COLUNA DE MÍDIA
REPRODUÇÃO/NETFLIX
Milly Bobby Brown em cena de Stranger Things; Netflix perde quase 1 milhão de assinantes
Desde o início do ano, a Netflix perdeu quase 70% de seu valor de mercado. No primeiro trimestre, a companhia anunciou que pela primeira vez na história havia perdido 1 milhão de assinantes e, no segundo semestre de 2022, esperava perder mais 2 milhões.
Nesta terça (19), ao anunciar que perdeu 970 mil --não os 2 milhões previstos--, a Netflix surpreendeu positivamente o mercado. As ações da empresa subiram 7% no after market. A empresa disse também que prevê adicionar 1 milhão de assinantes no terceiro trimestre.
Apesar do número menos pior que o esperado, a receita ficou abaixo do previsto, crescendo 8,6%, para cerca de US$ 8 bilhões. O lucro operacional caiu 15%. A Netflix disse que as flutuações cambiais, com a alta do dólar no mundo todo, pesaram sobre a receita e a lucratividade. A empresa projetou que o crescimento da receita diminuiria para 4,7% no terceiro trimestre.
A Netflix se beneficiou do lançamento da quarta temporada de Stranger Things em duas partes --a Parte 1 saiu em 27 de maio, e a Parte 2, em 1º de julho--, o que aumentou a taxa de retenção ao longo do trimestre para quem quisesse ver a leva completa de episódios.
Stranger Things 4 é a segunda série de TV mais popular da Netflix, acumulando mais de 1,3 bilhão de horas de exibição na plataforma nos primeiros 28 dias, segundo a empresa.
A Netflix também adiantou que aumentar o faturamento é uma prioridade. "Nosso desafio e oportunidade é acelerar nossa receita e crescimento de membros", disse a empresa, na carta aos investidores divulgada nesta terça.
A Netflix está trabalhando em uma série de medidas para aumentar sua base de assinantes e receita, incluindo a introdução de uma versão de seu serviço suportada por anúncios com preço mais baixo no início de 2023, além da repressão ao compartilhamento de senhas. Também tem procurado cortar custos, demitiu cerca de 5% de sua força de trabalho nos últimos meses, de acordo com uma fonte da coluna.
Semana passada, a Netflix jogou o Google para escanteio e anunciou que a Microsoft será seu parceiro de tecnologia e vendas de publicidade no mundo.
Cobrar mais de quem compartilha senhas é a medida mais polêmica das novidades. A empresa anunciou nesta segunda (18) que iria ampliar o teste que já está funcionando desde março no Peru, na Costa Rica e no Chile.
A partir de 22 de agosto, assinantes da Argentina, República Dominicana, El Salvador, Guatemala e Honduras terão de pagar mais para dividir a senha.
O gigante do streaming disse que irá oferecer a nova opção "adicionar uma casa", que cobrará dos usuários uma taxa mensal extra quando eles transmitirem por uma TV ou dispositivo localizado fora de uma residência principal vinculada à sua conta. A taxa será de 219 pesos (US$ 2,26) por mês na Argentina e US$ 2,99 por mês na República Dominicana, Honduras, El Salvador e Guatemala.
Os usuários do plano básico da Netflix poderão adicionar uma casa extra, enquanto os do plano padrão podem adicionar até duas casas extras, e os do plano premium podem adicionar até três casas extras. A Netflix detectará residências sendo usadas por meio de endereços IP, IDs de dispositivos e atividade da conta.
"O amplo compartilhamento de contas entre as famílias de hoje prejudica nossa capacidade de longo prazo de investir e melhorar nosso serviço", disse Chenyi Long, diretor de inovação de produtos da Netflix, em comunicado.
Além de "adicionar uma casa", a Netflix vem testando dois outros recursos desde março no Chile, na Costa Rica e no Peru, projetados para cobrar usuários que compartilham sua conta com pessoas de outra casa.
Por meio do recurso "adicionar um membro extra", os titulares de planos padrão e premium podem acrescentar subcontas para até duas pessoas com as quais não moram --cada uma com seu próprio perfil, recomendações personalizadas, login e senha.
Apesar das reclamações nos países em que o teste já está em andamento, a ampliação da cobrança mostra que a empresa está confiante nos resultados. A América Latina, apesar de estar aumentando a receita média por usuário da Netflix a cada trimestre, ainda é mais baixa em relação aos países desenvolvidos. A ideia é diminuir a diferença aumentando o preço por aqui.
Brasil e México, pelo tamanho da base de usuários, devem ficar para o final da fila na região, mas se nada mudar, é apenas uma questão de meses para a cobrança começar por aqui também.
Com a chegada de novas plataformas de streaming e a crescente concorrência, a Netflix viu seu mercado encolher e crescer o questionamento dos investidores em torno do modelo de negócio da empresa. Os custos de produção cada vez mais altos e a desaceleração do número de assinantes são os maiores problemas.
Como os resultados de hoje mostraram, o mercado parece já aceitar que a Netflix terá menos assinantes do que era a expectativa há alguns meses. Mas agora a empresa precisará entregar mais lucros. E a conta será dividida com os assinantes.
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