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COMEÇA NA TERÇA

Cannes luta contra pecha de 'festival de estupradores', mas celebra Johnny Depp

Divulgação/Le Pacte

Johnny Depp está caracterizado como uma figura histórica antiga, com trajes nobres e maquiagem carregada

Johnny Depp vive o rei Luís 15 no drama histórico Jeanne du Barry, que será exibido em Cannes

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 15/5/2023 - 16h02

O Festival de Cinema de Cannes 2023 só se inicia na terça-feira (16), mas as polêmicas já começaram. Nesta segunda (15), o diretor Thierry Fremaux chegou a questionar durante uma conversa com a imprensa se os jornalistas acreditavam que o evento celebrava estupradores --como havia acusado a atriz Adele Haenel. Nesta edição, Cannes vai exibir o filme que tenta reerguer a carreira de Johnny Depp, acusado de agredir e violentar a ex-mulher, Amber Heard.

No evento para a imprensa, Fremaux afirmou que Adele estava fazendo comentários radicais e falsos. A atriz de 34 anos, vencedora do César (o Oscar do cinema francês) e estrela de Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), anunciou sua aposentadoria por não concordar com a maneira como a indústria de seu país protege agressores.

Em carta assinada pela atriz e publicada pela revista Télérama na semana passada, Adele acusou nominalmente a organização de Cannes de "estar pronta para tudo para acobertar seus chefes estupradores". Ela citou nomes como Roman Polanski, vencedor do César de melhor diretor em 2020, o ator Gérard Depardieu e Dominique Boutonnat, presidente do Centro Nacional de Cinema.

"Ela não pensava nada disso quando veio para Cannes, a não ser que ela tenha sofrido de algum tipo de dissonância louca", alfinetou Fremaux nesta segunda. "As pessoas usam Cannes para falar de algumas questões problemáticas, e isso é normal, porque damos a elas essa plataforma."

"Mas, se vocês acham que aqui é um festival para estupradores, vocês não estariam aqui me escutando, não estariam reclamando que não conseguem ingressos para algumas exibições", continuou o diretor do evento.

Um dos filmes na programação de Cannes neste ano é Jeanne du Barry, dirigido e estrelado por Maïwenn e que traz Johnny Depp como o rei Luís 15 (1710-1774). O longa é apontado como a tentativa do eterno Jack Sparrow de reerguer sua carreira depois da "luta jurídica do século" que travou com Amber Heard. Para Fremaux, a presença do projeto no festival não significa nada para a opinião dos envolvidos no evento sobre o ator.

"Eu não sei nada sobre a imagem de Johnny Depp nos Estados Unidos. Para dizer a verdade, eu sou a última pessoa com quem vocês poderiam discutir tudo isso. Se tem uma pessoa no mundo que não se interessou por aquele julgamento, sou eu. Não sei do que se tratava. Minha única regra é a liberdade de pensamento, de expressão e de agir dentro da lei."

"Se Johnny Depp tivesse sido banido da atuação, ou se o filme tivesse sido banido, nós não estaríamos falando sobre isso. Nós vimos o filme da Maïwenn e achamos que ele poderia estar na competição. Não sei por que ela escalou Depp, mas essa é uma pergunta para Maïwenn, não para mim."


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