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CAROL MARRA

'Se gays podem ser galãs, por que não posso interpretar uma mulher?', diz atriz trans

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Carol Marra interpreta uma mulher que engravida e apanha do marido no espetáculo Bruta Flor - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Carol Marra interpreta uma mulher que engravida e apanha do marido no espetáculo Bruta Flor

Após algumas participações em uma novela da Globo e séries da TV paga, Carol Marra foi escalada para a nova temporada do espetáculo Bruta Flor. Viverá sua primeira protagonista: Simone, uma mulher cisgênero que engravida e apanha do marido. "Se gays podem ser galãs, por que não posso interpretar uma mulher?", questiona.

Carol fez sua cirurgia de redesignação de gênero há um ano e, desde que se lançou como atriz, em 2014, a maioria dos convites que recebe são para interpretar personagens transexuais.

"Não sei se os produtores de elenco têm medo ou preguiça. Não entendo as cabeças dessas pessoas. Tanto ator gay e atriz lésbica que fazem papéis de heterossexuais, mesmo com todo mundo sabendo que são gays e lésbicas", comenta.

"E por que no meu caso eu só tenho que fazer trans? Sou uma atriz. Posso fazer outros personagens. Vou fazer papéis de trans também, afinal eu escolhi essa profissão para viver dela, não vou ficar escolhendo papel, mas tem uma hora que você vai ficando saturada porque só te chamam para isso. Posso interpretar uma trans, uma mulher, um homem e até mesmo uma árvore."

Sua estreia na TV foi em 2014, na premiada Psi, da HBO, interpretando uma personagem transexual. O mesmo perfil se repetiu nos papéis seguintes, quando participou de Segredos Médicos (Multishow) e Espinosa (GNT).

Na TV aberta, no entanto, a situação foi diferente. Fez uma ponta na novela Boogie Oogie (2004) como uma mulher cisgênero e interpretou a sósia de Claudia Leitte em um episódio da sitcom Brasil a Bordo, ambas da Globo.

"A Cininha de Paula [diretora de Brasil a Bordo] foi quem me indicou para essa peça. O Márcio Rosário [diretor do espetáculo] queria uma mulher trans para interpretar a mulher de Bruta Flor, e a Cininha, sem eu saber, falou coisas muito positivas sobre mim e sobre o meu trabalho. Fui convidada e topei de cara. O ator tem que ser avaliado por seu talento, não por sua sexualidade", comenta.

VICTOR ZILLI/DIVULGAÇÃO

Carol Marra entre Fernando Zilli (à esq.) e André Pottes (à dir.) nos ensaios de Bruta Flor

Transformação
Carol Marra engordou cinco quilos para interpretar Simone em Bruta Flor. Ela, que já desfilou para grifes internacionais em seus tempos de passarelas, sempre teve o corpo esguio e optou pelo regime de engorda para dar mais veracidade à composição de sua personagem.

"Eu já havia engordado nove quilos após a minha cirurgia, e agora engordei mais cinco para poder ter um volume natural na minha barriga e deixar a Simone ainda mais real. Estou aproveitando para comer de tudo e estou me acabando na lasanha (risos)", brinca.

Na peça, a personagem de Carol é casada com Lucas (André Pottes), um homem agressivo e preconceituoso que, ironicamente, acaba se apaixonando pelo amigo de infância de sua mulher, Miguel (Fernando Zilli). No paradoxo de sua homofobia e de sua paixão por um homem, ele agride Simone, que espera um filho dele.

"Achei incrível ser escalada para este papel porque ele está muito distante da minha realidade. Jamais poderei engravidar, e por isso meu desafio é ainda maior. Estudei muito o comportamento das grávidas para poder entrar nesta personagem", explica.

Bruta Flor estreia na quarta-feira (23), às 21h, no Teatro da União Cultural, no bairro do Paraíso, em São Paulo.


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