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CRÍTICA

Com alguns acertos e muitos desastres, O Sétimo Guardião é uma grande decepção

Reprodução/TV Globo

Marina Ruy Barbosa interpreta a protagonista Luz em O Sétimo Guardião: falta história - Reprodução/TV Globo

Marina Ruy Barbosa interpreta a protagonista Luz em O Sétimo Guardião: falta história

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 16/2/2019 - 6h29

Tão logo estreou, O Sétimo Guardião prometia um respiro de fantasia ao horário, com sua trama mágica sobre uma irmandade responsável por proteger a fonte fantástica da fictícia Serro Azul. Mas a expectativa é a mãe da frustração: sem nem mesmo chegar ao seu centésimo capítulo, o folhetim dá mostras de que é uma grande decepção.

A trama central é pouco empolgante. Some-se a isso o fato de que o casal Luz (Marina Ruy Barbosa) e Gabriel (Bruno Gagliasso) passou longe da química ideal, com seus intérpretes atuando em modo automático. Já a vilã Valentina (Lilia Cabral) é verborrágica demais e, embora tenha tiradas ótimas e carregadas de sarcasmo, não é pérfida como chegou a ser anunciado, muito aquém do talento de Lilia.

Diante de um protagonismo falho, esperava-se que as tramas coadjuvantes pudessem sustentar a novela, mas o problema é que elas também se mostraram irregulares. Há alguns destaques e muitos desastres.

A turma que manda bem é representada por Mirtes (Elizabeth Savala), Marilda (Letícia Spiller), Adamastor (Theodoro Cochrane) e Lourdes Maria (Bruna Linzmeyer). São ótimos personagens, defendidos com dignidade por seus respectivos atores, mesmo que com importância menor dentro da novela como um todo.

Ainda assim, há outros completamente dispensáveis, como todo o núcleo familiar de Nicolau (Marcelo Serrado) e Afrodite (Carolina Dieckmann), o casal Rita de Cássia (Flávia Alessandra) e Joubert (Milhem Cortaz), além de Leonardo (Jaffar Bambirra) e João Inácio (Paulo Vilhena).

Nicolau é extremamente exagerado, com um machismo irritante e uma interpretação preguiçosa de Serrado. Afrodite sofre de uma falta de carisma para que empolgue como a mãe coragem e mulher subjugada que aos poucos consegue levantar a voz contra o marido opressor. Isso sem contar os filhos do casal, cujas histórias parecem apenas cumprir tabela para encher linguiça. Fora que ninguém merece ver Serrado penteando a pança, como já foi mostrado diversas vezes na novela.

Já a relação fetichista de Rita e Machado escamba para aquele tipo de humor desgastado e sem graça. Sem conflitos, o casal não ata nem desata e o que era para ser o grande impasse entre eles, o fato de o delegado gostar de usar calcinhas, já foi muito bem aceito pela mulher lá no início da história.

Rita, por sua vez, parece ter apenas uma função em O Sétimo Guardião: a de se ver às voltas com a trama bobinha de Leonardo, o cineasta que anda para baixo e para cima com uma câmera na mão, filmando as histórias de Serro Azul.

Outro personagem que teve o conflito esvaziado foi João Inácio, o certinho que se apaixona pela prostituta Stefânia (Carol Duarte). O maior impedimento para o amor dos dois era a resistência do filho dele, Guilherme (Caio Manhente), e a ex-sogra beata, Mirtes. Mesmo assim, a trama ficou de escanteio.

Ao esvaziar histórias com potencial e apostar em outras que não acrescentam nada à novela, O Sétimo Guardião camufla sua falta de enredo e torna-se um verdadeiro convite à troca de canal.


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