NEYMAR E ATOR ASSASSINADO
Reprodução/Record
Luiz Bacci fala com Vanessa Tibcherani em local "secreto", ou melhor, no pátio da própria Record
As coberturas do escândalo envolvendo Neymar Jr. e do assassinato do ator Rafael Miguel expuseram que vale quase tudo na luta por um furo de reportagem, até esconder um entrevistado e levá-lo para um local secreto. Foi o que fez a Record, por exemplo, com Isabela Tibcherani e Vanessa Tibcherani de Camargo, respectivamente namorada e sogra do ator de Chiquititas (2013), e com Najila Trindade, que acusa Neymar de violência sexual.
Na última quarta-feira (12), Luiz Bacci entrevistou Vanessa ao vivo no Cidade Alerta. A mulher de Paulo Cupertino Matias, acusado pela polícia de ter matado Rafael e seus pais, foi levada pela produção diretamente do aeroporto de Congonhas para a sede da Record na Barra Funda, em São Paulo.
Ela estava a cerca de cem metros de Bacci, em um pátio da Record. Poderia ter sido entrevistada no estúdio? Sim, mas isso entregaria para as emissoras concorrentes a sua localização, e elas poderiam dar plantão na frente da Record para esperá-la.
Mesmo tendo quatro entradas por ruas diferentes, a Record optou por não "dar mole" para Globo e SBT, suas maiores rivais, e orientou o operador de câmera a trabalhar com planos fechados, porque seu quintal já está manjado.
Isabela Tibcherani, por sua vez, foi "sequestrada" pela Record após o enterro do namorado, na última segunda-feira (10), e levada para um local secreto para falar ao vivo com Luiz Bacci. Já Najila Trindade deu uma entrevista para a Record em um escritório de advocacia que não era de nenhum de seus defensores.
Essas práticas não são exclusivas da Record. Segundo uma fonte, a emissora esconde seus entrevistados porque investe na investigação jornalística para localizá-los. Eles nem sempre estão em suas casas (como é o caso de Isabela e Vanessa, por questões de segurança) ou em locais fáceis de achá-los.
"Não é justo a gente gastar tempo pra achar a pessoa e entregar a localização de mão beijada pra concorrência", diz a fonte, que pediu para não ser identificada.
Em casos concorridos como os de Neymar e Rafael Miguel, a Record também evita fazer entrevistas exclusivas em locais públicos, como delegacias, para não permitir que jornalistas de outras emissoras, eventualmente próximos, escutem a conversa e tenham acesso em primeira mão a informações. Como têm tido dificuldades para entrevistar alguns personagens dessas duas histórias, profissionais da Globo estariam recorrendo a esse tipo de espionagem de campo.
A orientação do departamento de Jornalismo é negociar a entrevista exclusiva em outro local, de preferência "secreto".
O jogo de esconde-esconde também é usado nas perseguições policiais flagradas por helicópteros. Record e Band têm usado planos fechados para não revelar a localização do fato e, assim, dificultar o trabalho da concorrência.
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