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ENXURRADA DE CRÍTICAS

Livro é sempre melhor que filme? Amor e Gelato reacende a dúvida na Netflix

REPRODUÇÃO/NETFLIX

Protagonista do filme Amor e Gelato em cena do longa

Longa Amor e Gelato, da Netflix, é inspirado no livro homônimo de Jenna Evans Welch, de 2016

IGRAÍNNE MARQUES

Publicado em 2/7/2022 - 6h15

O filme Amor e Gelato, da Netflix, mal estreou na plataforma e já gerou um debate nas redes sociais sobre a fidelidade em relação ao livro de mesmo nome. Esse não é o primeiro trabalho do serviço de streaming inspirado em uma obra literária, mas o longa parece ter extrapolado algum ponto específico de qualidade na opinião dos fãs de literatura, os chamados bookstans. "É horrível", classificou um deles.

"Netflix simplesmente acabou com Amor e Gelato, meu Deus", escreveu uma usuária do Twitter identificada como Nana. "Como assistir à adaptação de Amor e Gelato com aquele elenco nada a ver", questionou Julia na mesma plataforma. "Apenas leiam Amor e Gelato, pois o filme é horrível, igual uma morte lenta", frisou Mariana Bedin.

A enxurrada de críticas em relação ao longa reacendeu o debate sobre adaptações literárias, um tema que já tinha sido levantado com a segunda temporada de Bridgerton. De acordo com os fãs, a série de época pareceu fazer tudo, menos seguir a história original.

A agente literária Guta Bauer, da Increasy, uma empresa de consultoria para novos escritores e editoras tradicionais, avalia que, mesmo com as reclamações dos leitores, pode-se dizer que as adaptações são um sucesso, porque quem leu o livro vai invariavelmente assistir à série ou ao filme.

"É uma tendência a se seguir porque deu muito certo, então eu entendo que as adaptações hoje são muito mais ricas [porque vieram] dos livros. Estão conversando e integrando muito mais à essência de cada um dos livros, então isso tende a seguir nesse foco", disse em conversa com o Notícias da TV.

A Netflix tem contratos para transformar outras histórias de livros em produções audiovisuais. Uma delas é o sucesso juvenil de A Seleção, da autora Kiera Cass, por exemplo, além de propostas mais maduras, como a adaptação Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, livro de Taylor Jenkins Reid.

Em ambos os casos, há uma preocupação por parte dos leitores. Os fãs reconhecem que há erros grosseiros em relação a Amor e Gelato, mas que isso não apaga acertos anteriores da plataforma.

A série Heartstopper é um exemplo de sucesso, assim como Para Todos os Garotos que Já Amei, a primeira temporada de Bridgerton e Um de Nós Está Mentindo.

"A dualidade da Netflix de produzir uma obra-prima como Heartstopper e uma bomba atômica como Amor e Gelato", opinou Nabrisa. "Meu medo da adaptação de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é que a Netflix às vezes entrega um Heartstopper da vida, mas também um Amor e Gelato", criticou Vih no Twitter.  

Tendência pós-pandemia?

Para Guta Bauer, a ideia dos serviços de streaming de absorver o mercado dos livros não é um movimento isolado, em especial quando se fala em literatura jovem. Esse é o caso de Amor e Gelato e Heartstopper, duas das adaptações mais recentes da Netflix.

"Já um pouco antes da pandemia, a gente vinha sentindo que o streaming em si estava procurando coisas que fossem joviais, adaptações que fossem integradas à realidade do jovem, à realidade das pessoas, que trouxesse um pouco da sensação de acolhimento", avalia.

Guta é responsável por apresentar obras a grandes editoras e até a vendê-las para o mercado audiovisual. Durante a pandemia, o trabalho não parou, mas a Covid-19 impulsionou a integração entre os dois mundos.

"Os livros vieram um pouco antes do streaming nessa mesma função, procurando se adequar às novas realidades e às novas possibilidades, então eles acabaram virando uma fonte. Eu sinto que aquele estilo de roteiro mais antigo, ele ficou batido, e aí voltou-se para uma fonte que estava já trazendo uma inovação um pouco antes", destaca.

Guta analisa que as pessoas passaram a ficar mais em casa, o que, consequentemente, aumentou o consumo de TV e serviços de streaming. "Isso acabou trazendo um boom de procura de audiovisual, de necessidade de adaptações novas, de necessidade de conversar com públicos mais diversos. E abriu muito os olhos das plataformas de streaming para isso, para essa necessidade, para adequação à rotina, à realidade, para se integrar e ao mesmo tempo de trazer uma coisa meio 'feel good'", complementa.

Além disso, Guta destaca que já há muitos escritores, inclusive brasileiros, como Ray Tavares, que trabalham com roteiro. "Os livros hoje já têm um olhar para o audiovisual, já têm um olhar para o streaming. Já tem uma profissionalização em relação a isso que é bem interessante de se perceber. Então você já vê livros muito mais visuais, trabalhados para serem visuais. E isso é porque com certeza essa tendência de adaptações acabou se tornando bem grande", finaliza. 

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