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Memória da TV | Copa

Crise de hemorroidas fez Galvão estrear na Globo com Brasil em Copa do Mundo

Imagens: Reprodução/TV Globo

Galvão Bueno em 1986: bigodão estiloso e elogiado pela crítica, mas preterido pela Globo na Copa - Imagens: Reprodução/TV Globo

Galvão Bueno em 1986: bigodão estiloso e elogiado pela crítica, mas preterido pela Globo na Copa

THELL DE CASTRO

Publicado em 17/6/2018 - 7h22

Titular indiscutível do microfone da Globo nas últimas duas décadas, Galvão Bueno narrou seu primeiro jogo do Brasil numa Copa do Mundo pela emissora por obra do acaso.

Com a saída de Luciano do Valle da Globo, após a Copa de 1982, Galvão, na casa desde 1981 e em plena ascensão, foi apontado como seu sucessor natural.

Mas a Globo optou por Osmar Santos, que já tinha carreira consolidada no rádio paulista e foi um dos principais nomes da campanha das Diretas Já, em 1984, além de apresentar programas como o Globo Esporte e o game show Guerra dos Sexos, nas tardes de domingo.

Santos foi escolhido para ser o principal locutor da Globo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e na Copa de 1986, disputada no México. Galvão, por sua vez, vinha ancorando momentos importantes nessa época, como jogos da própria seleção brasileira de futebol, em 1985, e a final do Campeonato Brasileiro do mesmo ano, entre Coritiba e Bangu.

"A Globo apostou em Osmar Santos. Ele foi ser o primeiro narrador, o Galvão passou a ser o segundo e eu fui o terceiro. Houve muito bate boca, muita confusão, mas eu fiquei de fora. O Armando Nogueira era a favor do Galvão e o Boni a favor do Osmar", disse Luiz Alfredo em entrevista ao blog UOL Esporte vê TV, em junho de 2015.

Osmar Santos durante transmissão na Globo; jornalista era conhecido como 'O Pai da Matéria'

Ostentando um estiloso bigode, Galvão narrou a cerimônia de abertura da Copa, mas a partida inaugural, empate entre Itália e Bulgária, foi feita por Santos, que também comandou a transmissão da estreia do Brasil, no dia seguinte, com uma vitória magra por 1 a 0 contra a Espanha.

No livro Osmar Santos - O Milagre da Vida, escrito por Paulo Mattiussi, o jornalista Marco Mora (1946-2018), então editor da Globo naquela Copa, conta os bastidores da história: "Quando chegou ao México, ele [Santos] teve uma crise de hemorroidas, ficou quase todo o tempo em tratamento no hotel".

Plano B da Globo, Galvão Bueno acabou escalado para narrar o segundo jogo do Brasil _uma nova vitória pelo placar mínimo, contra a Argélia. Foi seu primeiro jogo da seleção em Copas do Mundo pela Globo.

"Osmar voltou na transmissão seguinte, mas muito se cogitou que sua ausência tivesse sido causada pelas discordâncias internas", lembra Marco Mora no livro.

Osmar Santos continuou como titular dos jogos da seleção: 3 a 0 contra a Irlanda do Norte, fechando a primeira fase; a goleada de 4 a 0 contra a Polônia, nas oitavas de final; e a eliminação, nos pênaltis, contra a França, nas quartas de final, após empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.

Galvão e Zagallo durante Brasil x Argélia: primeiro jogo da seleção do locutor na Globo, na Copa do México

No mesmo torneio, Osmar Santos narrou as quartas de final, entre Argentina e Inglaterra, quando Diego Armando Maradona teve a melhor atuação de sua carreira, fazendo dois gols (um deles com a mão e o outro de placa), e a final do campeonato, entre Argentina e Alemanha, que deu o segundo título mundial aos nossos vizinhos.

Apesar de não ter feito os principais jogos, Galvão foi bastante elogiado pela crítica. "Nas transmissões dos jogos, a melhor narração continuou a ser, de longe, a de Luciano do Valle, da Bandeirantes, seguido de perto por Galvão Bueno, da Globo", avaliou o Jornal do Brasil de 29 de junho de 1986, em um balanço das transmissões da Copa.

Pouco depois da Copa, Osmar Santos deixou a Globo e foi para a Manchete, onde comandou as transmissões de eventos como a Olimpíada de 1988, em Seul, na Coreia do Sul, e a Copa do Mundo de 1990, na Itália. Em 1994, o narrador sofreu um grave acidente automobilístico no interior paulista, com danos cerebrais que encerraram precocemente sua carreira. Hoje ele se dedica à pintura.

Já Galvão se tornou o titular absoluto do microfone da Globo após a Copa de 1986, com uma breve saída da emissora entre 1992 e 1993, quando se aventurou na novata Rede OM.

O locutor, que narra neste domingo (17) seu segundo jogo na Copa de 2018 (ele esteve na estreia entre Rússia e Arábia Saudita), transmitiu pela Globo todos os jogos do Brasil nas Copas de 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014, sempre amado ou odiado pelo público.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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