COLUNA DE MÍDIA
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Elenco da série Família Soprano: por estratégia da AT&T, obra dramática está no catálogo da HBO Max
A estratégia da gigante das comunicações AT&T de enviar todo o conteúdo da WarnerMedia ao streaming HBO Max, para desafiar a Netflix, é repleta de confusão estratégica e choques culturais, enquanto o "experimento da HBO Max está tropeçando", relata a CNBC, que ouviu executivos e ex-executivos do canal americano.
O primeiro compromisso da HBO Max, liderado pelo CEO da AT&T, John Stankey, e pelo CEO da WarnerMedia, Jason Kilar, que lançou o Hulu, foi enfatizado na semana passada com a decisão de colocar os filmes da Warner Bros. de 2021 na plataforma de streaming no mesmo dia dos cinemas.
"A crença de Kilar é --erroneamente-- que, se qualquer parte do conteúdo estiver disponível em qualquer lugar que não seja a HBO Max, isso diminui o valor da HBO Max", disse um executivo que recentemente deixou a empresa. "Jason [Kilar] está renunciando a bilhões em receitas ao virar as costas ao licenciamento para preservar o conteúdo para a HBO."
Para os críticos, John Stankey sofre da "Síndrome de Netflix": um desejo incontrolável de superar o concorrente. É fácil entender, as assinaturas da HBO caíram de cerca de 37,5 milhões em 2017 para 34,5 milhões em 2019. Ao mesmo tempo, as assinaturas globais da Netflix saltaram 50%, de 111 milhões para 167 milhões.
A AT&T também perdeu oportunidades de vender outras partes do negócio que poderiam aliviar o endividamento da empresa, como o Bleacher Report e o braço de videogames, diz a reportagem. Entre os problemas com a HBO Max, o serviço tem apenas 8,6 milhões de assinantes, em comparação com quase 74 milhões do Disney+, e foi lançado sem uma série de sustentação como The Mandalorian para impulsionar as assinaturas.
Outra preocupação é o plano de Stankey de levar publicidade ao serviço de streaming no segundo trimestre de 2021 e como isso afetará a programação das séries de assinatura da HBO. Em resposta à jogada de lançamento do filme da Warner, o analista da Benchmark, Matthew Harrigan, disse que "a frequentemente trapalhona HBO Max não é exatamente a 'estrela da morte' da Netflix".
E mais, a WarnerMedia avalia lançar dois novos serviços de streaming nos Estados Unidos, um em torno da CNN e o outro baseado em filmes da TNT, TBS e Warner Bros.
divulgação/warner bros. pictures
Gal Gadot em Wonder Woman 1984
Se a AT&T, uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo e dona da WarnerMedia, que produz filmes como Mulher Maravilha e é proprietária da HBO e de suas séries icônicas, como Os Sopranos (1999-2007) e Game of Thrones (2011-2019), tem dificuldades de concorrer com Disney e Netflix, imagine as demais empresas de comunicação.
Ninguém duvida que o futuro da TV é o streaming. Mas o que muitos questionam é se haverá espaço para todos os serviços de streaming lançados nos últimos anos. E ao longo do caminho vão sobrar muitos destroços, inclusive de negócios saudáveis destruídos na tentativa de lançar plataformas de streaming.
A ViacomCBS anunciou na quarta-feira que venderia a editora Simon & Schuster para a Penguin Random House, da Bertelsmann, em um negócio de quase US$ 2,18 bilhões (R$ 11,2 bilhões). A transação deve ser concluída em 2021. A estratégia da CBS é focar em seu streaming.
Em 2019, a Bertelsmann anunciou que pagaria US$ 675 milhões (R$ 3,4 bilhões) pelos 25% restantes da participação na Penguin Random House da empresa britânica Pearson, o que a tornaria a única proprietária da maior operação de publicação de livros do mundo.
A mudança da Bertelsmann para comprar toda a Penguin Random House veio seis anos depois que a Pearson surpreendeu a indústria ao combinar a Penguin e a Random House. Essa união, que reduziu as Big Six para cinco, segue em curso.
Desde 2013, o Hachette Book Group adquiriu várias empresas menores, incluindo a Hyperion, da Walt Disney Co., a Meadowbrook Press, com sede em Minnesota, e o grupo Perseus Books. Em 2014, a News Corp. adquiriu a gigante de romances Harlequin Enterprises, com sede em Toronto.
As emissoras de TV partiram para o tudo ou nada, e a aposta global é no streaming. Já as gigantes editoriais têm se "fundido" em busca de redução de custos e melhora do poder de barganha com a Amazon, que dominou o mercado global de venda de livros.
REPRODUÇÃO/MEMÓRIA GLOBO
Piasentini e Rodrigues foram demitidos da Globo
Cedo ou tarde a onda chegará no Brasil, e a Globo terá de tomar uma decisão difícil: manter ou não seus jornais, revistas e a tradicional área de livros. Por hora, o corte de custos está focado na folha de pagamentos (grandes salários na TV e cargos redundantes de operações unificadas). Mas, do ponto de vista da rentabilidade e perspectivas de futuras receitas, o ramo editorial da Globo faz pouco sentido.
Porém, sendo um negócio familiar e tendo em vista a relação histórica dos Marinho com a mídia impressa, a decisão não é apenas econômica. Então, a saída "salomônica" poderia ser transformar O Globo e as empresas do impresso em uma fundação, a exemplo do jornal The Guardian, na Inglaterra.
Não há venda, mas também há redução da necessidade de investimentos em áreas deficitárias ou de baixa margem de lucro. Em contrapartida, o impresso teria mais liberdade para cumprir seu papel institucional.
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Scorsese dá aula de filmagem na MasterClass
As empresas de tecnologia estão rapidamente assumindo o mercado de "experiências" online. De aula de culinária realizada por uma avó italiana a meditação com monges budistas em seu sofá. Basicamente, com essa ideia, o Airbnb salvou seu IPO.
Enquanto sua receita de viagens despencou durante a pandemia, sua plataforma de experiências decolou e caiu no gosto popular, o que assegurou até que a empresa lucrasse no último trimestre. Quem também entrou nesse mercado foi a Amazon, com seu Amazon Explore, em setembro.
Nessa lista também vale citar a MasterClass, plataforma de "entretenimento educacional" que traz personalidades de Hollywood, chefs e líderes de grandes empresas dando aulas divertidas sobre variados temas.
O mercado de entretenimento está se tornando cada vez mais segmentado, e os intermediários (TVs, revistas e jornais) perdem espaço para plataformas como Airbnb, que conectam produtores de conteúdo e consumidores.
Os programas de culinária e viagens na TV a cabo podem estar com os dias contados.
Este é um texto argumentativo. O Notícias da TV não compartilha necessariamente da mesma opinião do autor. Esta coluna é publicada toda quinta-feira.
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