Atriz se joga na nova fase de Míriam em Elas por Elas: 'Essa não desiste jamais'

O capítulo cem de Elas por Elas virou a novela das seis do avesso ao escancarar que Giovanni (Filipe Bragança) não é filho biológico de Helena (Isabel Teixeira) e Jonas (Mateus Solano). Para Míriam (Paula Cohen), a revelação do segredo representou a destruição da carta que a enfermeira guardava na manga desde o início da trama --e que usava sem o menor constrangimento para arrancar dinheiro de Sérgio (Marcos Caruso). Mas se engana quem pensa que a enfermeira vai se dar por vencida. "Essa daí não desiste jamais", adianta sua intérprete.

"Muita água ainda vai correr, e vai ser intenso, são coisas bem radicais. A Míriam é uma personagem que anda no fio da navalha, tudo pode acontecer. Ela flerta com um tipo de vertigem, vai fazendo as coisas e, quando vê, não tem mais volta", define Paula em conversa exclusiva com o Notícias da TV.

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A artista que fez longa carreira no teatro se inspira no clássico Macbeth, de William Shakespeare (1564-1616), para justificar a mentalidade da enfermeira. "Tem uma frase muito boa na peça: 'O que está feito está feito e não pode ser desfeito'. A Míriam é dessas! O tombo foi grande, mas é da personalidade dela esticar a corda ainda mais... E ela é radical, não tem medo de nada, não!"

Nos próximos capítulos, a golpista vai revelar que o filho de Helena está vivo e no Rio de Janeiro. Especula-se que seja Marcos (Luan Argollo), fruto do caso de Bruno (Luan Argollo) com a ruiva na juventude. Paula desconversa e não entrega nenhum spoiler, nem tampouco comenta o que levará a personagem a sequestrar Sérgio em um momento de desespero.

"Ela não tem mais nada a perder, se agarra ao que ainda pode ter. Passou a vida assim, já deu vários golpes, mudou de identidade. É uma personagem deliciosa, que veio com muitas máscaras. Chegou mais no humor, mas foi enterrada viva, e aí a coisa ficou séria! Esconde de um lado, expõe do outro. Todo ator quer um personagem que perca as estribeiras, que fique com o eixo alterado. Dramaturgia é conflito, e para ela não está faltando (risos)", filosofa.

Míriam tem defesa?

A atriz reconhece que precisa fazer uma certa ginástica mental para defender as atitudes de Míriam em Elas por Elas. "Eu aprendi desde cedo na carreira, com um diretor argentino, que o ator não pode julgar o que seu personagem faz, senão não consegue entender seus meandros. Por mais questionável que ela seja, eu preciso tentar entender onde ela se justifica."

Como atriz, eu defendo ela completamente, vou fazendo os caminhos para entender o porquê. Como Paula pessoa física, obviamente condeno as atitudes dela. Mas é maravilhoso entender os labirintos humanos dessa criatura. Ela acredita mesmo que ajudou, justifica tudo o que faz com sua infância difícil. Só que ela pegou um atalho bem torto no caminho...

Nas ruas, Paula Cohen diz que o retorno do público tem sido curioso. "No Réveillon, eu fui para Copacabana na virada, depois voltei caminhando por Ipanema, e uma moça estava me seguindo. Ela falava: 'Tu é ruim demais, mas eu gosto de você' (risos). Essa coisa da maldade nas novelas é engraçada, mexe com o imaginário das pessoas", especula.

"Acho que a vilania acende um sentimento contraditório. Você quer punir, mas ver aquilo liberta o seu universo fantástico. Porque todo mundo tem essa dubiedade dentro de si, mas nós vivemos em uma sociedade, com seus valores, então você se controla. Quando a personagem tem uma ética tão torta, é quase que uma maneira de expurgar todas essas vontades."

Escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, Elas por Elas é uma releitura da trama criada por Cassiano Gabus Mendes (1927-1993) em 1982. A novela deve ser substituída por No Rancho Fundo, de autoria de Mario Teixeira, na faixa das seis da Globo.

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