NOS CINEMAS
Divulgação/Paris Filmes
Daniel Rocha em cena de Quem Vai Ficar com Mário?; nova comédia nacional estreou nos cinemas na quinta (10)
No ar na TV como o pegador João Lucas na reprise de Império, Daniel Rocha muda da água para o vinho em Quem Vai Ficar com Mário?, nova comédia nacional que estreou na quinta-feira (10) nos cinemas. Na trama, ele vive o personagem-título, um escritor gay que tem medo de assumir sua sexualidade para a família.
Nascido em Nova Petrópolis, cidade do historicamente conservador Rio Grande do Sul, Mário (Rocha) disse à família que se mudou para o Rio de Janeiro para fazer uma pós-graduação em Administração. No entanto, ele se tornou um escritor e autor de peças e mora há alguns anos com o namorado Fernando (Felipe Abib), diretor da companhia teatral Terceira Força.
Convencido por Fernando a abrir o jogo com a família, Mário volta à cidade natal para, enfim, sair do armário para seu pai, Antônio (Zé Victor Castiel), um conservador dono de uma cervejaria local. Seus planos acabam mudando quando seu irmão, Vicente (Rômulo Arantes Neto), acaba revelando ser gay antes do rapaz e causa um alvoroço familiar.
Para piorar a situação para o jovem, ele se vê atraído por Ana (Letícia Lima), a nova coach empresarial contratada por seu irmão para ajudar na administração da cervejaria. Fernando percebe que o namorado está estranho e resolve ir atrás dele, causando ainda mais problemas na cabeça de Mário.
REPRODUÇÃO/PARIS FILMES
Daniel Rocha e Felipe Abib vivem casal
Dirigido por Hsu Chien (Pé na Cova), Quem Vai Ficar com Mário? usa a comédia para fazer um discurso atual e importante contra o conservadorismo. Se a principal pauta explorada no longa é a da homofobia, o machismo também não fica de fora, e ambos são criticados de forma quase didática.
Com tantas mensagens abordadas, fica evidente que a luta do filme é pela aceitação de ser quem você e pela liberdade de as pessoas escolherem sua sexualidade sem preconceitos, sejam elas plurais ou não. O trisal inusitado formado por Mário, Fernando e Ana soa como um grito de apoio ao poliamor e ao avanço da sociedade brasileira como um todo.
A pauta positiva de Quem Vai Ficar com Mário?, no entanto, não salva a produção de sequências e piadas ultrapassadas. Há excesso de diálogos e trejeitos estereotipados, o que pode gerar diversas críticas da ala mais radical da comunidade LGBTQ+ --sem contar a escolha do diretor de escalar dois homens héteros para representar o casal principal.
Integrantes do núcleo da companhia teatral, Nany People, Victor Maia e Nando Brandão ajudam a oxigenar a trama com diversos momentos cômicos. A chegada do trio na casa de Antônio rende algumas das melhores cenas do longa de Hsu Chien.
Mesmo imperfeito, Quem Vai Ficar com Mário? é uma boa comédia nacional que, infelizmente, chega aos cinemas em um momento complicado do Brasil. Em tempos sem pandemia, a história do trisal teria potencial para entrar na prateleira de comédias que fazem sucessos de bilheteria e com mensagens tão importantes quanto o dinheiro arrecadado.
Assista ao trailer do filme:
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