PEGOU MUITO MAL
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Ryan Guzman e Chrysti Ane Lopes em foto no Instagram: casal atacado por frases racistas
Publicado em 1/6/2020 - 14h47
Atualizado em 1/6/2020 - 19h15
A atriz brasileira Chrysti Ane Lopes, conhecida por sua participação em Malhação - Casa Cheia (2013) e por fazer Power Rangers, está envolvida em uma grande polêmica nos Estados Unidos, onde vive. Internautas descobriram tuítes antigos em que ela usava uma palavra racista várias vezes. Seu noivo, o ator Ryan Guzman, da série 9-1-1, saiu em defesa dela e acabou batendo de frente com a colega de elenco negra Aisha Hinds.
Nas mensagens de Chrysti Ane, publicadas em 2011 mas que foram trazidas à tona agora, ela usava várias vezes a palavra "nigger", um termo considerado extremamente pejorativo em inglês e que costuma ser aceito apenas quando utilizados por negros. Como a questão racial é o assunto do momento nos Estados Unidos, ela passou a ser atacada na internet. Chrysti pediu desculpas e disse ser uma pessoa diferente do que era há quase uma década.
Guzman, porém, não ficou nada contente em ver a noiva em maus lençóis e partiu para justificar os atos dela durante uma live no Instagram. "Eu tenho amigos negros, brancos, asiáticos, indianos, coreanos, e nós zoamos uns aos outros o tempo todo. Chamamos uns aos outros de maneira ofensiva. E não ficamos ofendidinhos, porque conhecemos bem a outra pessoa, sabemos que não temos a intenção de nos derrubar", começou ele.
"Então, onde é que vocês querem chegar? Estão tentando provar que uma pessoa que não é racista é racista? Não, vocês não têm esse poder. Não há nenhuma energia racista emanando da nossa casa", alegou Guzman, enquanto seus seguidores o alertavam de que usar ofensas raciais, mesmo entre amigos, não era uma atitude aceitável.
Cansado, ele ainda publicou outra mensagem no Twitter. "Eu não vou mais ficar defendendo a mim ou a minha família para pessoas que julgam tão rapidamente quanto condenam. Vou voltar para o assunto que realmente importa e ajudar, como puder, a comunidade negra", escreveu ele.
Duas horas depois do desabafo de Guzman, foi a vez do seu colega em 9-1-1, Oliver Stark, entrar na história. E ele não foi nada simpático ao casal. "Sei que vocês querem saber o que eu acho do que um ator da série disse hoje no Instagram. Na minha opinião, não há desculpa para o uso da palavra com 'N'. Ela pertence somente à comunidade negra e eu não concordo de maneira alguma com ela sendo dita por qualquer outra pessoa, em nenhuma circunstância."
Depois, a negra Aisha Hinds, que interpreta Henrietta Wilson na série de ação, também se posicionou sobre a polêmica. Questionada por uma seguidora no Twitter sobre o que ela pensava de toda a confusão, a atriz foi incisiva.
"Eu me sinto diariamente em um estado perpétuo de luto. Não há nenhuma versão desse discurso indefensável que não aumente esse luto. Há muitos comportamentos aprendidos que precisam ser nomeados e neutralizados para que a gente não continue a dar vida para eles. Que a gente saiba mais e faça melhor."
9-1-1 é a série mais vista da Fox norte-americana, com uma média de 6,8 milhões de espectadores por episódio. A quarta temporada foi confirmada, mas não há previsão de início das gravações por causa da pandemia do novo coronavírus. O encontro de Guzman e Stark no estúdio, porém, promete um climão.
Depois dos ataques na web, Chrysti Ane publicou um longo pedido de desculpas sobre o que havia feito há nove anos. Ela alegou ter amadurecido, explicou que usou o termo pejorativo porque namorava um negro na época e "se sentia parte da comunidade" e afirmou que agora quer usar sua voz para fazer o bem.
"Minha família e eu fomos acusados de sermos racistas nos últimos dias, e eu acho que passou da hora de eu dizer algumas coisas. Tudo começou quando um dos seguidores do meu parceiro desenterrou alguns tuítes meus de 2011 (nove anos atrás) que usavam a palavra com 'N'. Eu não vou justificar o uso da palavra, mas vou me explicar. Na época, eu namorava um homem de origem afro-americana e comecei a mergulhar fundo na cultura. Fiz muitos amigos negros, escutei músicas que usavam essas gírias, vi comediantes negros que usavam a palavra livremente. E eu me senti acolhida pela comunidade.
Na época, nenhum dos meus amigos achava isso ofensivo, mas eu devo dizer que não entendia completamente o peso dessa palavra. Eu não entendia a história, as lutas, a opressão. Eu era uma menina de 16 anos, no colégio, tentando encontrar o meu lugar e descobrir quem eu era.
Eu agora sou uma mulher com minha família, um filho, e um parceiro. Eu não sou a mesma menina de quase dez anos atrás. Encorajo vocês a olharem para trás e verem quem vocês eram há nove anos. Pensem: 'Eu sou a mesma pessoa?'.
Dito isso, esse é meu pedido de desculpas formal por aqueles tuítes e a quem eles ofenderam. Devemos ser responsabilizados pelo que dissemos e fazemos, e eu fico feliz por terem me chamado a atenção. Agora posso mostrar que aquela menina de 16 anos não é a mulher que eu sou hoje.
Eu posso dizer que amadureci imensamente. Meu respeito pela comunidade negra é gigante. Tudo o que eles suportaram, tudo o que superaram, e o que continuam a viver todos os dias abriu meus olhos e o meu coração. Eu vou usar minha plataforma, como já tenho feito, para fazer o bem. Eu doei, tuitei links, falei o que pensava sobre o assunto. Eu me ergui pela comunidade negra e continuarei a fazê-lo.
Eu quero usar minha voz para o bem. Quero ajudar. Quero fazer o meu melhor para que a comunidade negra seja ouvida e respeitada. Vamos fazer parte de uma solução e criar mudança de verdade nesse país para que todos possam vivenciar o que os Estados Unidos deveriam significar."
Confira a mensagem de Chrysti Ane (em inglês) na íntegra:
My thoughts. pic.twitter.com/k3HflumVLv
— Chrysti Ane (@Chrysti_Ane) June 1, 2020
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