TV aberta vs TV paga
Adriana Spaca/Notícias da TV
José Felix, CEO da América Móvil no Brasil, durante evento do mercado de TV por assinatura
DANIEL CASTRO
Publicado em 27/3/2017 - 21h02
Atualizado em 28/3/2017 - 5h15
Menos de 24 horas depois da Sky, a Net e a Claro tiraram a Record, o SBT e a RedeTV! de suas grades em Brasília e arredores. O corte aconteceu por volta da 0h30 desta terça-feira (28). Tudo indica que a mesma coisa acontecerá na Grande São Paulo nos próximos dias, após o apagão analógico na maior metrópole do país, previsto para as 23h59 desta quarta.
O Notícias da TV apurou que a estratégia das três redes abertas é justamente induzir as operadoras a cortarem seus sinais. Assim, esperam que os assinantes se voltem contra as empresas de TV por assinatura, protestando e cancelando seus contratos. Com as operadoras enfraquecidas, terão mais chances de negociar seus sinais por um bom preço.
As redes, que respondem por quase 20% da audiência da TV paga, avaliam que podem faturar de R$ 500 milhões a até R$ 3,5 bilhões por ano com as operadoras. Elas se inspiram na Fox, que conseguiu reajustar o valor de seus canais após tirá-los do ar na Sky, em janeiro.
Na última sexta (24), as três redes deram indicações claras de que querem levar a negociação ao limite. Passaram a exibir em seus intervalos comerciais e em telejornais o anúncio de que deixarão de ter seus conteúdos na TV paga na Grande São Paulo nesta quarta-feira. Acusam as operadoras de se recusarem a negociar um "valor justo" por seus sinais. Até a noite de ontem, no entanto, nenhuma operadora havia recebido proposta comercial, com uma sugestão de preço pelos sinais.
No mesmo dia, a Simba, empresa formada pelas três emissoras, enviou às operadoras uma notificação lembrando que elas precisam de autorização das redes para transmitirem seus sinais digitais nas cidades em que não há mais TV analógica. Nenhuma operadora tem essas autorização da Record, SBT e RedeTV!.
Baseadas nessa notificação, Sky, Net e Claro decidiram cortar seus sinais de Brasília. Juntas, elas somam mais de 15 milhões dos 18,6 milhões de assinantes do país.
Brasília foi a primeira grande capital a ter o chamado apagão analógico, em novembro do ano passado. Assim como em São Paulo, mais da metade dos lares do Distrito Federal recebe TV aberta via cabo ou satélite.
Com o fim da TV analógica, as emissoras de TV aberta podem cobrar por seus sinais, amparadas na lei 12.485, de 2011. A Globo cobra por sua programação desde 2014.
A postura das operadoras também tem sido dura. Elas argumentam que não podem pagar pelas redes abertas o que vem sendo veiculado pela imprensa. Legalmente, não podem reajustar os pacotes de assinaturas já existentes, a não ser pela inflação. A única forma de absorver os novos custos, dizem, seria um crescimento da base de assinantes, mas o setor está em crise desde 2014. Encolheu mais de 1 milhão de assinantes nos últimos anos.
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