Autor de Pantanal explica por que não mudou história da novela: 'Obra fechada'

Bombardeado com demandas dos fãs, Bruno Luperi assegurou que não irá mudar a história do remake de Pantanal. Mesmo se quisesse, não teria como alterar a trajetória dos personagens: ele entregou todos os capítulos finalizados cerca de uma semana antes da estreia da novela das nove da Globo. Por isso, já assumiu seu status de "persona non grata" --as críticas pelo sumiço de Trindade (Gabriel Sater) no folhetim comprovam isso.

"Para a novela acontecer, para a ela ter sido filmada, ela foi escrita durante a pandemia. E o Pantanal tem o regime das águas, da seca e da cheia, então nós precisávamos da novela toda escrita antes de ela ir ao ar. É uma obra fechada. A  gente teve que acreditar em algumas coisas. O Trindade  tem o caminho que a trama permite, mas, com certeza, é um personagem que vai deixar saudade", declarou ele, em entrevista ao Encontro desta quarta (31).

Para o escritor, é como se os fãs tivessem sofrendo um luto antecipado pelo fim da novela. Arrancar o Trindade dessas pessoas foi duro, mas necessário. Assim como ignorar tantas outras demandas. Vira e mexe, ele se depara com questões do tipo: "o que vou fazer quando a novela acabar?".

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Na lista de pedidos, o autor encontrou desde a sobrevivência de José Leôncio (Marcos Palmeira) --na primeira versão, exibida em 1990 pela extinta Manchete (1983-199), o todo-poderoso do bioma morreu no último capítulo-- a um romance entre Maria Bruaca (Isabel Teixeira) e Eugênio (Almir Sater).

A plateia o Encontro fez as demandas cara a cara, diante do riso constrangido do novelista. Ainda assim, ele alegou que as decisões vieram de suas próprias convicções. O avô, Benedito Ruy Barbosa, não se meteu no remake nem por um momento:

Assim como ele, que escrevia sozinho, eu também sigo a mesma toada. Ele falou, basicamente, 'vai com Deus, vai com que Deus te deu'. E eu acho que foi o melhor conselho que ele poderia dar, porque, no fim do dia, a gente tem que acreditar naquilo que a gente tá escrevendo.

Durante o programa, o autor foi bastante econômico nos spoilers e se limitou a dizer que Tenório (Murilo Benício) terá "o final que merece" --o crápula será devorado pelas piranhas-- e que Maria Bruaca vai resgatar sua autoestima e, depois, viver feliz ao "lado de seu homem".

Acima de tudo, Luperi precisou ter muita crença no que os fãs iriam achar daqueles personagens --antes mesmo de a novela ir ao ar.

"É um desenho de produção muito difícil. A primeira versão passou pela grande dificuldade de gravar no Pantanal, e eles se situaram em apenas um fazenda. Hoje, a gente está em cinco fazendas. Por um lado, o equipamento é muito fácil, existe internet... Por outro, tem uma dificuldade muito grande de se chegar. Muitos atores passaram três horas no carro. Iam de avião, mas não podiam voltar de avião pra locação por causa do sol que caía... Não foi fácil", explicou ele.

Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a novela Pantanal foi exibida em 1990 pela extinta Manchete (1983-1999). O remake da Globo é adaptado por Bruno Luperi, neto do autor. Em seguida, a Globo vai estrear Travessia, trama de Gloria Perez.

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