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THIAGO FEITOSA

Diretor da Record é demitido 11 meses após apresentadora denunciar assédio sexual

REPRODUÇÃO/RECORD NEWS

Thiago Feitosa discursa durante o Prêmio Comunique-se; ele veste terno e gravata

Thiago Feitosa venceu o Prêmio Comunique-se em 2021; ele foi demitido da Record nesta quinta (30)

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 30/11/2023 - 16h15

A Record demitiu nesta quinta-feira (30) o jornalista Thiago Feitosa, um dos principais executivos do Jornalismo da casa. Feitosa foi dispensado 11 meses depois de ter sido denunciado de assédio sexual pela também jornalista Rhiza Castro, sua subordinada na Record News. A demissão de Rhiza, a vítima, foi mais rápida: apenas dois dias depois de ela ter levado o caso ao departamento de Recursos Humanos (RH). A emissora confirma a demissão do diretor, mas não comenta esse tipo de caso.

Com a demissão de Feitosa, a Record tenta mostrar reação a uma série de casos de assédio sexual que deixaram a imagem de que a emissora tolera esse tipo de comportamento. Na última segunda (27), afastou o diretor de RH, Márcio Santos, acusado na semana passada de assediar um produtor. Era justamente Santos quem recebia as vítimas de assédio na emissora. Ele está sendo acusado de ter abafado alguns casos.

Ex-apresentadora do Esporte Record News, Rhiza Castro denunciou Thiago Feitosa em 2 de janeiro e foi dispensada dois dias depois, sob o pretexto de "corte de custo". Em outubro, ela resolveu trazer o caso à tona, em publicação nas redes sociais. Sem citar o ex-chefe, disse ter sido importunada durante mais de um ano.

Ela move duas ações na Justiça: uma trabalhista contra a empresa e outra no âmbito criminal, contra Feitosa, diretor da Record News desde janeiro de 2020.

Segundo a jornalista, as cantadas começaram com brincadeiras e comentários sobre sua aparência: "Depois, foram infinitos convites para jantar, tomar vinho... E cada vez mais comentários sobre a minha beleza". O chefe também enviava presentes e elogiava fotos, segundo Rhiza.

"Sofri assédio sexual do meu diretor por quase um ano. No final, eu sofri retaliações porque, obviamente, não cedi… Eu não aguentava mais e decidi fazer a denúncia no RH da empresa. Eu até sabia que isso [a demissão] poderia acontecer, mas eu realmente tinha esperança de que a empresa fosse séria e que zelasse pelo bem-estar dos colaboradores", relatou Rhiza em vídeo no Instagram (veja no final deste texto).

Feitosa trabalhou na Record durante 14 anos e meio. Começou em 2009, como editor-chefe. Um ano depois, foi promovido a diretor regional de Jornalismo em Belém, cargo que também ocupou no interior de São Paulo e em Belo Horizonte. Em 2014, voltou para São Paulo, como diretor do Fala Brasil.

Ele é casado com a também jornalista Fabiana Oliveira, que até ano passado apresentava o programa A Fazenda News, na Record News, e agora trabalha como repórter especial da Record, no Fala Brasil e no Domingo Espetacular --ela está afastada do vídeo, em licença-maternidade.

De acordo com reportagem de João Batista Jr. na Piauí, a Record já foi condenada em primeira instância pela Justiça Trabalhista a indenizar Rhiza por assédio moral e sexual. No âmbito criminal, Feitosa fez um acordo com o Ministério Público no qual pagou multa de R$ 26 mil e sustou o caso, evitando assim um eventual processo judicial.

Antes de Feitosa e Márcio Santos, a Record se envolveu em outro rumoroso caso de assédio em suas instalações. Em maio de 2019, um grupo de 12 mulheres procurou a polícia para denunciar ou testemunhar atos de assédio sexual contra o repórter especial Gerson de Souza, do Domingo Espetacular.

As vítimas e as testemunhas disseram que Gerson de Souza fazia piadas de duplo sentido, dirigia palavras obscenas às colegas, apalpava seus corpos e até chegou a roubar um beijo de uma jornalista casada. Em sua defesa, o ex-repórter do Domingo Espetacular negou todas as acusações e alegou ser vítima de vingança por ter criticado uma das mulheres.

Como ocorreu com Santos (mas não com Feitosa), Souza foi afastado do trabalho. Mas só foi demitido quando o Ministério Público o denunciou, e ele passou a ser réu em processo criminal.

Souza foi condenado em abril deste ano por assediar sexualmente quatro mulheres. A Justiça determinou dois anos e meio de reclusão pelo crime de importunação sexual, mas a pena foi convertida para prestação de serviços comunitários e multa de dez salários mínimos, equivalente a R$ 13,2 mil.

O Notícias da TV tenta contato com Thiago Feitosa por WhatsApp, sem sucesso. Caso ele responda as mensagens da reportagem, este texto será atualizado.

Confira o relato de Rhiza Castro sobre o assédio sofrido na Record News:


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