A FORÇA DO QUERER
ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO
Silvero Pereira como Elis Miranda em A Força do Querer (2017): personagem marcou estreia na TV
Silvero Pereira admitiu que hoje não aceitaria o papel de Elis Miranda em A Força do Querer (2017). O ator acredita que ter interpretado a personagem, que marcou sua estreia nas novelas da Globo, impediu que a emissora desse oportunidade para uma atriz travesti. Assumidamente gay, ele enxerga a escalação como um erro e destacou que tem vontade de fazer personagens que saiam do âmbito LGBTQIA+.
"Espero que o mercado seja um pouco mais inteligente nesse aspecto, que o mercado passe a fazer convites para mim que não sejam só para defender minha causa", criticou o intérprete do peão gay Zaquieu em Pantanal, no podcast Papo de Novela, do Gshow.
"Não é porque eu sou um ator assumidamente LGBT e porque estou claramente LGBT nas minhas redes e em todo lugar que eu vou que eu não sou capaz de fazer um personagem hétero, que fuja da minha sexualidade", refletiu o artista.
Na novela de Gloria Perez, Elis Miranda era uma travesti que tinha uma vida dupla para conseguir trabalhar e se esquivar do preconceito. De dia, era Nonato, um motorista sério de uma empresa de negócios. À noite, fazia shows em um clube como a artista Elis. A personagem ajudou Ivan (Carol Duarte) a descobrir sua transexualidade e passar pela transição de gênero.
"Hoje eu não faria a Elis Miranda, muito provavelmente. Porque eu também me reeduquei sobre essa história, e a gente precisa estar de acordo com as lutas e as causas. Depois de A Força do Querer, eu não aceitei mais nenhum personagem trans ou travesti, e inclusive deixei de fazer meus espetáculos por causa disso", revelou o ator.
Pereira acumula personagens LGBTQIA+ em seu currículo. Revelado na televisão como Elis Miranda, ele interpretou um bandido de sexualidade fluida no filme Bacurau (2019) e agora vive um peão gay em Pantanal, novela das nove da Globo.
"Eu fui entendendo, sendo informado e compreendendo essa questão dentro do mercado. Se a gente aceita, a gente está impedindo o mercado de ir em busca dessas pessoas. Hoje, nós não vivemos num mercado em que exista proporcionalidade", admitiu.
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