JUZÉ E LUKETE
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Juzé e Lukete como Totonho e Palmito no final de um dos capítulos de No Rancho Fundo, da Globo
Reprisar um papel não é tarefa fácil, ainda mais quando ele foi tão inovador em sua primeira vez. Quando Juzé e Lukete surgiram na TV, em Mar do Sertão (2022), eles ganharam o público também pela novidade. A ideia de usar os repentistas para apresentar as cenas dos próximos capítulos de forma bem-humorada fez sucesso, e eles foram convocados para voltar em No Rancho Fundo. Agora, porém, precisam se manter atentos para ainda causar o fator surpresa nos espectadores.
O "tem mais, passe depois" e o "quero te pegar, bebê" se mantêm, assim como vários outros bordões e paródias que bombaram em Mar do Sertão. Eles, afinal, fizeram um balanço de tudo o que funcionou em Totonho e Palmito --nome dos repentistas na trama-- em sua primeira novela.
Ao Notícias da TV, os dois confessam que já imaginavam que voltariam à Globo. "Conseguimos criar um formato que agrada a muita gente. À nossa equipe e aos espectadores. Isso, de fato, já é muito difícil de alcançar, visto que não existia algo nesse estilo. Tivemos êxito. Esse é o melhor balanço, e a volta confirma isso. Sempre tentamos inovar, dessa vez estamos conseguindo também diante de toda liberdade que nos dão de criação", afirma Juzé.
"Criar nosso próprio texto abre caminhos para as novidades, e sentir que a equipe já se acostumou com nosso trabalho é o que dá tranquilidade pra seguir", completa o músico. Lukete, seu parceiro, diz se divertir com a perspectiva de reproduzir e melhorar seus personagens.
Quando chegou o convite, os dois já tinham tudo mapeado. Embora não sejam de fato repentistas --os dois são músicos e fãs do trovadorismo, mas não trabalham com isso; quem o faz são seus personagens--, eles haviam se especializado ainda mais para o novo desafio.
"Tínhamos lá no fundo essa esperança. De falar com as pessoas mais uma vez através da arte do trovadorismo. Nós dois amamos muito isso, faz parte de nossa medula artística. Esse é mais um presente que a arte nos dá. Poder voltar, brincar e sorrir pro nosso povo. Trazer música, poesia e Nordeste na Globo", afirma Juzé, que se define como músico acima de tudo.
Lukete, mais voltado à atuação, define a experiência como um "privilégio". "É uma escola. Estamos seguindo tudo que deu certo em Mar do Sertão e trazendo coisas novas também. Sempre em busca de algo que surpreenda o público", arremata.
Para ele, a transição para No Rancho Fundo foi mais brusca. Ele vivia dois personagens em Mar do Sertão: além de Palmito, o ator também era Casimiro, um assistente do jornalista Eudoro Cidão (Érico Brás).
A rotina de gravações está bem mais leve agora, e essa é de longe uma das mudanças menos abruptas em sua vida. O rapaz é formado em Engenharia Ambiental, mas se afastou da profissão para viver da arte. "Ter dado um coice na Engenharia para fazer teatro, musica e poesia foi minha melhor escolha da vida. Tudo mudou! Nasci!", declara.
Entre uma novela e outra, os dois ainda lançaram um EP juntos. Visse & Verso conta com músicas compostas e gravadas por eles ainda na época de Mar do Sertão. O álbum vai do brega funk ao forró, do trap à bossa nova, passando por temas como amor, saudade e sabedorias sertanejas. É uma junção do repertório dos dois.
A base disso tudo é a vivência de Juzé e de Lukete. "Falamos do que consumimos, durante a existência de cada um. Em ambos, percebem-se influências diversas. Somos ecléticos e sempre fomos. Isso constrói nossos raciocínios e também novas invenções", diz o intérprete de Palmito.
divulgação
Lukete e Juzé na capa de Visse & Verso
A conexão entre eles é tanta que eles sequer conseguem definir uma "divisão" de trabalho. Os dois concordam que fizeram o EP inteiro juntos, etapa por etapa. Claro, eles tiveram uma equipe para auxiliá-los: Marília Maia e Manu Souza, produtoras, coordenaram um grupo de audiovisual, e o produtor musical Jefferson Brito "deu o verniz que faltava" nas músicas, afirma Juzé.
