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Novos hábitos

Globo lança sua versão da Netflix e se rende à TV conectada à internet

Fotos Ramón Vasconcelos/TV Globo

Tela do Globo Play em tablet durante apresentação da plataforma à imprensa, nesta segunda - Fotos Ramón Vasconcelos/TV Globo

Tela do Globo Play em tablet durante apresentação da plataforma à imprensa, nesta segunda

DANIEL CASTRO

Publicado em 26/10/2015 - 15h07

A Globo lança no próximo dia 3 o Globo Play. Mais do que um aplicativo de celular, o produto será a versão da emissora para Netflix e iTunes. Será, igualmente, uma plataforma de OTT (over-the-top), como são chamados os serviços de distribuição de vídeo pela internet, que permitirá ao telespectador assistir a quase toda a programação da emissora _ao vivo, recente ou antiga_ em smartphones (Android e iOS), tablets e computadores.

Com o Globo Play, a Globo também finalmente se rende às TVs conectadas, oferecendo vídeos sob demanda. A partir de novembro, será possível assistir a todos os capítulos de uma novela ou de uma usando televisores conectados à internet, como se faz hoje pela Netflix. Pelas chamadas smart TVs, a Globo também oferecerá conteúdo em 4K, com qualidade de imagem quatro vezes superior à alta definição. O primeiro título disponível será a série Dupla Identidade, de 2014. Ligações Perigosas, minissérie que a emissora exibe em janeiro, será o próximo.

Carlos Schroder em apresentação do Globo Play

"Quando a gente olha ao longo do tempo, a gente percebe que há uma mudança permanente de hábitos da população. Há o crescimento das cidades, [novos] hábitos de trabalho, há o deslocamento nas cidades que fica cada vez pior. Então, isso faz com que a gente precise se atualizar justamente nessa relação da entrega de conteúdo para o espectador, para o consumidor", justificou o diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, em apresentação do Globo Play à imprensa, na manhã desta segunda-feira (26). 

A Globo diz que não, mas o Globo Play é, sim, uma evolução da Globo.tv, a atual plataforma de vídeos da emissora. A principal diferença agora é que os conteúdos da emissora estarão disponíveis para todas as telas. E a Globo passará a transmitir via streaming, no começo só para a Grande São Paulo e para o Grande Rio, toda a sua programação ao vivo.

Assim, o usuário que se contectar com o Globo Play nessas duas regiões metropolitanas será primeiramente convidado a assistir o programa que estiver sendo transmitido naquele momento. Navegando pelo aplicativo ou site, o usuário terá acesso a trechos de vídeos e íntegras de telejornais, programas, novelas, e séries, além de parte do acervo da emissora.

Outra novidade é que a partir de novembro as íntegras de telejornais, programas de variedades (Domingão do Faustão, Mais Você, Vídeo Show) e reality shows (exceto as câmeras exclusivas de BBB) passarão a ter acesso gratuito _hoje, somente assinantes da Globo.com podem, por exemplo, ver o Fantástico de ontem (25).

O Globo Play terá três tipos de acesso. Para se ver trechos de programas, por exemplo, basta dar play. Para ver a programação ao vivo em SP ou Rio, é necessário um cadastro, que também serve para as íntegras de telejornais, realities e programas de variedades. Somente as íntegras de novelas, séries e humorísticos exigirão a assinatura mensal de R$ 12,90.

A programação ao vivo terá todo o conteúdo da emissora, inclusive filmes, séries americanas e jogos de futebol. Na versão on-demand do Globo Play, no entanto, esses conteúdos não serão oferecidos. A oferta de programação ao vivo irá crescer aos poucos nas áreas de cada afiliada da rede.

Para consumir o Globo Play, é melhor ter internet móvel 4G ou fixa superior a 30 megas. Diretor de mídias digitais da emissora, Erick Brêtas avisa que o conteúdo consome muita banda. Ele recomenda conectar o celular a redes de wi-fi. "Gasta mesmo, gasta muito. Se você assistir a dois jogos em 4G, você pode estourar seu plano mensal de dados", alerta.

A data de estreia do Globo Play nas TVs conectadas ainda não foi marcada, mas será em novembro. O aplicativo estará disponível apenas para televisores das marcas Sony, LG, Samsung, Panasonic e Philips modelos 2013 em diante.

Reprodução/tv gLOBO

Camila Queiroz em cena do último capítulo de Verdades Secretas: marco na internet  

Verdades Secretas

Para Schroder, o televisor na sala de estar vai continuar sendo a principal forma de consumo de TV aberta, haja vista que 99,6% dos lares do país têm o aparelho. Mas o consumo de TV pela internet, com a melhora da qualidade da internet, já é uma realidade relevante e não pode ser ignorada.

Segundo ele, a novela Verdades Secretas bateu recorde de consumo digital no país. "Nós tivemos 140 milhões de pessoas assistindo à novela na TV aberta [durante pelo menos um minuto]. Na internet, foram 190 milhões de plays [de trechos ou íntegras de capítulos", conta.

O último capítulo da história trágica de Angel (Camila Queiroz), Alex (Rodrigo Lombardi) e Carolina (Drica Morais) teve 1,5 milhão de acessos na web. Se essa audiência fosse medida em pontos no Ibope, seriam oito pontos, de acordo com Schroder. O episódio, que teve 30 pontos de média nacional, ficaria assim com 60% de share (participação no total de televisores ligados). 

Com a Globo Play, enfim, a Globo mira no telespectador jovem, no telespectador que está em trânsito e também no telespectador maduro, que, por um motivo ou outro, perdeu o capítulo de seu programa preferido. "A gente acredita na retroalimentação do processo. Isso aqui [conteúdo na web, boa parte grátis] alimenta a grade de programação", diz o diretor-geral.


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