Quanto tempo Faustão pode esperar por um coração? Como é a fila do transplante?

Aos 73 anos, Fausto Silva aguarda na fila por um transplante de coração. O apresentador está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com insuficiência cardíaca. O cardiologista Marcos Tenuta Jr., do Hospital do Coração (Hcor), explica quanto tempo o comunicador poderá esperar para passar pela cirurgia.

Em entrevista ao Notícias da TV, o médico fala sobre o problema de saúde enfrentado pelo veterano, que está hospitalizado desde 5 de agosto, enquanto recebe medicamentos para se manter estável.

"A insuficiência cardíaca não é bem um diagnóstico, mas sim uma síndrome clínica. Ou seja, é um conjunto de sintomas e sinais encontrados pelo médico ao examinar o paciente, que resultam de algum dano funcional ou estrutural ao sistema cardiovascular, inferindo que há falha no bombeamento do sangue pelo coração e consequente congestão, que é o represamento de líquido no organismo", detalha.

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Segundo Tenuna Jr., a insuficiência cardíaca pode ser detectada de algumas maneiras por meio de uma avaliação do comportamento do paciente. "Essa situação é marcada por dois sintomas típicos: fadiga e falta de ar, que, inicialmente, acontecem com esforços e, quando o quadro avança, podendo ocorrer mesmo em repouso."

Como consequência, os pacientes portadores de insuficiência cardíaca têm comprometimento da qualidade de vida por limitação física e ficam vulneráveis a internações e risco aumentado de morte.

Transplante

O médico destaca que o tempo de espera para o transplante de coração pode variar, dependendo da situação de cada paciente. Apesar de todos terem que enfrentar uma fila, uma "escala de priorização" é utilizada para definir os casos mais urgentes.

"São priorizados os pacientes mais graves, aqueles que estão internados e dependentes de medicação endovenosa para manter o funcionamento do coração, assim como os pacientes que estão piorando rapidamente."

A fila de transplante no Brasil é única e gerenciada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Quando o médico especialista identifica um paciente candidato a transplante, o submete a uma série de exames obrigatórios e o inscreve na fila, compartilhando os dados clínicos com a central nacional.

"Da mesma forma, quando surgem os órgãos doados, eles são analisados com exames de compatibilidade, conflitando-os com os pacientes em fila. Aquele paciente que for compatível e que estiver em prioridade recebe o órgão doado", esclarece.

Para facilitar essa comunicação entre doador e receptor existe o Cadastro Nacional de Transplante, que é feito por meio do portal Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A plataforma do governo reúne nomes de quem está na lista de espera por uma doação de órgão.

"O cadastro é único e faz a análise de todos os pacientes inscritos e dos órgãos doados, selecionando precisamente o órgão doado para o doador mais compatível e prioritário", explica o cardiologista.

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 65 mil brasileiros esperam atualmente por transplante no Brasil. Cerca de 380 deles (inclusive Fausto Silva) aguardam por um coração.

Tratamento e prevenção

Enquanto aguardam pela cirurgia, os pacientes com insuficiência cardíaca precisam ser tratados com medicamentos específicos. "O tratamento consiste na descongestão, ou seja, na eliminação do excesso de líquidos acumulados no organismo", diz o médico.

"Isso é feito utilizando diuréticos e/ou hemodiálise e medicações para melhorar a performance do coração, chamadas de drogas vasoativas, que interferem na frequência cardíaca, na pressão arterial e na força de contração cardíaca. Ocasionalmente, podemos utilizar bombas artificiais que auxiliam temporariamente a função do coração", acrescenta.

O médico destaca que cuidados podem ser tomados como forma de prevenir problemas de insuficiência cardíaca. Passar por exames de rotina deve ser um hábito indispensável na vida de qualquer um:

A prevenção da insuficiência cardíaca é feita nos check-ups e na saúde básica. É importante tratar corretamente as doenças que levam a esse estado, como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, a obesidade, o infarto agudo do miocárdio e as doenças das valvas do coração, por exemplo.

Como está Faustão?

João Guilherme Silva, filho de Faustão, atualizou o estado de saúde do pai. O herdeiro do apresentador se pronunciou na segunda (21) ao deixar o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

"Ele está bem, passei a noite aqui com ele. Está bem. Agradecemos o carinho de todos", informou Silva à CNN Brasil. Faustão está passando por diálise e foi incluído na fila de transplantes, gerenciada pelo SUS.

O boletim médico de domingo (20) informou que a cirurgia precisará ser feita para completar o tratamento cardíaco. "Em virtude do agravamento do quadro, há indicação para transplante cardíaco. O paciente está em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração", diz a nota enviada pelo hospital.

A notícia de que Faustão estava hospitalizado foi confirmada na quinta (17), 12 dias depois de o apresentador se internar no Albert Einstein. Afastado de seu programa na Band, ele voltou de uma viagem para Miami e foi direto para lá.

"Em 5 de agosto, Fausto Silva deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein para tratamento de insuficiência cardíaca, condição que vem sendo acompanhada desde 2020. Ele encontra-se sob cuidados intensivos e, em virtude do agravamento do quadro, há indicação para transplante cardíaco", informou o comunicado do hospital.

"O paciente está em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração. Fausto Silva já foi incluído na fila única de transplantes, regida pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que leva em consideração, para definição da priorização, o tempo de espera, a tipagem sanguínea e a gravidade do caso", completa a nota.