Besouro Azul vale a pena? Filme exibe coração latino embaixo de armadura gelada

Desde o ano 2000, quando X-Men - O Filme estreou, mais de uma centena de produções de super-heróis já chegou aos cinemas e à televisão. Na maioria das vezes, elas seguem uma fórmula que se tornou batida: jovem ganha poderes, aprende a usá-los, combate um adversário com habilidades similares, perde uma pessoa importante para ele e canaliza sua raiva para triunfar no final. Besouro Azul, que estreia nesta quinta-feira (17) no Brasil, não foge da regra, mas se sobressai dos demais ao explorar seu coração latino.

Dirigido pelo porto-riquenho Ángel Manuel Soto, o filme respira latinidade. Jaime Reyes (Xolo Maridueña), o alter ego do herói, é moldado pelo amor de sua família: o pai, Alberto (Damián Alcázar); a mãe, Rocio (Elpidia Carrillo); a irmã, Milagro (Belissa Escobedo); a avó, Nana (Adriana Barraza); e o tio malucão, Rudy (George Lopez, ícone da TV americana).

Após concluir a faculdade de Direito, Jaime volta para sua cidade natal, Palmera City, e descobre que seus parentes enfrentam uma grave crise financeira: a região passa por uma gentrificação, e a população latina está sendo espantada por aluguéis cada vez mais altos para que a empresa de Victoria Kord (Susan Sarandon) possa erguer construções megalomaníacas.

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O caminho do protagonista se cruza com o de Victoria e o de sua sobrinha, Jenny (Bruna Marquezine), quando ele consegue um emprego na casa da ricaça. Mas uma série de acontecimentos faz com que Jaime entre em contato com um artefato em formato de escaravelho e acabe tomado por uma entidade alienígena poderosa, assumindo a forma do herói Besouro Azul.

Enquanto isso, Victoria desenvolve uma linha de soldados superfortes, a contragosto de Jenny --que preferia uma Kord pacifista, como pretendia seu pai, Ted (que desapareceu décadas antes de o filme começar). A mocinha se alia ao herói e à sua família para enfrentar a tia e suas armas humanas.

Em linhas gerais, Besouro Azul é um filme de super-herói clássico, com lutas incríveis, ação de tirar o fôlego e explosões mirabolantes. Mas é nos momentos que a família Reyes está junta que o longa encontra seus verdadeiros poderes. A força de Jaime não vem de sua armadura, mas do carinho que recebe dos parentes --e da resiliência que só entende quem passou a vida lutando contra o preconceito e o medo de extradição.

Bruna Marquezine manda bem em sua estreia em Hollywood. A personagem virou brasileira para justificar o leve sotaque da atriz (que chega a soltar uma frase em português, para delírio do público nacional), mas a artista não faz feio no inglês. Ela ainda consegue levar Jenny para além do chato papel de interesse amoroso e não se intimida quando contracena com Susan Sarandon (que parece atuar no automático, apenas em busca do seu cachê).

Xolo Maridueña também esbanja carisma na pele do protagonista e mostra que tem talento de sobra para carregar uma superprodução nas costas --indo além de tudo o que já havia mostrado em Cobra Kai.

O sucesso de Besouro Azul seria uma maneira de mostrar aos grandes estúdios que há interesse das plateias no mundo todo em filmes que trazem latinos como destaques. Resta saber se a produção vai conseguir encontrar um público em meio à greve dos atores, que proibiu o elenco de divulgar o longa em talk shows, sites e até nas próprias redes sociais.

Besouro Azul chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (17). Confira o trailer legendado do filme de super-herói: