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EDUARDO MARTINI

Grisalho por Clodovil, ator é confundido com idoso e ganha assento preferencial

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Eduardo Martini com terno e camiseta brancos, segurando um buquê de flores

Eduardo Martini caracterizado como Clodovil Hernandes no espetáculo Simplesmente Clô

Intérprete de Clodovil Hernandes (1937-2009) no teatro, Eduardo Martini  encara uma maratona de seis horas de caracterização para conseguir deixar o cabelo igual ao do estilista. Elogiado pela semelhança no palco, ele enfrenta uma situação no dia a dia que virou motivo de piada: passou a ser confundido com idoso e já recebeu assento preferencial em uma ocasião.

"São seis horas para tingir o cabelo, além de todo o tempo que preciso dedicar para hidratá-lo, porque a química é muito forte. Fica muito parecido com o do Clodovil, mas o pior é quando você entra em um lugar e a pessoa levanta para você sentar, achando que sou idoso, ou me aponta a fila preferencial no banco", diz o ator de 60 anos ao Notícias da TV, aos risos.

Usar peruca nunca foi uma opção para Martini. No processo de criação do espetáculo Simplesmente Clô, ele não quis partir para a artificialidade ou para a caricatura em respeito à trajetória do estilista, que, em sua visão, era exageradamente natural.

"Clodovil tinha esse lado de achar coisas que não estavam certas, e ele falava o que pensava abertamente. Isso é democracia. Ele era ríspido, grosso. E eu falo isso no espetáculo: 'Eu era, porque sou a favor da verdade, detesto esse minimalismo, esse coitadismo que as pessoas colocam umas nas outras'", comenta o ator.

Eduardo Martini estudou a vida e os trejeitos de Clodovil há mais de dez anos para interpretá-lo no teatro. Durante o processo de criação da obra, ele diz ter sentido a energia do estilista, e dessa maneira conseguiu reproduzir, de maneira fidedigna, a impostação da voz, o caminhar, o sentar e o olhar. O único detalhe que ele deixou de fora foi a gargalhada.

"Não consegui. Me incomoda tentar fazer a gargalhada do Clodovil, que é igual à da Hebe [Camargo, 1929-2012], é muito característica e isso me incomodou. Eu não dou risada o espetáculo inteiro", admite.

Clodovil era completamente diferente de mim. Ele tinha a mão muito dura. E eu tenho a mão da dança, que é mais maleável. Eu senti a presença dele na hora que comecei a fazer o jeito de andar, de sorrir, de olhar, aquela olhadinha que ele dava e que era uma metralhadora.

Para compor o cenário do espetáculo, Martini contou com poucos recursos. Colocou no palco um tapete e uma cadeira de sua própria residência, e mandou reproduzir  com tecidos mais modestos três vestidos assinados por Clodovil. No palco, é ele, a iluminação e o texto.

Simplesmente Clô mostra o estilista refletindo sobre vários acontecimentos de sua vida, como trabalhos, amizades e relacionamentos, como se estivesse prestes a partir deste plano. E o público, segundo Martini, não segura as lágrimas.

"É como se passasse um filme na cabeça do Clodovil. As pessoas saem muito emocionadas. Fizemos um inventário sobre a vida dele e pegamos o que há de melhor para ser contado", explica.

Simplesmente Clô está em cartaz às quintas no Teatro das Artes, no Rio de Janeiro, e aos sábados e domingos no Teatro União Cultural, em São Paulo.


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