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ASSASSINO DE DANIELLA PEREZ

Para tentar provar inocência, Guilherme de Pádua quis mostrar seu pênis a policiais

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

O ator Guilherme de Pádua olha para câmera, em vídeo publicado no YouTube; ele aparece com a boca aberta, falando, camisa azul estampada

O ator Guilherme de Pádua atualmente; ele foi condenado pelo assassinato da atriz Daniella Perez

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 19/7/2022 - 6h25

A atriz Daniella Perez (1970-1992) foi assassinada na noite de 28 de dezembro de 1992, e não demorou muito para que o culpado fosse encontrado: na manhã do dia 29, Guilherme de Pádua já estava na delegacia para prestar depoimento. Ele chegou a confessar o crime, mas tentou convencer os policiais que era, de certa forma, vítima da história. Para corroborar sua narrativa de inocência, ele até se ofereceu para mostrar seu pênis aos agentes da lei. 

A história sobre o assassinato de Daniella Perez é recontada em detalhes na série documental Pacto Brutal, que estreia na HBO Max nesta quinta (21). Em cinco episódios, amigos, familiares e funcionários do judiciário que trabalharam no caso dão suas perspectivas, depoimentos e análises sobre o que aconteceu com a atriz.

O corpo dela foi encontrado num matagal em local ermo na zona oeste do Rio de Janeiro. Um vizinho havia visto carros por ali, achado uma situação estranha e anotado as placas. O ator havia adulterado uma letra da placa de seu carro, mas mesmo assim logo a polícia chegou até ele. 

Em poucas horas após o crime, oficiais conduziram Pádua à delegacia para se explicar. Segundo um dos delegados que participou da investigação, a cada momento o ator dava uma versão, uma narrativa de como seria sua relação com Daniella e o que havia acontecido. Até que, pressionado, ele confessou o crime. 

Ainda assim, Pádua não assumia totalmente a culpa. Ele tentou emplacar uma narrativa de que Daniella estava lhe assediando, insistindo para ter um caso com ele, pois o casamento dela com Raul Gazolla não estaria bem.

"Ele disse que Daniella o estaria assediando, teria interesse sexual, amoroso nele. E que ele estava começando a ter preocupação porque estava percebendo que isso estaria se refletindo, talvez por influência dela, na redação da mãe [Gloria Perez] dos capítulos [da novela De Corpo e Alma, na qual os dois atuavam]. E ela estava chegando a ameaçá-lo. Então ele diz que, para encerrar isso, ele a convence a conversar. Que foi Daniella quem o levou àquele local", relata José Muiños Piñeiro Filho, promotor do caso e hoje desembargador de Justiça, à série.

Para tentar provar que ele não estava correspondendo às investidas dela, Pádua se ofereceu para dar uma prova de que era muito apaixonado por sua mulher, Paula Thomaz --que estava grávida de quatro meses. 

"Ele quis se apresentar nesse primeiro momento como aquele homem heroico, que estava se sacrificando pela mulher que estava grávida, com quem ele vivia muito bem a ponto de se tatuar com o nome dela. Ele se oferece pra mostrar o pênis dele, porque tinha uma tatuagem, numa declaração de amor à mulher. E ao meu ver, eu estou convencido, ele queria já ali insinuar o envolvimento da mulher", afirma o desembargador. Pádua tinha o nome de Paula tatuado no órgão genital.

Ao longo da investigação, foi comprovado que Paula Thomaz também participou do crime.

O caso Daniella Perez

Daniella e Guilherme de Pádua contracenavam na novela De Corpo e Alma (1992). Durante parte da trama, os personagens deles, Yasmin e Bira, viveram um romance. Mas, ao longo dos capítulos, eles terminaram, para que Yasmin voltasse com seu par romântico original, Caio (Fabio Assunção). 

Pádua não gostou de ter sua quantidade de cenas reduzida e passou a pressionar Daniella para que Gloria desse mais importância a seu personagem.

Na noite de 28 de dezembro de 1992, Daniella estava voltando para casa após as gravações da novela quando seu carro foi fechado pelo de Pádua, que estava acompanhado por sua mulher, Paula Thomaz. Após desmaiar com um soco do ator, Daniella foi levada pelos dois para um matagal na zona oeste do Rio de Janeiro, onde foi morta com 18 punhaladas no peito. 

Pádua e Paula foram condenados por homicídio qualificado, com motivo torpe. A pena dele foi de 19 anos em regime fechado, a dela, de 15 anos. Mas ambos cumpriram bem menos tempo. Guilherme saiu da cadeia por bom comportamento em outubro de 1999, assim como Paula.


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