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EX-VICIADO

Ex-Bozo revela que virou palhaço após sofrer assédio sexual na Globo

Francisco C. Inácio/SBT

Arlindo Barreto, em 2006, na festa dos 25 anos do SBT: 'Fiquei velho para fazer Bozo' - Francisco C. Inácio/SBT

Arlindo Barreto, em 2006, na festa dos 25 anos do SBT: 'Fiquei velho para fazer Bozo'

JANAÍNA NUNES

Publicado em 26/10/2015 - 5h33

Aos 62 anos, Arlindo Barreto continua seguindo a máxima que o consagrou: está sempre rindo. Ele foi um dos mais carismáticos intérpretes do palhaço Bozo nos anos 1980, mas viu sua vida quase ser destruída pela cocaína _droga que hoje nega ter usado durante o trabalho no SBT. Depois de vários tratamentos, largou o vício ao virar evangélico.

Hoje, 30 anos depois, vive como pastor mambembe, rodando pelo país, e tem sua história retratada no cinema. Atualmente, Vladimir Britcha o interpreta em um longa que deve chegar às salas de exibição em 2016. Barreto, que fará uma ponta na produção incorporando Silvio Santos, conta com exclusividade ao Notícias da TV que só virou palhaço do SBT após sofrer assédio sexual de um diretor da Globo.

"Esse diretor global, que já morreu, queria que eu transasse com ele em troca de um papel. Nada contra, mas não sou gay. Eu o xinguei, o acusei de usar seu cargo para manipular as pessoas e ele me disse que eu nunca mais entraria na Globo. Ali, prometi que bateria na audiência da emissora um dia. Cinco anos depois, eu virei o Bozo e batia a audiência da Globo", relembra.

Barreto deixou de atuar na TV e no teatro há três décadas, mas o sangue artístico segue firme em suas veias, pois sua pregação é mais do que teatral. "E continuo completamente louco!", afirma, bem humorado. Ele é filho de Márcia de Windsor (1933-1982), uma das primeiras mocinhas da Globo. Ainda jovem, trabalhou em algumas emissoras, fez cinema, ganhou prêmios e virou galã. A carreira de ator ia bem até ele receber a proposta para o "teste do sofá".

Questionado sobre datas, ele desconversa: "Não sei. Fumava muita maconha, mas muita maconha mesmo. Naquela época, meu cérebro deixou de funcionar para datas".

Antes virar o Bozo, ele fez muita pornochanchada.  "Cansei de correr pelado pelas ruas de São Paulo. Fazia comédia nu, mas cansei daquilo. Ser ator é fácil, chorar é fácil. Tony Ramos é sempre Tony Ramos nas novelas. O difícil é fazer rir".

Arlindo Barreto em imagem recente (Acervo Pessoal)

Medo de palhaço

Por incrível que pareça, Barreto tinha medo de ser palhaço, pois sua mãe lhe dizia que uma vez pintado nunca mais poderia fazer um papel dramático no teatro. "Também temia muito a reação das crianças. Elas são autênticas. Se não gostam do palhaço, dizem na sua cara", diz.  Ele resolveu se arriscar depois que seu primeiro filho viu a versão americana do Bozo no SBT.

"O Silvio Santos comprou os direitos para se vestir de palhaço no [programa infantil] Domingo no Parque, mas acharam que aquilo não ficaria bem e ele passou a escolher os atores que fariam o Bozo", lembra.

Com a felicidade na profissão também veio o desespero. Ele se separou da mulher, que levou o filho, e sua mãe morreu. Entrou em depressão. "Fiquei mal e me disseram que a bebida me ajudaria muito, mas ela só me levou para baixo e fui para a cocaína para me levantar. Nunca havia cheirado no trabalho, pelo contrário, cheirava antes e ficava naquela ressaca horrível porque tinha que entrar animado no palco. Aquilo me derrubava", afirma.

Para piorar, Barreto tem a língua solta. Certo dia, no SBT, cutucou a Globo no ar ao cantar uma música com o nome de Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, na época diretor de operações da emissora) e foi suspenso por uma semana. "Tirei o sarro porque estavámos indo muito bem de audiência e porque sou palhaço! O que fiz foi errado. Silvio Santos é uma pessoa muita ética e cobra isso e seus funcionários. Errei, mas fui pra praia. Foram minhas primeiras férias após um tempo", diverte-se.

O Rei das Manhãs

Arlindo Barreto perdeu a conta dos problemas que enfrentou por conta da droga. "Fiz vários tratamentos pagos pelo SBT, mas não adiantava. Minha alma é que estava doente". Ele quer mesmo é falar do presente. Aliás, essa foi uma das condições para ceder os direitos de sua imagem ao filme O Rei das Manhãs, estrelado por Brichta.

"No contrato, está estipulado que uma parte do longa [25%] tem que abordar a virada da minha vida. Passei por muita coisa. Tive problemas com drogas, mas me recuperei, pedi perdão a quem magoei e vivo disseminando a palavra de Deus”, argumenta. Ele elogia a escolha de Vladimir Brichta para interpretá-lo. “Achei ótimo. Ele é bonito como eu era quando jovem”, diz.

reprodução

Arlindo Barreto no filme A Intrusa, de 1979: ele era ator antes de virar palhaço

De fato, o ex-Bozo fez sucesso com as mulheres. Tanto que foi casado dez vezes. E namorou famosas, como Gretchen e a atriz Angelina Muniz. Tem três filhos. O mais velho, Diego Barreto,  é dentista e se formou pela Universidade de Columbia (EUA). A mais nova, Stacy, é aspirante a cantora _ela participou do quadro Iluminados do Domingão do Faustão. Já David Gabriel, o do meio, estuda Rádio e TV e faz estágio na Gullane, produtora do filme que conta a história do pai.

Nesta semana, Barreto vai visitar o set de filmagem de O Rei das Manhãs."Serei o Silvio Santos no momento em que ele entrega o Troféu Imprensa para minha pessoa”, conta.

Muito velho para ser Bozo

Por falar em Silvio Santos, Barreto voltou a encontrar o ex-patrão na festa de 25 anos do SBT, em 2006. "Ele me perguntou o que estava fazendo e contei que era redator da dupla Patati Patatá. Silvio me perguntou por qual motivo eu não voltava a fazer o Bozo. Eu respondi: 'Porque estou velho!'. Ele riu".

Se quisesse, poderia continuar trabalhando com o empresário dos palhaços Patati Patatá, hoje no Discovery Kids. "Mas não posso porque perderia os fins de semana. Não poderia viajar para evangelizar, e é isso que gosto de fazer. Ter tempo livre para Deus", diz ele, que está pregando atualmente em Rondônia.

Nas ruas, Arlindo não é reconhecido como Bozo, porém diz não sentir saudades dos tempos de fama. "Arrastei multidões por muito tempo. Já tive o que queria. Estou na imaginação de muita gente. Fui a babá eletrônica da geração 1980", acredita. Mas não descarta voltar à TV (desde que não seja como palhaço). 

"Quem sabe agora com o filme não me chamam para fazer algo na TV. Poderia fazer uma novela bíblica tranquilamente. Aliás, faria qualquer papel. Menos de gay. Sou pastor. Respeito, mas acredito apenas na relação homem e mulher como Deus ensina", finaliza.


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