ATRIZ TRANS
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Carol Marra fez preparação para viver Britney em A Dona do Pedaço (2019), na Globo, com Glamour Garcia
Em 2019, a atriz trans Carol Marra fez preparação para viver Britney, de A Dona do Pedaço, mas acabou perdendo o papel para Glamour Garcia. Ela escutou dos diretores da Globo que tem perfil para personagens mais sofisticados. "Eu ouvi: 'Você tem cara de rica, e a personagem é pobre'", conta. "Acaba que é essa a imagem que eu vendo. Enfim, o que vou fazer? Vou andar de chita na rua? Vou andar descalça?", diverte-se.
A idade foi outro empecilho para a atriz de 39 anos, que ficou de fora da trama apesar dos testes. "Eles queriam uma menina com cara de 20 aninhos. Menina, eu tenho 70", ri ela ao Notícias da TV. "Mas fiquei muito feliz pela Glamour."
Na novela de Walcyr Carrasco, Glamour virou notícia quando sua personagem deu um selinho em Abel (Pedro Carvalho). Muitos apontaram a cena com o português como o primeiro beijo envolvendo uma atriz trans na televisão brasileira --apesar de Nany People ter feito algo similar na novela anterior, O Sétimo Guardião (2018).
"Se fala tanto de 'eu fui a primeira nisso' ou 'a primeira naquilo'. Vou relembrar vocês quem foi a primeira", diz Carol, ao reivindicar o título para si.
Em 2015, quando fez uma participação na série Espinosa, do GNT, a atriz beijou o ator Paulo Verlings. "Quem deu o primeiro beijo trans na TV? Não tem essa de primeiro. Que bom que teve mais um. Mas as pessoas esquecem", reclama.
Carol fez sua cirurgia de redesignação de gênero em 2017. Formada em Jornalismo, ela se lançou como atriz em 2014 na série Psi, da HBO. No mesmo ano, atuou em Segredos Médicos, do Multishow. Na TV aberta, fez a novela Boogie Oogie (2014) e participou de um episódio de Brasil a Bordo (2107), ambas na Globo.
Para 2020, ela aguarda o lançamento do filme Charlotty, de Zen Salles (1974-2019), que relata um caso explícito de transfobia. Será a primeira protagonista de Carol Marra no cinema.
"Eu faço a Charlotty, uma moça [trans] que trabalha em casa de família como empregada doméstica. O patrão abusa dela, mas ela sai de casa e se forma em Direito", entrega. "No dia da formatura, ela para no posto para comprar cigarro. Nisso, três rapazes mexem com ela, tem uma briga, ela leva uma garrafada e morre. Não vou falar quem matou. É uma grande surpresa."
Além disso, a atriz prepara seu retorno ao teatro com o monólogo Mulher que Virou uma ONG. Diantes dos projetos, Carol espera ter seu reconhecimento na carreira. "Acho que 2020 vai ser um ano a ser coroado por todo esse tempo que venho batalhando. Acho que vai ser muito especial", finaliza.
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