COLUNA DE TV
Reprodução/Globo
Reportagem sobre o 'Jogo do Triguinho' no Fantástico em junho: Globo vai explorar apostas
O anúncio de que o Grupo Globo e a MGM Resorts, uma das maiores operadoras de cassinos do mundo, vão se unir para explorar apostas online no Brasil deixou muita gente na emissora com o radar ligado. Apesar de não existir nenhuma orientação específica, jornalistas estão se sentindo constrangidos e temem propor reportagens sobre um tema que está se transformando em um problema social, que é o aumento do número de pessoas viciadas em jogo no Brasil.
O Notícias da TV apurou que há um desconforto com a maneira como o assunto vem sendo tratado dentro da Globo, que adotou posição favorável à regulamentação das bets. Só se vê espaço para reportagens que denunciam casas de apostas piratas, como as que exploram o "Jogo do Tigrinho" --objeto de denúncias recentes no Fantástico, a última em junho.
Na Globo, há os que se sentem incomodados com possíveis impactos da exploração de cassino online possa causar na imagem da emissora e de seus colaboradores. Não querem ser associados com a jogatina.
Profissionais também estão preocupados com as pressões que a TV Globo poderá vir a ter com a BetMGM, como será chamada a plataforma de jogos online. Teme-se que seus programas sejam contaminados por ações de divulgação do jogo e que a área comercial seja afetada pelo descontentamento de anunciantes que estão perdendo dinheiro para as bets --caso do setor de varejo.
Ainda não há detalhes de como a operação de apostas do Grupo Globo com a MGM vai funcionar. A Globo não se manifestou oficialmente, apenas a MGM. Em comunicado divulgado no último dia 15, a companhia disse que irá formar com a Globo "um novo empreendimento", com sede em São Paulo, e que aguarda a aprovação por parte do governo de "uma licença de apostas esportivas e iGaming no Brasil", a ser lançada no início de 2025.
No comunicado, a MGM deixou claro que conta com o alcance do Grupo Globo no país, "de cerca de 70 milhões de pessoas todos os dias por meio de seus múltiplos veículos, para criar um produto com escala, recursos e acesso significativos". Ou seja, a parceria envolve a expertise dos cassinos de Las Vegas com a potência de comunicação da Globo, uma operadora de concessão pública.
No final do ano passado, o presidente Lula (PT) sancionou a lei nº 14.790/2023, que regulamenta as apostas por "quotas fixas", que são aquelas em que há um fator de multiplicação (o apostador sabe no momento da aposta quanto receberá se ganhar).
A empresas com pelo menos 20% de capital brasileiro, serão permitidas a exploração não apenas de apostas em resultados de eventos esportivos, mas também de jogo online: aquele "no qual o resultado é determinado pelo desfecho de evento futuro aleatório, a partir de um gerador randômico de números, de símbolos, de figuras ou de objetos definido no sistema de regras", nos dizeres da lei. Isso é cassino pelo celular.
O Ministério da Fazenda recebeu 113 pedidos de autorização de exploração de apostas. Além da Globo, SBT e Band também estão apostando no negócio, mas ainda não anunciaram parcerias --é necessário que um sócio tenha experiência no ramos de jogos. O mercado aguarda para os próximos meses regulamentação da lei assinada no final de 2023.
Um estudo divulgado pelo banco Itaú há duas semanas mostrou que o setor de apostas no Brasil movimentou R$ 112,5 bilhões entre julho de 2023 e junho de 2024. Os brasileiros geraram às bets uma receita de R$ 23,9 bilhões (uma vez e meia a da Globo em 2023). Apostaram R$ 68,2 milhões e receberam de volta R$ 44,3 bilhões. São mais de 20 milhões de apostadores ativos no país, segundo a MGM Resorts.
Porque vislumbra um mercado tão promissor com a regulamentação das apostas esportivas e em jogos online que compensam os questionamentos éticos e morais. Inovações tecnológicas como a TV 3.0 podem transformar a Globo numa plataforma de apostas por meio do controle remoto do celular.
