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ANÁLISE

Redes fazem teatro de guerra e exageram ao anunciar corte de sinal na TV paga

Imagens: Reprodução

Marcelo de Carvalho, vice-presidente da RedeTV!, lê nota contra TV paga no RedeTV! News - Imagens: Reprodução

Marcelo de Carvalho, vice-presidente da RedeTV!, lê nota contra TV paga no RedeTV! News

DANIEL CASTRO

Publicado em 25/3/2017 - 8h58
Atualizado em 25/3/2017 - 19h18

Começou publicamente a guerra de três grandes redes abertas e a TV por assinatura. Em comunicado veiculado em suas programações, em programas como o Cidade Alerta e em vídeos de apresentadores em redes sociais, Record, SBT e RedeTV! estão acusando as maiores operadoras do país de intransigência. Dizem que Net, Sky, Claro e Vivo "não concordaram em pagar pelo direito de transmissão do sinal digital" delas e que "lamentam" não terem chegado a um acordo. Diante disso, anunciam que deixarão de ter suas programações em 90% da base de TV paga nacional a partir da próxima quarta-feira (29).

Puro exagero, autêntico teatro de guerra. Primeiramente, as próprias emissoras ainda não bateram o martelo se irão mesmo cortar seus sinais da TV paga já na próxima quarta, quando ocorrerá o apagão analógico na Grande São Paulo e as emissoras, em direito legítimo amparado pela legislação, poderão cobrar por seus sinais digitais.

Há muita coisa em jogo. A principal delas, uma provável queda de audiência, já que metade dos lares de uma das maiores metrópoles do mundo vê TV aberta por meio do cabo e do satélite.

Em segundo lugar, não é verdade que as operadoras se recusam a negociar com as emissoras. Os sinais da Record e do SBT são muito relevantes para elas, representam quase 20% da audiência, e essas empresas terão um sério problema se abrir mão das redes. 

A Simba, empresa criada pelas três emissoras para trabalhar a distribuição de seus conteúdos em ambientes monetizados, só anuncou a contratação de um negociador no último dia 13, portanto, há menos de duas semanas. Tido como um negociador duro e experiente, Marco Gonçalves, ex-BTG Pactual, teve muito pouco tempo para agir.

Somente na última quarta (22) é que Gonçalves sentou à mesa com executivos da Net e da Claro, que, juntas, são mais da metade do mercado de TV paga. Prometeu enviar uma proposta comercial para as operadoras da América Móvil no início da próxima semana.

Comunicado das três emissoras, lido por Celso Freitas no Jornal da Record de sexta (24)

Se ainda não houve proposta comercial, a rigor nem houve negociação. Se já há um diálogo, não há intransigência. É no mínimo exagero atingir a audiência de um Jornal da Record com um comunicado oficial em que se "lamenta" não ter chegado a um acordo, porque esse acordo ainda está para ser negociado.

A Net nega ter recebido proposta das três emissoras. A própria Simba confirma isso. Em nota no final da tarde de sexta, esclareceu "que está em negociação nesse momento com as operadoras de canal por assinatura e que fará todo o esforço para que o cliente dessas empresas não fique sem o conteúdo das três emissoras".

As operadoras de TV paga reconhecem a legitimidade da cobrança por seus sinais por parte da TV aberta. O que está em jogo não é se elas vão pagar ou não, mas quanto vão pagar. Obviamente, não irão desembolsar até R$ 15 por assinante que a Simba acredita que a programação das três redes vale. As emissoras abertas, por sua vez, não irão aceitar centavos, como as operadoras querem.

Toda negociação que envolve dinheiro é complicada. O corte dos sinais de Record, RedeTV! e SBT nas maiores operadoras do país é uma possibilidade muito forte, mas, até isso acontecer, muito cafezinho será consumido. Por enquanto, comunicado oficial anunciando que os assinantes ficarão sem essas três emissoras é terrorismo comercial.

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