O intérprete de Totonho assumiu a responsabilidade pelos acordes de violão e pelos assobios, enquanto Lukete ficou com o beat box. Mas o processo de pensamento foi conjunto.
"Nós nos sentimos livres na presença do outro e temos a segurança de devanear sem medo de errar. O EP traduz muito do que somos, condensa a ampla forma de a gente fazer arte. Ali está a digital de nós dois", diz Juzé.
"[O processo] Não foi muito arquitetado. [O EP] Tem certa lógica, mas descrever lógica diante da loucura que são nossas cabeças pode não ter muita lógica", arremata o paraibano, aos risos.
A sintonia entre os dois não é tão recente. Eles se conheceram durante a pandemia, em 2020, no que chamam de "encontro divino". Questionados pelo termo, os dois são incisivos: "Pelos acontecimentos, as congruências, as canções que criamos... São duas cabecinhas que se entendem bem quando criam. A arte nos uniu", afirma o Casimiro de Mar do Sertão.
De lá para cá, eles viveram um "misto de emoções" --sempre com muita arte. Foram os dois que tiveram a ideia de levar o trovadorismo para as cenas dos próximos capítulos, ideia prontamente acatada pelo diretor de Mar do Sertão, Allan Fiterman.
"[Tivemos] Aventuras artísticas que aumentaram nossa certeza na escolha do nosso caminho. Foi um período que também engrandeceu nossa amizade. Entre erros e acertos, estamos juntos e nos divertindo com nossa arte mais uma vez", filosofa o violeiro.
A partir de então, a dupla viveu encontros e reencontros. Um deles é com Suzy Lopes, a fofoqueira Cira da novela. Lukete a considera uma "grande referência" na arte. "Ela me dirigiu em quatro espetáculos, me preparou como ator, me ensinou muito", revela.
Juzé, por sua vez, frequentou os saraus da artista em João Pessoa. Depois, cantou e tocou Gota D'Água, de Chico Buarque, em um dos espetáculos dela --à convite de Lukete, claro.
reprodução/TV globo
Juzé e Lukete em Mar do Sertão (2022)
Welder Rodrigues, o trambiqueiro Sabá Bodó, se uniu tanto aos rapazes que praticamente os intimou a fazer o design da capa de Visse & Verso. Designer gráfico, ele exigiu assinar o EP.
"No dia em que nos conhecemos, ele já disse: 'A capa do álbum é minha, tudo é comigo! Se fizerem com outra pessoa, eu me chateio'. Aí aceitamos, né?", brinca Lukete.
Apesar do lançamento do EP, o foco dos dois agora é No Rancho Fundo. "Eu preciso focar no projeto do momento. E faço isso sem receio. Adoro trabalhar, sou viciado no meu ofício. Já enlouqueci de pegar muitos trabalhos ao mesmo tempo. Mas procuro me organizar pra que eles não sejam pontos que eu passei por passar, e sim para que sejam marcantes em mim com o prazer de existirem, e não serem apenas demandas", diz o Totonho da novela.
Produtor musical, Juzé já trabalhou ao lado de nomes como Elba Ramalho, Lucy Alves e Juliette. O artista admite que a música é sua "maior expressão artística" e o "consome de forma ciumenta", mas ele próprio tenta se controlar para viver todas as oportunidades da melhor maneira.
"No momento, o universo de Totonho e Palmito me faz ter alegria de viver e trabalhar, e a música e poesia estão ali juntinhas com a atuação. Esse é o presente", arremata.
Leia também -> Resumo dos próximos capítulos da novela No Rancho Fundo.
Escrita por Mario Teixeira, No Rancho Fundo se passa dez anos após os eventos de Mar do Sertão (2022). A trama deve ser substituída em novembro por Garota do Momento, novela de Alessandra Poggi protagonizada por Duda Santos e Pedro Novaes.
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