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PORNOCHANCHADA

Conheça A Noite das Taras, sucesso de bilheteria que testou limites eróticos no Brasil

REPRODUÇÃO

Matilde Mastrangi em cena de A Noite das Taras: atriz olha para o lado esquerdo e está com o cabelo loiro solto e armado

Matilde Mastrangi em cena de A Noite das Taras: duas partes da pornonchanchada estão disponíveis no Now

THALES DE MENEZES

Publicado em 29/7/2020 - 7h00

A Noite das Taras (1980), um dos maiores fenômenos da história do cinema brasileiro, completa 40 anos e está disponível para quem tem acesso à plataforma Now, serviço de vídeo sob demanda da Claro. É uma chance de ver ou rever um caso raro de filme que ficou um ano e oito meses seguidos em cartaz nas salas paulistanas.

Embora desprezado pela maioria dos estudiosos da cinematografia nacional, o longa pode ser considerado um clássico. Principalmente entre aqueles que consumiram o pornô light brasileiro nos anos 1970 e 1980.

No período, os frequentadores dos cinemas do centro de São Paulo que lotavam sessões corridas eram, na maioria, estudantes matando aula, office-boys matando trabalho e aposentados matando tempo.

Depois de imenso sucesso, trazendo em seus elencos nomes conhecidos na TV como Nuno Leal Maia, Vera Fischer ou Wilza Carla (1935-2011), a pornochanchada estava em fase difícil no final na virada dos anos 1980. Havia uma pressão muito grande para que os filmes estrangeiros de sexo explícito fossem liberados no Brasil, apesar da censura severa da época.

Apostando numa inevitável flexibilização, alguns produtores e diretores brasileiros começaram a fazer filmes mais ousados, deixando as brincadeiras da pornochanchada e mostrando casais simulando sexo na cama, ou em qualquer outro lugar. O sexo era fingido, mas tentava passar credibilidade.

Na época, os fãs do gênero chamavam isso de "sexo implícito". Um filme que ia ao limite máximo de ousadia, mas sem mostrar penetração.

Exemplar mais bem-sucedido dessa proposta, A Noite das Taras tem três episódios, dirigidos pelos diretores mais destacados do gênero: David Cardoso, Ody Fraga (1927-1987) e John Doo (1942-2012). O roteiro mostra três marinheiros que chegam ao porto de Santos e têm uma noite de folga em São Paulo, na qual cada um se envolve com mulheres diferentes.

A Noite das Taras é um pornô que flerta com o terror e a violência. O primeiro episódio é o mais arrastado, quando o marinheiro encontra uma mulher prestes a se suicidar. A sequência de sexo é curta, mas numa desinibição nunca vista até então no cinema nacional. Nudez total, posições variadas e muito entusiasmo do casal.

No segundo episódio, aparece a única estrela no elenco, Matilde Mastrangi. Líder de uma quadrilha, com um trio de capangas muito engraçados, ela seduz o marinheiro para que ele tome parte de um crime. O sexo é farto, com Matilde exibindo seu corpão sem vacilar.

Na última história, o mais velho dos marinheiros se envolve com cinco garotas hippies que moram numa comunidade e decidem fazer sexo grupal com o sujeito. O que parece sorte para ele vai acabar se revelando um grande azar.

Assistido hoje por uma plateia jovem, A Noite das Taras é risível. O elenco é péssimo, os cenários são bregas e cenas pretensamente de extrema violência provocam gargalhadas involuntárias. A caracterização das meninas hippies é de morrer de rir.

Em 2020, até mesmo o cardápio sexual não pode mais ser considerado ousado. É preciso contextualizar o que se vê nas cenas com os códigos morais de 40 anos atrás. Assim é possível entender um pouco o incrível sucesso do filme, que rendeu em 1982 a continuação A Noite das Taras 2, também disponível no Now.

Novamente episódico e com Matilde Mastrangi, essa sequência já encontrou nos cinemas a concorrência do sexo explícito e não fez o mesmo furor.


Este texto não reflete necessariamente a opinião do Notícias da TV.

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