OPINIÃO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Cléber Machado em transmissão da Copa do Mundo do Catar: narrador é o destaque da Globo
Exclusiva da Globo na televisão aberta, a Copa do Mundo do Catar entrou em sua reta final. Na cobertura televisiva, no entanto, já é possível cravar os acertos e os equívocos do Mundial no Oriente Médio. Cléber Machado se reinventou e recuperou espaço que havia perdido. Já Jojo Todynho foi um equívoco dentro da Central da Copa e não se justificou.
Pelo fato de a edição do Catar ser sua última Copa como narrador em TV aberta, Galvão Bueno virou uma atração à parte e conseguiu manter o alto nível que se esperava. Além disso, o locutor se tornou figura fácil também nos intervalos das partidas, já que foi contratado como garoto-propaganda de diversos anunciantes da transmissão.
O ex-jogador Diego Ribas e o lateral Filipe Luis, ídolos do Flamengo, se destacaram como revelações. Nem todos conseguiram isso: Hernanes, ex-São Paulo, e Zé Roberto, ex-Palmeiras, ainda precisam melhorar o ritmo das análises durante os jogos ao vivo.
No fim das contas, a Globo pode comemorar. Mesmo com erros claros e um assumido prejuízo financeiro com o torneio, os jogos da Seleção Brasileira são um estouro de audiência, que ficou próxima dos 70 pontos em cidades do Norte e do Nordeste.
Em 2018, ficou claro que Luis Roberto ultrapassou Cléber Machado na corrida pela vaga de substituto natural de Galvão Bueno na hierarquia de narradores da Globo. Ao longo dos últimos quatro anos, a ideia se fortaleceu, tanto que Machado sequer foi para o Catar. Mas ele usou o melhor momento possível para se reinventar.
Engraçado, empolgado, sincero e no ritmo certo da emoção, Cléber Machado recuperou terreno. Entendeu o que o público das redes sociais deseja e conseguiu gerar repercussão com seu trabalho, algo que a Globo leva muito a sério atualmente. Se já era dado como certo que Luis Roberto iria assumir o posto de Galvão, nesse momento a certeza se dissipou e o assunto virou um pepino para a emissora.
Em sua última Copa como narrador na TV aberta --já que ele irá renovar contrato para exercer outra função--, Galvão Bueno conseguiu encontrar o equilíbrio entre emoção e torcida natural que precisa acontecer em jogos da Seleção Brasileira. O narrador parece leve, à vontade e mais generoso no ar.
Pesa o fato de que a equipe ao redor dele é excelente, talvez a melhor e mais bem preparada com a qual Galvão já trabalhou. O trio Júnior, Roque Júnior e Ana Thaís Matos é um acerto --a jornalista, inclusive, entra para a história como a primeira mulher a comentar jogos da Seleção em Copas. Galvão se despede em grande estilo.
Diego Ribas e Filipe Luis são as grandes revelações da Copa. Os dois estão no mesmo tópico porque é impossível não equiparar as qualidades de ambos: análise tática impecável, eloquência nos comentários, didatismo na medida para não cair em termos complicados e facilidade de comunicação.
Se desejarem, merecem ficar na TV durante muito tempo. No caso de Luis, é mais difícil porque ele renovou recentemente seu contrato com o time de maior torcida do Brasil durante um ano. Já Ribas, como ele mesmo revelou ao Notícias da TV em entrevista, já tem proposta para seguir em 2023.
Em 2018, o Central da Copa já trilhava um caminho perigoso. Comandado por Tiago Leifert, o programa dava sinais de que deixaria o futebol de lado para dar mais destaque ao entretenimento. Nada contra ir nesta linha de entreter mais que informar, mas é bom não tirar de vista que ainda se trata de uma atração sobre futebol.
O mesmo erro ocorreu em 2022. Alex Escobar e Marcelo Adnet estão bem. Mas em vários momentos a Central parece esquecer que é um programa especial da Copa do Mundo e vira um show de entretenimento. Fica difícil defender.
A consequência desse caminho perigoso da Central da Copa foi a escalação equivocada de Jojo Todynho para o programa. Vou comparar aqui com a ideia do Tá na Copa, do SporTV, que convidou Deborah Secco. A atriz entrou no ritmo da atração, que não esquece que é esportiva, mesmo que tenha bom humor.
Jojo parece estar ali só por estar. A intenção ficou escancarada pelo seu desinteresse: ela fala aleatoriedades única e exclusivamente para viralizar. Chega a ser constrangedor. Existem outras formas de "furar a bolha". Nesse quesito, o bom Tá na Copa venceu de goleada a Central da Copa.
Pela primeira vez desde 1982, a Globo não tem nenhum telejornal seu apresentado do país-sede da Copa. Uma tradição de 40 anos quebrada é um sinal da fase estranha que vive o Jornalismo da emissora. Em dias de jogos, o Jornal da Globo chegou a dedicar apenas meio bloco na edição para partidas.
No Jornal Nacional, a Copa parece estar ali apenas para preencher o espaço. É uma cobertura protocolar. O Jornalismo da Globo tem sido cada vez mais dedicado à área política e jurídica. Quando precisa sair de pautas desses temas, faz algo meia-boca. Uma pena.
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