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REPRODUÇÃO/DISNEY
No filme, Fern (Frances McDormand) faz bico na Amazon, gigante do marketplace
Favorito ao Oscar 2021 de melhor filme e com seis indicações, Nomadland (2020) escancara a realidade cruel do capitalismo nos Estados Unidos. Dirigido, roteirizado, produzido e editado por Chloé Zhao, o longa conta a história de Fern (Frances McDormand), uma mulher desempregada que luta para sobreviver dia após dia.
Nomadland começa mostrando a viúva Fern reunindo todos os seus pertences em uma van, onde ela mora desde o colapso econômico da colônia industrial em que vivia com o marido, na zona rural de Nevada. A jornada da personagem é encontrar um emprego fixo em meio à escassez de oportunidades na terra do Tio Sam.
Com diálogos despretensiosos, o filme vai mostrando como algumas pessoas caíram na vida de nômades: pela falta de emprego --assim como a protagonista-- ou pela vontade de viver mais do que só trabalhar e morrer, como os personagens viram acontecer com pessoas próximas a eles.
Baseado no livro Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century (Nomadland: Sobrevivendo à América no Século 21, em tradução livre), de Jessica Bruder, o filme conta com três atores interpretando suas próprias histórias narradas na obra: Charlene Swankie, Linda May e Bob Wells.
O livro-reportagem foca em mostrar como ficou a vida de pessoas que perderam suas casas após a crise econômica de 2008 nos Estados Unidos, sendo que boa parte delas passou a morar em trailers em busca de trabalhos temporários em diferentes cidades.
A mistura da dramatização com a não-ficção do livro torna o filme interessante por não ser um documentário, mas ainda assim cumprir o papel de oferecer aspectos reais, como a falta de maquiagem nos atores, os relatos verdadeiros de experiências pessoas e um elenco inexperiente --com exceção para a duas vezes vencedora do Oscar Frances McDormand, que disputa sua terceira estatueta.
A trama transita de maneira lenta entre momentos solitários de Fern e conversas dela com colegas da vida nômade e até com pessoas que lhe oferecem moradia fixa para deixar uma reflexão no público: ela está naquela vida de andarilha por querer ou porque não tem escolha?
De qualquer forma, o que Nomadland escancara é que muitos norte-americanos não podem contar com auxílios do governo para sobreviver e são obrigados a lidar com aposentadorias miseráveis, além da corrida por empregos.
Em uma das cenas, Fern deixa claro que gosta de trabalhar, é uma professora aposentada, mas nem isso lhe favorece como candidata, o que a obriga a continuar atrás de pequenos bicos temporários, seja como cozinheira de lanchonete ou como operária de uma unidade da Amazon.
Apesar de em alguns momentos retratar o estilo de vida de Fern como uma liberdade bonita de se ver e como jornada de autoconhecimento, Chloé Zhao tomou o cuidado de não romantizar a vida nômade. A maioria das cenas toca no lado difícil, como defecar em um balde de plástico dentro da van, as faltas de perspectiva e de dinheiro e, é claro, a solidão.
Com Nomadland, Chloé Zhao se tornou a primeira mulher não-branca a vencer a categoria de melhor direção no Globo de Ouro. O longa também recebeu o troféu de melhor filme de drama na cerimônia. O mesmo feito foi reproduzido no Critics' Choice Awards.
De acordo com a site Gold Derby, que reúne palpites embasados de críticos e especialistas em premiações, a produção ganhará o prêmio máximo da noite, e Chloé se tornará a segunda mulher a vencer a estatueta de direção da maior premiação sobre a sétima arte--a primeira foi Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, em 2009.
Nomadland estreou nos cinemas brasileiros em 15 de abril e não tem previsão de chegada aos serviços de streaming no Brasil. Devido à pandemia da Covid-19, muitas salas permanecem fechadas como medida de prevenção contra a disseminação do vírus Sars-Cov-2, mas as regras variam de cidade para cidade, seguindo decretos municipais.
Confira o trailer do favorito ao prêmio de melhor filme no Oscar, Nomadland:
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