COLUNA DE MÍDIA
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Felipe Neto e Jimmy Donaldson, o MrBeast; youtubers acumulam milhões de inscritos em seus canais
O influencer Felipe Neto postou no fim do ano passado, em seu perfil no Twitter, uma comparação de sua audiência durante uma live com a audiência de emissoras tradicionais. Segundo ele, seria o suficiente para ficar em quinto lugar entre as redes abertas no horário. Anunciantes devem estar fazendo, nesse exato momento, contas de alcance versus retorno do investimento entre televisão e influenciadores --eu já escrevi sobre isso anteriormente, quando o mesmo Felipe tinha feito uma live na Black Friday.
Entramos p/ história na última live.
— Felipe Neto #TheTrator25 (@felipeneto) December 22, 2020
Pelo IBOPE/SP, fizemos 3.2 pontos de audiência.
Isso nos colocou em 5º lugar entre todas as emissoras no horário.
Globo 20.3
Record 7.2
SBT 5.6
Band 5.3
Felipe Neto 3.2
RedeTV 2.0
Maior audiência TV por assinatura: 1
TV Cultura >1
Gazeta >1 pic.twitter.com/EX22pKuh4T
Há quem argumente dentro das emissoras que as TVs, se migrassem para o YouTube, conseguiriam o mesmo sucesso dos influencers. Apenas não vão porque o YouTube paga pouco. Mas essa tese não se sustenta. E diante do dilema do ovo e da galinha, o dinheiro ou o esforço no YouTube, a mídia tradicional deixou aberta uma avenida de crescimento para os influenciadores. E o fenômeno não se limita ao Brasil.
Nos Estados Unidos, o jovem Jimmy Donaldson abandonou a faculdade em 2016 para perseguir um sonho: entender como fazer vídeos virais no YouTube. Na época ele tinha 18 anos, mas postava desde os 12 (algo semelhante a Felipe).
Depois de muitas tentativas frustradas, Donaldson um dia sentou na frente da câmera e gravou a si mesmo contando até 100 mil. Hoje, com mais de 21 milhões de visualizações, esse se tornou seu primeiro vídeo viral.
rEPRODUÇÃO/YOUTUBE
MrBeast contando até 100 mil em vídeo
A história é bastante semelhante à de Felipe. Donaldson entrou no YouTube muito cedo, trabalhou árdua e diariamente na plataforma e reuniu um grupo de amigos para ajudar. E teve um crescimento colossal, com vídeos muitas vezes avaliados como "bestas" pela crítica, mas com audiência que compete com grandes emissoras de TV.
E a narrativa que somente crianças assistem aos influenciadores faz cada vez menos sentido diante dos gigantescos números de inscritos.
MrBeast, como Donaldson é conhecido no YouTube, acumulou mais de 48 milhões de assinantes. Felipe Neto tem 41 milhões. Nos últimos 28 dias, as pessoas passaram mais de 34 milhões de horas assistindo aos vídeos de MrBeast. Em um ano, ele supera 4 bilhões de visualizações. Em 12 de dezembro, MrBeast foi nomeado o Criador do Ano no Streamy Awards, o equivalente ao Oscar do YouTube.
Nenhum vídeo postado por MrBeast ano passado teve menos de 20 milhões de visualizações. "Depois que você aprende como tornar um vídeo viral, é apenas sobre como fazer o máximo possível. Você pode ganhar dinheiro praticamente ilimitado", declarou o jovem MrBeast, do alto de seus 22 anos, ao site da Bloomberg. Já Felipe afirmou ter perdido R$ 17 mil em novembro, quando o YouTube ficou fora do ar durante apenas três horas.
Calculando os danos...
— Felipe Neto (@felipeneto) November 12, 2020
A queda do Youtube por 2 horas, durante horário nobre, fez meu canal deixar de fazer 1.6 milhão de visualizações durante o período.
Tive em torno de 3.3 mil dólares de prejuízo, o que dá aproximadamente 17.7 mil reais.
Bizarro. pic.twitter.com/iinHF4LHxDNão existe uma fórmula exata, mas algumas práticas são comuns aos dois influenciadores: thumbnails chamativos, títulos autoexplicativos e os 30 primeiros segundos prendem a audiência. Mas, provavelmente, o fato de serem efetivos é entenderem tão bem o YouTube, por terem "crescido" junto com a plataforma.
Acima de tudo, os dois sempre tiveram como ambição e foco o YouTube. Diferentemente de cantores e artistas que "usam" a plataforma para divulgar outros projetos, MrBeast e Felipe Neto dedicaram a vida a isso. Parece simples, mas não é.
