BALANÇO
Eduardo Lopes/TV Globo
O diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho, durante evento da emissora para o mercado
A Globo precisou apertar seu cinto para conseguir ter o lucro bilionário divulgado pelo Notícias da TV no último dia 20. A emissora enxugou seus custos e suas despesas operacionais em R$ 1,3 bilhão, 9% do total de gastos de 2022, para compensar uma pequena diminuição nas suas receitas. Segundo seu diretor-presidente, Paulo Marinho, a empresa teve faturamento de R$ 15,13 bilhões em 2023, contra R$ 15,16 bilhões no ano anterior.
Os números foram compartilhados por Marinho em um comunicado enviado a todos os funcionários da Globo nesta quarta-feira (27). A reportagem teve acesso ao documento interno. Na mensagem, o executivo valorizou as decisões tomadas pela empresa para dar lucro --mesmo que isso signifique demitir artistas e diretores que estavam há décadas na emissora.
"Os resultados financeiros de 2023 apontam que nossos investimentos em conteúdos, com destaque para os originais, a assertividade das diversas estratégias publicitárias e o esforço na alocação eficiente de recursos estão no caminho certo e reforçam nossa estratégia de negócio", escreveu.
O diretor-presidente ainda ressaltou a importância da publicidade nas receitas da Globo; de fato, R$ 9,57 bilhões dos R$ 15,13 bilhões arrecadados vieram da propaganda --o comunicado não faz distinção entre anúncios para TV aberta, paga ou streaming.
"A receita de publicidade teve boa performance, tanto no linear quanto no digital. As abordagens inovadoras, principalmente na televisão aberta e no digital, representaram movimentos importantes para a manutenção dos nossos resultados, apesar das contínuas flutuações do streaming e da tendência de queda do mercado de TV paga", justificou Marinho.
"Na receita de conteúdo, o Globoplay apresentou crescimento de 11% na base de assinantes, traduzindo-se em um aumento de 23% na receita líquida quando comparado com 2022. Além disso, o Premiere Play registrou um aumento de 80% em relação ao ano anterior", continuou o executivo. De acordo com o balanço, a Globo faturou R$ 5,11 bilhões com receita de conteúdo, programação e assinaturas.
Apesar da queda de R$ 30 milhões em faturamento de um ano para o outro, Marinho considerou que a receita líquida se manteve estável. "Resultado bem relevante, em que o nosso portfólio foi destaque para atrair anunciantes, uma vez que [em 2023] não tivemos grandes eventos, como a Copa do Mundo."
O comunicado não informou o lucro líquido da emissora, mas revelou que a empresa teve um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,2 bilhão, melhor resultado em quase cinco anos.
"A Globo recuperou os níveis pré-pandemia e igualou os ganhos de 2019 em termos reais. Importante considerar a enorme pressão inflacionária nesse período, que se aproximou de 30% no Brasil", ressaltou Marinho.
Sobre os cortes nas despesas, o executivo apontou que eles são essenciais para manter os resultados positivos --em 2021, a emissora teve prejuízo de R$ 174 milhões, e em 2022 só não ficou no vermelho porque vendeu a gravadora Som Livre por R$ 1,295 bilhão.
"Os custos e despesas operacionais diminuíram 9%. Uma redução importante para geração de resultados positivos, o que comprova que a responsabilidade com eficiência em custos deve ser um compromisso contínuo de todos nós."
"O ano de 2023 comprovou a força que temos quando trabalhamos juntos. Unindo esforços, colaborando e seguindo na mesma direção. Iniciamos 2024 com otimismo e certos da jornada que estamos trilhando para que possamos construir ainda mais histórias de sucesso. Juntos", finalizou o presidente, em tom de discurso motivacional.
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