Denise Fraga virou turista nos Estúdios Globo em retorno às novelas; entenda

Denise Fraga, de 57 anos, virou "turista" em seu retorno às novelas da Globo. O estranhamento foi com os novos estúdios da emissora, já que o quadro do Fantástico Retrato Falado (2000-2001 e 2003-2007) foi feito em gravações externas e ela quase não pisou na região de Curicica em todo esse tempo.

"Eu tive pouca vivência no Projac [antigo nome do complexo], ainda chamo assim. Quando cheguei, vi que tinha até viaduto. Eu parecia uma turista", admitiu a intérprete de Júlia, de Um Lugar ao Sol.

Em entrevista à colunista Patrícia Kogut, do Jornal O Globo, Denise se disse "maravilhada" por entregar ao público um novo formato de novela, ainda que tenha sentido estranhamento no modelo de obra totalmente fechada.

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"É incrível que a gente tenha conseguido fazer. Quando vi no ar, fiquei maravilhada. Foi um protocolo absurdo. Impressionante como foi tudo feito com cuidado e como a novela ficou caprichada. Com 107 capítulos, você consegue manter uma qualidade. Não tinha o estúdio lotado de cenas porque não havia o compromisso de colocar o capítulo no ar no dia seguinte. A adversidade gerou um novo modelo. Foi uma coisa positiva", avaliou.

Ainda que tenha ficado sem papel na teledramaturgia por 24 anos, Denise Fraga rechaça o rótulo de ser avessa a novelas. 

"Numa certa hora da vida comecei a fazer teatro direto, foram temporadas longas. Quando as pessoas me ligavam, eu ficava com o teatro. Eu adorei fazer TV, mas nunca vou parar de fazer peças. Vou ter intervalos entre uma e outra, e aí é questão de combinar. Estava com saudade da câmera. Quero pode encaixar as novelas se vierem os convites", prometeu.

Júlia de Um Lugar ao Sol

No folhetim de Lícia Manzo, a atriz vive uma cantora que não emplacou na carreira, mãe ausente de Felipe (Gabriel Leone) e que enfrenta a dependência do álcool. Apesar de toda a profundidade do papel dramático, Denise Fraga acredita que sua personagem, cheia de camadas, é uma pessoa para cima.

"Júlia tem um otimismo crônico, acredita que agora vai dar. Não quer enfrentar as coisas que ela sabe que são ciladas na vida. É um otimismo trágico, de negação. O que eu fiz foi tentar me inteirar no AA (Alcoólicos Anônimos). Estive em algumas reuniões. A personagem é muito reconhecível. Ao mesmo tempo, Júlia é engraçada, tenta rir o tempo inteiro e escamotear tudo o que passa numa alegria histérica. Ela faz piada de si mesma", define.

Durante as gravações, ela e o seu filho na dramaturgia emocionaram nos bastidores por causa de uma cena em que Júlia está em uma casa de recuperação. 

"Ela fala para o filho: 'A gente está sozinho, não existe Deus, não tem nada maior'. Ela está tomando uma dura dele porque não quer ficar lá. E ela fala dessa solidão da pessoa que perdeu a esperança no espiritual, na força maior. Esse abandono de cada um dentro de sua própria adversidade, a falta de colo e apoio... Vivemos um tempo louco. As pessoas estão muito sozinhas. Então, a cena ficou bonita. Tinha gente da equipe chorando quando terminou. Fiquei muito feliz", revelou.