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GERALDO VIETRI

Autor da Globo se irritou com interferência em novela, peitou diretor e foi substituído

Nelson Di Rago/TV GLOBO

Cláudio Marzo e Nívea Maria em foto preto e branco da novela Olhai os Lírios do Campo (1980)

Cláudio Marzo (1940-2015) e Nívea Maria em Olhai os Lírios do Campo; autor foi substituído

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 21/1/2023 - 6h15

Há exatos 43 anos, a novela Olhai os Lírios do Campo (1980) estreava na faixa das seis da Globo. No entanto, os bastidores do folhetim foram marcados pelo desentendimento entre o autor Geraldo Vietri (1927-1996) e o diretor Herval Rossano (1935-2007). Incomodado com as interferências, o dramaturgo abandonou a trama e foi substituído.

Adaptação do romance homônimo do autor Érico Veríssimo (1905-1975), a novela foi a primeira de Vietri na Globo após mais de 20 anos de trabalhos na TV Tupi, onde escreveu folhetins como Antônio Maria (1968) e Nino, o Italianinho (1969).

O novelista preferiu pedir uma licença de 15 meses da emissora paulista para se dedicar ao projeto na concorrente. "Não iria deixar os 21 anos de Tupi por uma aventura. Pedi a licença já concedida. Depois, se a Globo quiser me contratar por mais um período, vamos pensar", explicou ele ao Jornal do Brasil na época.

Apesar dos esforços do autor, Olhai os Lírios do Campo não atingiu o mesmo êxito da antecessora, um compacto de Escrava Isaura (1976) que a emissora teve que exibir depois de Benedito Ruy Barbosa se recusar a estender a duração de Cabocla (1979).

Houve um impasse entre a produção e o adaptador do romance, já que os estilos de Rossano e Vietri eram conflitantes. Na Tupi, o autor era responsável por dirigir suas novelas e não suportava as interferências de outra pessoa na história.

O escritor se incomodava quando o capítulo não ia ao ar exatamente da forma como havia ordenado. A situação ficou ainda mais tensa quando Herval passou a eliminar algumas cenas e trocar outras de ordem.

Quando Vietri começou a atrasar os capítulos, a emissora optou por dispensá-lo antes mesmo do término do folhetim por conta do desgaste evidente na equipe.

Ele foi substituído por Wilson Rocha (1931-2014), que na época fazia também o roteiro do Sítio do Picapau Amarelo (1977-1986). Além disso, Olhai os Lírios do Campo teve que ser reduzida e terminou com 108 capítulos --a previsão inicial era que chegasse ao 120.

Versão conflitante

Depois da saída repentina, Geraldo Vietri falou sobre o assunto em entrevista à revista Amiga:

Tive que deixar de escrever a novela por motivos de saúde. Há tempos que venho passando mal, com problemas de circulação e, assim, comecei a atrasar a entrega de capítulos. Infelizmente fui obrigado a abandonar a emissora e deixar meu trabalho pela metade.

"Sinto muito tudo isso que aconteceu pois, para mim, era importante este trabalho. Nunca tinha feito nada na Globo e estava me dedicando de verdade, mas não deu para continuar. São coisas que não se pode prever", afirmou ele, de acordo com o livro Geraldo Vietri, Disciplina é Liberdade, escrito por Vilmar Ledesma.

História da novela

Olhai os Lírios do Campo retratava o sul do Brasil na década de 1930. Eugênio Fontes (Cláudio Marzo) era um estudante de Medicina que buscava ascender socialmente, mas tinha um complexo de inferioridade que o atrapalhava no trabalho e também no amor.

Na faculdade, o protagonista se apaixonou por Olívia Miranda (Nívea Maria). No entanto, acabou casando com Eunice (Thaís de Andrade), filha do rico industrial Cintra (Sérgio Britto).

Apesar de conquistar um bom emprego e amizades influentes, o médico passou a questionar seu casamento por interesse. Eugênio, então, decidiu largar tudo e correr atrás de sua antiga paixão, sem nem imaginar que Olívia teve uma filha dele.


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