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PEDRO NERCESSIAN

Em distopia tropical, ator encara a morte e o fiasco humano: 'Natureza mesquinha'

REPRODUÇÃO/IMDb

O ator Pedro Nercessian caracterizado como Noah anda em uma rua com árvores e prédios bastante altos em cena de Nada de Bom Acontece Depois dos 30

Pedro Nercessian em Nada de Bom Acontece Depois dos 30: futuro nem tão distópico assim

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 4/8/2021 - 6h25

Em um momento em que as distopias estão cada vez mais no radar do audiovisual, Pedro Nercessian foi a Cannes mostrar que o Brasil também tem pensado em outros futuros possíveis --e não tão animadores assim. Ele protagoniza o curta Nada de Bom Acontece Depois dos 30, que traz um país em que as pessoas perderam o direito de envelhecer.

O ator dá vida a um homem em crise de consciência depois que o governo institui um programa para eliminar os cidadãos que chegam aos 30 anos para controlar a superpopulação. "A humanidade tinha tudo para triunfar e não consegue sair de sua natureza mesquinha. Acho que isso causa uma angústia que acaba indo para a tela do cinema", analisa ele ao Notícias da TV.

A história ganha ainda mais força em meio aos números da pandemia de Covid-19, que trouxe para o debate termos como necropolítica --criado pelo camaronês Achille Mbembe para designar o uso do poder político para decidir quem deve viver ou morrer.

Não à toa, Pedro percebeu nas conversas pelos corredores do Marché du Film, mostra paralela que acontece concomitantemente às competições, que a realidade brasileira tem gerado cada vez mais questionamentos no exterior

"Nosso momento político chama a atenção. O tamanho e força da nossa indústria são bastante reconhecidos, o que inclui também a nossa TV. Os comentários são sempre sem entender qual é a lógica de sabotar toda uma indústria que reverte tantos benefícios econômicos e identitários ao país", lamenta o carioca.

Resistência

Em um momento em que a cultura brasileira enfrenta descaso e falta de investimento, com direito a um incêndio na Cinemateca Nacional, Pedro destaca que o curta-metragem dirigido por Lucas Vasconcellos não recebeu qualquer apoio governamental para chegar ao festival.

Nosso filme não teve nenhum tipo de financiamento público. O que foi possível por uma equipe que em grande parte doou seu trabalho ao projeto. Acho que independentemente do filme estar em Cannes ou não, ele já era um ato de resistência. Todos os filmes feitos no Brasil são da mesma forma. Não falo isso com orgulho, falo cansado. Até quando fazer um filme será um ato de resistência?

Assista ao trailer:


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