Ator de Império teme fim do cinema sob gestão Bolsonaro: 'Não sobrevive'

Intérprete de Josué na novela Império, Roberto Birindelli teme o fim do cinema brasileiro se Jair Bolsonaro for reeleito presidente do país. "Não sobrevive mais quatro anos", projeta o ator uruguaio. Ao Notícias da TV, o artista que dá vida ao fiel escudeiro de José Alfredo (Alexandre Nero) na novela das nove da Globo também avalia que o cenário político atual da América Latina é assustador.

Apesar de ter se radicado no Brasil, Birindelli pretende se mudar para outro país e só retornar a trabalho, mesmo sabendo que as oportunidades estão bem escassas no setor cultural devido à atual gestão governamental. 

"Eu estou fazendo a documentação de residência em outro país, que não é o Uruguai. Eu devo ir para o Panamá, mas já recebi propostas de ir pra Lisboa [Portugal], que também estou cogitando. Porque assim, eu sou bicho de cinema, não sou bicho de TV. E cinema está cada vez mais parado, e o que mais anda movimentado são as séries", começa.

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"E o que os produtores fazem? Fazem as séries e captam o material já pensando em captar com formato de cinema, já que aquele cinema puro, pensado e idealizado diretamente para uma tela grande, não sei quando voltará. Fora que temos uma Ancine [Agência Nacional do Cinema] parada e um governo que vai fazer o possível para matar o cinema", avisa ele.

Muitos estão dizendo que o cinema brasileiro está parado por causa da Covid-19, mas não. Quando a pandemia passar, a gente vai se dar conta que esse governo sem pandemia não vai permitir o cinema, como não vai permitir leis de incentivo à Cultura, nada.

Jair Bolsonaro extinguiu o Ministério da Cultura no seu segundo dia de governo e criou a Secretaria Especial da Cultura, atualmente gerida pelo ator Mário Frias --que assumiu a pasta no lugar de Regina Duarte. "Então, se existe a possibilidade de uma reeleição, o cinema não sobrevive mais quatro anos", analisa o ator.

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América sombria

Uruguaio, Roberto Birindelli interpretará um general paraguaio em Nos Tempos do Imperador, próxima novela inédita das seis da Globo. Ele também já viveu um boliviano na série 1 Contra Todos, da Fox, além de outros papéis em que deu vida a argentinos. Questionado sobre como enxerga a América Latina atualmente, o ator lamenta o cenário político e social atual.

"Nesse momento, na América, nós estamos na era das trevas, estamos na Idade Média. Nós vamos ter uma Copa América com mais de 2 mil mortos por dia [só no Brasil] e com um monte de turistas, que provavelmente vão trazer cepas novas de outros lugares", se revolta o artista, que também integra o elenco da série Dom, do Prime Video. 

O que eu falo da América agora, quando a Colômbia está num estopim, a Venezuela deu no que deu, a Argentina festejando que empurrou a Copa América pro Brasil. Devia se chamar Cova América. Eu não vou chegar num lugar-comum de chamar de genocídio, mas nós estamos num momento em que há uma mortandade planejada.

"Eu ouvi de um cara que a quantidade de pessoas de terceira idade morrendo está resolvendo o problema da Previdência Social. O que nós temos é uma luta de classes como nunca antes vista fantasiada de Covid e de um monte de coisa", define.

"Vai num bar onde os garçons têm que estar de máscara, tem mais 200 pessoas, das quais [no mínimo] oito devem estar contaminadas, conversando umas com as outras nas mesas, enquanto quem está trabalhando precisa usar máscara. A gente não está falando de Covid, a gente está falando de luta de classes", finaliza Birindelli.

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