Briga com executivo tirou Osmar Prado de novela e o fez deixar a Globo: 'Pedi pra sair'

Prestes a ganhar um remake escrito por Bruno Luperi, Renascer (1993) estreava na faixa das oito da Globo há exatos 30 anos. Apesar do sucesso na época, a novela de Benedito Ruy Barbosa enfrentou um imprevisto no meio do caminho. Intérprete de Tião Galinha, Osmar Prado deixou o folhetim e a emissora após briga: "Tive um embate com um executivo da Globo e pedi pra sair, pra antecipar a morte do Tião, com ele no auge".

O catador de caranguejos foi um dos personagens de destaque, já que servia como o olhar do povo e representava a denúncia das condições precárias de vida e trabalho no Brasil. Na trama, ele se mudou com a família dos manguezais para a zona do cacau com a esperança de melhorar de vida. Ingênuo, Tião acreditava que o sucesso do coronel José Inocêncio (Antonio Fagundes) se devia ao fato de ele ter criado um diabo dentro de uma garrafa.

A morte do trabalhador já estava prevista na sinopse, mas acabou antecipada devido aos problemas do ator com o executivo. "Ele ia morrer, mas não sabia quando. Lembro que a gente chegou num impasse e decidi que ia sair. Perguntei para o Benedito se ele queria ajuda, e ele respondeu que não. Era para matar o personagem, ia voltar a fazer teatro em São Paulo", explicou Prado ao programa Grandes Atores, do canal Viva.

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No folhetim, Tião sofreu uma grande humilhação ao ser preso. Depois de levar um tapa na cara, o catador decidiu tirar a própria vida e se enforcou. "Aí eles botaram o Tião se suicidando. O Tião foi preso, foi pra cadeia, e se matou", afirmou o intérprete.

Aí falei pro [diretor] Luiz Fernando Carvalho que a cena não estava completa. Como que esse personagem, com tanta força, vai se matar por nada? Disse que queria uma bofetada na minha cara, bater em uma pessoa digna.

Osmar Prado citou ainda as últimas palavras do personagem como o símbolo de sua condição de explorado. No bilhete deixado na cela, Tião afirmou: "Quem trabalha e mata a fome não come o pão de ninguém. Quem ganha mais do que come sempre ganha o pão de alguém".

"A dor de Tião era a dor do sem-terra. Era a dor daquele que não tinha um pedacinho de terra para ter a sua rocinha, para poder dar um pouco de alegria para os filhos", disparou o ator em depoimento ao Memória Globo.

Após sair de Renascer antes do previsto, Prado foi para o SBT. Na emissora de Silvio Santos, atuou em A Justiça dos Homens (1993), Éramos Seis (1994), Sangue do Meu Sangue (1995) e Brava Gente (1996). O artista só voltou à Globo cinco anos depois, em Meu Bem-Querer (1998).

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