E porque a Globo precisa recuperar as perdas que vem sofrendo com seu principal negócio, o de mídia. Em comunicado interno na semana passada, o presidente da Globo, Paulo Marinho, anunciou que as receitas com publicidade cresceram 13% no primeiro semestre deste ano, mas as de assinaturas só subiram 1%. O resultado positivo se deu graças ao Globoplay, que vem ganhando novos assinantes. Já os canais pagos vêm perdendo público ano após ano.
Xuxa no documentário do Globoplay
Xuxa Meneghel está prestes a fechar um novo contrato com a Globo, dentro de um pacote de ações pelos 60 anos da emissora, em 2025. As negociações levantaram especulações de que o Planeta Xuxa voltaria. Não é bem o programa de auditório que Xuxa comandou entre 1997 e 2002 que será revisitado, mas o Intimidade, quadro que fazia parte dele, com entrevistas de famosos.
Xuxa segue gravando uma série para o Fantástico que visa incentivar a adoção de animais. A estreia deve ficar para janeiro, porque cães e gatos serão dublados por artistas.
E pra fechar a agenda da eterna "rainha dos baixinhos": ela vai cantar no espaço do banco Itaú no Rock in Rio, neste mês.
Reprodução/INStagramn
Lucas Guimarães durante gravação do Eita Lucas! na semana passada
O influenciador Carlinhos Maia veio a público reclamar que o SBT está "empurrando com a barriga" a estreia do programa Eita Lucas!, projeto de seu marido, o também influenciador Lucas Guimarães. A atração inicialmente estrearia em maio, na faixa das 16h dos sábados. Ficou para agosto, depois para outubro e, finalmente, para o ano que vem.
O desabafo de Maia foi uma forma de constranger Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT, a quem cabe a decisão sobre o futuro de Lucas, que há mais de um ano "está para cima e para baixo investindo milhões do dinheiro dele" no programa.
Por que o SBT está empurrando Lucas Guimarães com a barriga? O Notícias da TV foi investigar e descobriu: o programa é ruim, um mico. Uma rápida cronologia:
O remake de Renascer chega ao fim nesta semana e não vai deixar saudade. Os dados da Kantar Ibope mostram que a audiência foi totalmente apática com a novela e vice-versa. O melhor momento foi na primeira fase, nas duas semanas iniciais. Antes do fim do primeiro mês de exibição, a novela sofreu uma leve baixa, como mostra a tabela acima, e não decolou mais. Tampouco houve quedas acentuadas, é verdade.
A evolução do gráfico indica que Renascer conquistou um público que lhe foi fiel até o final, mas que era pouco para alavancar a audiência do horário almejada pela Globo. Um público talvez acomodado, que assiste novela todo dia porque é isso o que faz todo dia há 30 ou 40 anos. Segundo a Kantar Ibope, 78 de cada 100 pessoas que assistem a Renascer têm mais de 35 anos, sendo que um terço delas já passou dos 60.
A Globo esperava que Renascer batesse nos 30 pontos, como foi com Pantanal (2022). Até o capítulo 171, exibido no último dia 7, tinha 25,5 pontos (veja tabela abaixo).
O colunista Flavio Ricco cantou a bola na sexta-feira (30): a Band está muito perto de deixar a Fórmula 1. A emissora tem contrato até dezembro de 2025, mas enfrenta dificuldades para honrá-lo em dia (leia-se: parcelas em atraso). Terá uma reunião decisiva nesta semana, em que irá negociar um "reequilíbrio financeiro". Do contrário, terá que abandonar a corrida (a Globo acompanha essas negociações e deve ficar com a F1 se a Band desistir).
Segundo fontes na Band, os custos da Fórmula 1 na TV se tornaram proibitivos para o mercado publicitário brasileiro, e a conta não está fechando. A audiência não é ruim (o último GP deu 3,2 pontos), mas hoje as verbas dos anunciantes estão muito pulverizadas, e a falta de um piloto brasileiro não empolga as marcas nacionais.
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