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OPINIÃO

De Cléber Machado sincerão a Jojo Todynho: Erros e acertos da Globo na Copa

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Cleber Machado com uma blusa azul e sorriso na transmissão da Copa

Cléber Machado em transmissão da Copa do Mundo do Catar: narrador é o destaque da Globo

GABRIEL VAQUER, colunista

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 8/12/2022 - 6h35

Exclusiva da Globo na televisão aberta, a Copa do Mundo do Catar entrou em sua reta final. Na cobertura televisiva, no entanto, já é possível cravar os acertos e os equívocos do Mundial no Oriente Médio. Cléber Machado se reinventou e recuperou espaço que havia perdido. Já Jojo Todynho foi um equívoco dentro da Central da Copa e não se justificou.

Pelo fato de a edição do Catar ser sua última Copa como narrador em TV aberta, Galvão Bueno virou uma atração à parte e conseguiu manter o alto nível que se esperava. Além disso, o locutor se tornou figura fácil também nos intervalos das partidas, já que foi contratado como garoto-propaganda de diversos anunciantes da transmissão.

O ex-jogador Diego Ribas e o lateral Filipe Luis, ídolos do Flamengo, se destacaram como revelações. Nem todos conseguiram isso: Hernanes, ex-São Paulo, e Zé Roberto, ex-Palmeiras, ainda precisam melhorar o ritmo das análises durante os jogos ao vivo.

No fim das contas, a Globo pode comemorar. Mesmo com erros claros e um assumido prejuízo financeiro com o torneio, os jogos da Seleção Brasileira são um estouro de audiência, que ficou próxima dos 70 pontos em cidades do Norte e do Nordeste. 

Os acertos da Globo na Copa:

Cléber Machado

Em 2018, ficou claro que Luis Roberto ultrapassou Cléber Machado na corrida pela vaga de substituto natural de Galvão Bueno na hierarquia de narradores da Globo. Ao longo dos últimos quatro anos, a ideia se fortaleceu, tanto que Machado sequer foi para o Catar. Mas ele usou o melhor momento possível para se reinventar.

Engraçado, empolgado, sincero e no ritmo certo da emoção, Cléber Machado recuperou terreno. Entendeu o que o público das redes sociais deseja e conseguiu gerar repercussão com seu trabalho, algo que a Globo leva muito a sério atualmente. Se já era dado como certo que Luis Roberto iria assumir o posto de Galvão, nesse momento a certeza se dissipou e o assunto virou um pepino para a emissora.

Galvão Bueno

Em sua última Copa como narrador na TV aberta --já que ele irá renovar contrato para exercer outra função--, Galvão Bueno conseguiu encontrar o equilíbrio entre emoção e torcida natural que precisa acontecer em jogos da Seleção Brasileira. O narrador parece leve, à vontade e mais generoso no ar.

Pesa o fato de que a equipe ao redor dele é excelente, talvez a melhor e mais bem preparada com a qual Galvão já trabalhou. O trio Júnior, Roque Júnior e Ana Thaís Matos é um acerto --a jornalista, inclusive, entra para a história como a primeira mulher a comentar jogos da Seleção em Copas. Galvão se despede em grande estilo.

Diego Ribas e Filipe Luis

Diego Ribas e Filipe Luis são as grandes revelações da Copa. Os dois estão no mesmo tópico porque é impossível não equiparar as qualidades de ambos: análise tática impecável, eloquência nos comentários, didatismo na medida para não cair em termos complicados e facilidade de comunicação.

Se desejarem, merecem ficar na TV durante muito tempo. No caso de Luis, é mais difícil porque ele renovou recentemente seu contrato com o time de maior torcida do Brasil durante um ano. Já Ribas, como ele mesmo revelou ao Notícias da TV em entrevista, já tem proposta para seguir em 2023. 

Pontos negativos

Central da Copa

Em 2018, o Central da Copa já trilhava um caminho perigoso. Comandado por Tiago Leifert, o programa dava sinais de que deixaria o futebol de lado para dar mais destaque ao entretenimento. Nada contra ir nesta linha de entreter mais que informar, mas é bom não tirar de vista que ainda se trata de uma atração sobre futebol.

O mesmo erro ocorreu em 2022. Alex Escobar e Marcelo Adnet estão bem. Mas em vários momentos a Central parece esquecer que é um programa especial da Copa do Mundo e vira um show de entretenimento. Fica difícil defender.

Jojo Todynho

A consequência desse caminho perigoso da Central da Copa foi a escalação equivocada de Jojo Todynho para o programa. Vou comparar aqui com a ideia do Tá na Copa, do SporTV, que convidou Deborah Secco. A atriz entrou no ritmo da atração, que não esquece que é esportiva, mesmo que tenha bom humor.

Jojo parece estar ali só por estar. A intenção ficou escancarada pelo seu desinteresse: ela fala aleatoriedades única e exclusivamente para viralizar. Chega a ser constrangedor. Existem outras formas de "furar a bolha". Nesse quesito, o bom Tá na Copa venceu de goleada a Central da Copa.

Cobertura jornalística

Pela primeira vez desde 1982, a Globo não tem nenhum telejornal seu apresentado do país-sede da Copa. Uma tradição de 40 anos quebrada é um sinal da fase estranha que vive o Jornalismo da emissora. Em dias de jogos, o Jornal da Globo chegou a dedicar apenas meio bloco na edição para partidas.

No Jornal Nacional, a Copa parece estar ali apenas para preencher o espaço. É uma cobertura protocolar. O Jornalismo da Globo tem sido cada vez mais dedicado à área política e jurídica. Quando precisa sair de pautas desses temas, faz algo meia-boca. Uma pena. 


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