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Gabriel Diniz morreu na tarde de segunda-feira (27); ele estava em um avião que caiu na região sul de Sergipe
GABRIEL PERLINE
Publicado em 30/5/2019 - 5h23
Gabriel Diniz ganhou 1,4 milhão de seguidores no Instagram em menos de 48 horas após a confirmação de sua morte, na tarde de segunda-feira (27), em decorrência de um acidente aéreo. Caroline Bittencourt (1981-2019) e Ricardo Boechat (1952-2019) também aumentaram exponencialmente o número de fãs nas redes sociais após suas trágicas mortes. O que justifica esse prazer mórbido das pessoas?
"A morte tem um apelo sensacionalista muito grande", defende a psicóloga Juliana Cambaúva. "Hoje a gente tem o fenômeno das redes sociais, do tempo líquido e do amor líquido. A morte faz com que a gente possa dissecar a biografia dessa pessoa e de alguma forma trazer a celebridade para um universo mais humano, porque aí a gente dialoga com a celebridade de um lugar mais de igual para igual. Entendendo o que aconteceu com o outro, a gente se ilude com a possibilidade de não morrer."
O sertanejo, que tinha 28 anos, saltou de 3,3 milhões para 4,7 milhões de seguidores no Instagram após a morte. De acordo com a ferramenta CrowdTangle, que afere o poder de influência dos usuários nas redes sociais, foi a maior projeção do artista desde que abriu seu perfil. Nem mesmo o estouro do hit Jenifer, no final do ano passado, o fez crescer tanto.
Caroline Bittencourt, que morreu em um acidente de barco no final de abril em Ilhabela, litoral de São Paulo, também inflou seu número de seguidores após a tragédia. De 420 mil, saltou para 826 mil. Alguns dos curiosos já deixaram de acompanhar o perfil e hoje a ex-modelo conta com 814 mil fãs.
FOTOS: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM E REPRODUÇÃO/BAND
Caroline Bittencourt e Ricardo Boechat também cresceram no Instagram após suas mortes
O jornalista Ricardo Boechat, que foi vítima da queda de um helicóptero em fevereiro deste ano, também teve um alto crescimento no número de seguidores após a confirmação de sua morte. Um dia antes do acidente, ele contava com 28 mil seguidores. Chegou a ter 248 mil após toda a comoção nacional, e hoje conta com 233 mil ávidos por atualizações que nunca virão.
"Não entendo esse comportamento como um prazer mórbido, mas situações como essas nos fazem refletir sobre a nossa própria morte, não somente quando formos idosos. Ir atrás de informações também é uma forma de digerir e enfrentar a perda", disse a psicóloga Luciana Mazorra, do Instituto 4 Estações, que presta auxílio a pessoas que precisam enfrentar o luto.
Para ela, a morte é um tabu na sociedade contemporânea. É algo do qual as pessoas normalmente evitam falar e também evitam pensar na sua própria morte, embora seja a única certeza que os seres humanos têm nessa vida.
"Seguir nas redes sociais um artista que morreu é uma forma de dar sentido à sua própria vida. As pessoas pensam: 'Aquele ídolo conseguiu tudo o que queria e morreu'. Ir atrás e ter mais informações é uma forma de cultuar essa figura idealizada, manter essa pessoa viva. Se eu vejo esse perfil, eu mantenho essa pessoa viva. E também é um processo de digerir a morte", acrescentou.
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