CRISE
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Neymar comemora gol na vitória do PSG contra o Liverpool em partida válida pela Champions League
GABRIEL PERLINE
Publicado em 29/11/2018 - 5h23
Quase quatro meses após anunciar o fim dos canais Esporte Interativo, a Turner, enfim, admitiu o motivo do encerramento: o alto custo e o caixa negativo. "É difícil a conta fechar num canal de esportes porque os direitos de transmissão que levam o canal para cima são muito caros. Posso ter o campeonato de judô, que vai me dar 0,1 ponto de audiência, e nem quem patrocina a modalidade vai justificar o patrocínio. Você entra num modelo de negócio complicado", explica Antonio Barreto, gerente geral do grupo no Brasil.
A afirmação foi feita em conversa exclusiva com o Notícias da TV durante o MindNation, na noite de terça-feira (27), evento em que a programadora apresentou as novidades de seus canais para 2019.
Por mais que o Esporte Interativo tenha adquirido os direitos da Champions League e assinado contrato com clubes que disputam o Brasileirão, que começaram a trazer anunciantes para a Turner, sua programação abrangia outras modalidades que demandavam um alto custo operacional e acabavam deixando o caixa no vermelho.
"Se eu faço uma reprise de um jogo de futebol, tenho dez vezes mais audiência que uma final do judô. Mas faz sentido o canal ficar reprisando partida se você tem plataformas digitais que oferecem isso para quem quer assistir? A receita de televisão, especialmente para a TV por assinatura, ficou mais difícil porque existe uma grande concorrência por grandes direitos. E as audiências da TV paga são muito dispersas", justificou.
O fim dos canais foi anunciado em agosto após um ano de intensa análise dos executivos. Abrir mão da cobertura esportiva não era uma opção, já que robustos investimentos haviam sido feitos até então. Foi aí que surgiu a ideia de seguir o modelo norte-americano e distribuir o conteúdo para outros canaiso, como TNT e Space.
"Para ser sincero, o processo foi super dolorido. Não foi uma decisão emocional. Foi mais de um ano avaliando. E a gente viu os dois modelos de negócios: trazer grandes eventos esportivos para um canal de grande audiência ou ter um canal de esportes em que você começa a buscar eventos para justificá-lo", disse.
Segundo ele, o esforço de montar um canal com várias modalidades acabava, às vezes, tirando a atenção dos principais produtos da grade.
"Você está tentando criar audiência para eventos que têm audiência fiel, mas muito pequena. Basquete, judô, handebol, a gente já fez tudo. É uma estrutura cara, complexa, que exige uma remuneração, e não conseguimos traduzir o desejo dessa audiência em grana para tocar o canal", afirma.
"Estávamos fazendo um esforço muito grande para criar canais de televisão de esportes, com grade 24 horas, e perdendo o foco do que era importante, que é o conteúdo", completou.
Embora os canais Esporte Interativo tenham saído do ar, a marca continua ativa nas mídias sociais _ YouTube, Facebook, Twitter e Instagram, além do EI Plus, plataforma OTT da empresa.
Futebol é a alma do negócio
No evento desta semana, a Turner anunciou os nomes dos 17 clubes brasileiros com os quais assinou contrato e adquiriu os direitos de transmissão na TV paga, rompendo a hegemonia do Sportv (do Grupo Globo), que passam a valer a partir de 2019. Desses, apenas sete disputarão a Série A: Palmeiras, Santos, Ceará, Fortaleza, Internacional, Atlético-PR e Bahia.
Foram dois anos de negociações. Embora os valores não tenham sido revelados, o investimento foi muito alto --e bastante atrativo, a ponto de fazer os clubes romperem com a gigante Globo.
"Isso é negócio, e uma grande parte da renda dos clubes vem da televisão. Então, se não tiver dinheiro, não tem negócio. E tem que acreditar que você está fazendo uma parceria de valor e que essa parceria vai elevar o valor do ativo que o clube tem. Os clubes viram na Turner uma oportunidade de arbitrar esse valor no mercado. Se tem só a Globo e ninguém mais questiona, quem define o valor é a Globo. Se existe outro player no mercado, quem define o valor é o mercado", justifica.
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