No caso de MrBeast, os vídeos que inicialmente custavam cerca de US$ 10 mil, hoje custam em média US$ 300 mil. E o vídeo mais caro que já produziu custou US$ 1,2 milhão.
Os vídeos de Neto ainda estão muito aquém desses valores (desvantagens do Brasil, onde existe a limitação da língua, e o real vale bem menos, assim como o valor pago pela publicidade), mas as produções estão mais elaboradas, e a equipe também cresceu. A live que o influenciador brasileiro realizou para a Americanas na Black Friday dá uma ideia do potencial dos vídeos de Felipe com maiores investimentos.
Por que isso importa
Curiosamente, enquanto as TVs vivem uma fase terrível de cortes e demissões, jovens como MrBeast e Felipe Neto parecem ter encontrado a fórmula de imprimir dinheiro na internet.
Bolha de pensamento
Não faria sentido levar Felipe e MrBeast para uma grande emissora? Provavelmente, não. Em uma emissora, eles teriam de seguir novas regras e correriam o risco de perder sua independência (ganhariam chefes que não entendem o que eles fazem). Mais do que isso, o talento dos youtubers está em entender o algoritmo do YouTube.
Pela mesma razão, emissoras de TV apanham no YouTube. Teria mais sentido criar programas pontuais com os influenciadores para explorar em streaming. Mas não subestime a força da plataforma! Felipe e MrBeast não repetiram o sucesso do YouTube em outras plataformas, como o Instagram e Twitter, por exemplo.
Felipe tem 12,5 milhões de seguidores no Twitter (muita gente, ok), mas é somente 31% dos seguidores em comparação com o YouTube. Resumindo, youtubers seriam eficientes para o YouTube, mas emissoras como a Globo não priorizam o YouTube.
MGM Studio busca comprador
O lendário estúdio está em busca de um comprador disposto a desembolsar US$ 6 bilhões. No pacote, filmes e séries como James Bond, Rocky, Exterminador do Futuro, O Silêncio dos Inocentes e O Conto da Aia.
Essa não é a primeira vez que a MGM tenta ser comprada. Há dois anos, o estúdio fez movimento semelhante para que a compra fosse realizada pela Apple.
Por que isso importa
Nas guerras de streaming, o conteúdo é rei. Ao contrário da primeira tentativa da MGM de se vender dois anos atrás, agora há dezenas de opções de streaming (HBO Max, Hulu, Disney+ e tantos mais).
Para concorrer com a gigantesca biblioteca de conteúdo da Netflix, um streamer mais jovem levaria anos começando do zero, produzindo novos personagens, programas e filmes sem certeza de sucesso. A alternativa é comprar uma linha de franquias amadas como a da MGM. Provável candidato: Apple TV+ (que tem necessidade e dinheiro).
Bolha de pensamento
Os donos da MGM são as gigantes Comcast e Sony e um grupo de empresas de investimento. Nadam na contramão das emissoras de TV que tentam lançar os próprios streamings.
Caso a venda se concretize, a vida da Globo e emissoras locais deve se tornar ainda mais dura, com cada vez menos opções de fornecedores de conteúdo de grandes franquias, que devem priorizar o conteúdo para o próprio streaming.
DIVULGAÇÃO/WARNER BROS.
Gal Gadot em Mulher-Maravilha 1984
Mulher-Maravilha ajuda Netflix
O sucesso da estreia de Mulher-Maravilha nos cinemas e streaming parece ter ajudado mais a Netflix, a Amazon e a Disney do que a AT&T, empresa de telecom dona da Warner Bros., produtora do filme.
Wonder Woman 1984 superou as previsões de bilheteria e ajudou a quebrar os recordes de uso do serviço de streaming HBO Max. O filme arrecadou valores fortes o suficiente para que a Warner Bros. anunciasse que aceleraria o último da trilogia.
Mesmo assim, enquanto as ações da Disney, Amazon e Netflix subiram, as da AT&T caíram.
Por que isso importa
O mercado gostou do que viu e acredita que cinema e streaming podem conviver (o que é bom para Netflix, Prime Video e Disney+). Por outro lado, não aposta na AT&T como uma vencedora na guerra do streaming.
OnlyFans de jornalismo
A Vice criou o primeiro canal de mídia verificado no OnlyFans. O grupo que produz reportagens e documentários disponibilizará conteúdo exclusivo para os assinantes na plataforma. O OnlyFans é notório por ser usado pela indústria do sexo, mas está tendando ampliar seu alcance.
Por que isso importa
Em meio a processos que acusam Google, Facebook e outras big techs de monopólio, é interessante observar que outras plataformas sociais estão conseguindo crescer.
Este texto é argumentativo e não expressa necessariamente a opinião do Notícias da TV. A Coluna de Mídia é publicada toda quinta-feira.
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