudia Ohana brilhou ao defender Dora, uma hippie que tinha tudo para ser uma caricatura de "ecochata", mas que ganhou o público com sua sinceridade amorosa. As cenas da personagem no fim da vida, apesar de carregadas de emoção, transmitiram uma mensagem positiva, com reflexões pertinentes sobre o momento da morte.

Renata Sorrah entregou tudo na pele de Wilma. A atriz saboreou cada fala e caiu no gosto do público com uma mistura de decadência, saudosismo e humor. A artista soube muito bem aproveitar a brincadeira da autora, que recriou versões dos memes de sucesso de Nazaré, de Senhora do Destino (2004), para marcar a volta por cima da personagem no final.

Quem também colocou sua personalidade à prova na construção da personagem foi Clara Moneke. A atriz novata virou um hit, criou bordões e soube também encarar cenas dramáticas ao ser uma das sobreviventes dos abusos de Theo. O público ficou pedindo mais de Clara na TV.

Carolina Dieckmann tinha uma missão especialmente difícil na hora de defender Lumiar: mostrar de forma crível que uma mulher forte e independente pode, sim, cair na lábia de um abusador. A atriz conseguiu transmitir todas as nuances com uma interpretação coerente com o arco muito bem construído no roteiro.

Representatividade

Vai na Fé foi anunciada com festa por causa da escalação de mais da metade do elenco com atores pretos. Apesar de tardia --já que durante décadas negros eram escalados quase exclusivamente para papéis secundários--, a decisão sinaliza uma mudança promissora e foi um dos grandes acertos da novela.

A emissora quer deixar claro que está colocando em prática a agenda de ESG (Environmental, Social and Governance --em português, Ambiental, Social e Governança), que visa, entre outras metas, aumentar a diversidade racial, social e cultural da equipe que está na frente e por trás das câmeras. A autora aproveitou bem o momento, usou o elenco jovem para abordar as pautas sociais, sem ficar chato ou didático demais.

Tolerância religiosa

Outro acerto foi na maneira de retratar a comunidade evangélica. Sol e sua família frequentaram a igreja durante toda a história, declamaram salmos, expuseram sua fé, mas sem o estereótipo do crente fanático.

O pastor, figura comumente associada a um perfil fervoroso e estridente, foi retratado como alguém sereno, conselheiro e ponderado, disposto a ajudar e manter o equilíbrio da comunidade. Religiões de matriz africana também tiveram espaço por meio do personagem Ben (Samuel de Assis), numa clara defesa da tolerância de todas as crenças.

Vai na Fé será substituída por Fuzuê, de autoria de Gustavo Reiz, que está sendo gravada nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, e estreia na segunda (14). O folhetim contará com Giovana Cordeiro e Marina Ruy Barbosa nos papéis principais de mocinha e vilã, respectivamente.


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