PRAGA DO CACAU
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
José Inocêncio (Marcos Palmeira) cochila em Renascer; na audiência, novela dorme no ponto
Renascer chega à reta final sem empolgar o público nas redes sociais e, principalmente, no Ibope. A novela das nove da Globo até engaja alguns fiéis comentaristas no X (antigo Twitter), mas dificilmente extrapola para outras redes --como o Instagram, em que memes da Juma (Alanis Guillen) de Pantanal (2022) até hoje estão presos nos porões das páginas de fofoca.
O folhetim de Bruno Luperi está longe de números preocupantes como os de Um Lugar ao Sol (2021), mas também não esboça a reação esperada em seus últimos meses de exibição. A produção chega ao fim em setembro, quando estreia Mania de Você --a volta por cima de João Emanuel Carneiro após ter Todas as Flores (2022) "rebaixada" para o Globoplay.
O remake está em uma situação pouco confortável, com média semanal de 25,2 pontos na Grande São Paulo. Renascer está ligeiramente atrás de Terra e Paixão (2023), que teve 25,7 pontos em sua 22ª semana.
O panorama é ainda mais complicado quando se olha para Travessia (2021), que é considerada uma das piores novelas já produzidas pela Globo. Gloria Perez conseguiu reverter parte da rejeição na reta final e conseguiu média semanal de 26,4 pontos no mesmo período de sua exibição.
Curiosamente, Renascer foi mais prejudicada por decisões da própria direção da Globo do que por algum erro do autor Bruno Luperi e do diretor artístico Gustavo Fernandez. Ao contrário, eles entregam cenas que têm um bom texto e uma boa qualidade artística --as quais repercutiriam mais se houvesse um trabalho para chamar a atenção do público logo quando a segunda fase começou a dar problemas.
Um dos principais erros de Globo foi pedir uma novela tão extensa a Luperi, considerando-se que a versão original de Renascer já era considerada lenta em 1993. Benedito Ruy Barbosa pesou a mão nas barrigas --jargão para quando não acontece nada de relevante em alguma história.
Bastante elogiada, a primeira fase do remake até contou com bem mais capítulos do que a edição original, mostrando que Bruno teria fôlego para acrescentar novos elementos --como o fez, por exemplo, com o coronel Firmino (Enrique Diaz) ou Cândida (Maria Fernanda Cândido).
A nova versão até traz novas questões e personagens, mas não são o suficiente para quebrar o marasmo quase estrutural da história. O autor mexe até onde é possível, mas sabe que tem uma bronca em mãos: está mexendo em um dos principais textos do avô.
A Globo também errou a mão na quantidade de tramas rurais que entregou no horário nobre nos últimos anos. O remake de Renascer não só foi idealizado muito próximo do de Pantanal como sucedeu outro folhetim com questões fundiárias --e com um filho rejeitado pelo pai, vividos por Cauã Reymond (Caio) e Tony Ramos (Antonio La Selva).
Com dificuldade para formar novos talentos e com um banco de autores fixos cada vez menor, a Globo desperdiçou uma novela inédita oferecida por Luperi. Trata-se de uma adaptação do romance O Arroz de Palma, de Francisco Azevedo, que havia sido idealizada para a faixa das seis.
A emissora não só engavetou a proposta como jogou o novela de volta para a cova dos leões. O escritor havia acabado de passar por um teste de fogo ao mexer na obra do avô em Pantanal, em que havia sido duramente criticado pelo excesso de reverência. Um desgaste que poderia ter sido evitado.
Leia também -> Resumo dos próximos capítulos da novela Renascer.
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Quarta, 4/9 (Capítulo 195)
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